sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Nirvana - Nevermind

 O álbum Nevermind, lançado pelo Nirvana em 1991, foi escolhido por Trooper para análise.

01-Smells Like Teen Spirit; 02-In Bloom; 03-Come As you Are; 04-Breed; 05-Lithium; 06-Polly; 07-Territorial Pissings; 08-Drain You; 09-Lounge Act; 10-Stay Away; 11-On A Plain; 12-Something In The Way; 13-Endless, Nameless.




The Trooper
3
Adivinha quem está de volta tentando salvar o blog da morte? Sim, ele, o imortal, aquele que se sua forma física for destruída, continuará por aqui vigiando os atos de todos que entraram ao menos uma vez no blog. Sabendo dessa maldição (ou benção), resta a você se conformar e continuar lendo minhas besteiras (ou ir embora, mas minhas palavras não sairão mais de sua mente ... muahahahaha... ahem... parei).
 
Alguns diriam na verdade que esta é a pá de cal sobre a cova de um já combalido blog, mas eu não me importo. Outros diriam também que agora eu rompi a última barreira do bom senso. Será? Chameleon, Queen, Titãs e até Guns? Deixo tudo isso em aberto.
 
Para falar a verdade, pensei em postar Reload, para continuar minha vingança e o cumprimento da profecia sobre os Metallicólatras. Mas comecei a ouvir e finalmente percebi que ele consegue ser pior do que o Load. Deixei a minha vingança para mais tarde (ou não, pois acredito que muito acham Nirvana pior do que Load. Claramente não é o meu caso).
 
Nirvana foi o meu primeiro contato com música 'pesada'. Nunca tinha ouvido algo tão distorcido ou um cara berrar tanto enquanto a bateria socava meus ouvidos, o impacto foi grande. Na época eu ouvia "Era um Garoto Como Eu" e talvez ainda tinha uma música do Jimmy Cliff e "Nuvem de Lágrimas" na minha única fita cassete. Deu uma virada na minha mente, a próxima virada viria com o Black Album, e talvez a última virada com o Imaginations From The Other Side.
 
Bem, é por isso que Nevermind está no blog? Porque afinal, é um blog de rock ou de heavy metal? Se for de heavy metal, uma grande parte dos metaleiros abomina Nirvana. Por qual motivo? Dizem que o grunge matou o metal. Seria rancor? Alguns criticam as letras. Outros, o vocalista. E ainda outros, a estrutura simples das músicas (isso eu sei que se o Magician se dignar a ouvir, vai reclamar). Ou talvez, tudo isso junto.
 
A verdade é que Nevermind está aqui por eu gostar (e olha, demorou muito tempo para eu conseguir ouvir o álbum inteiro, por um bom tempo eu só conhecia as músicas que foram para a rádio), mas não só isso. Quer você ame, odeie ou cague para o Nirvana, o impacto de Nevermind no mundo musical foi enorme. Impacto positivo ou negativo? Deixo isso para quem se importa, eu só curto o som mesmo.
 
Sobre instrumentos, letras, etc... O que posso dizer é que o álbum começa em um nível muito alto (no limite indefinido de pop, grunge, alternativo e por que não? Punk) e vai perdendo o impacto conforme se aproxima do final, até o momento da queda brusca na 'faixa secreta', "Endless Nameless", que é bem caquinha. Mas no geral é um álbum bem sólido, que se mantém bom por quase todo o percurso, raro de se encontrar fora do metal.
 
Não tenho muito o que acrescentar, então paro por aqui. Um 2022 menos cocozento para todos nós. Até ... ou não.
 
Nota: \m/\m/\m/\m/
 
"He's the one who likes
All our pretty songs and he
Likes to sing along and he
Likes to shoot his gun but he
Don't know what it means
Don't know what it means
Don't know what it means
Don't know what it means
And I say aahh".

The Magician

O indivíduo que recorre a um blog chamado ‘Metalcólatras’ atrás de uma dica de álbum da cena pode se arrepender amargamente, pois aqui estamos novamente abordando trabalhos que segundo seus próprios compositores, não são de maneira alguma pertencentes a esse universo.

Contudo há um porquê. Há um porque de se abordar Nirvana, GnR, Queen, Faith No More, Titãs, ou outras bandas que não necessariamente fazem parte de forma declarada da cena do Heavy Metal, uma vez que esse gênero se molda não somente por referências oriundas de artistas do próprio meio em si, mas também de ideias plantadas em segmentos distintos. Portanto, nós, os membros do blog, volta e meia voltamos a visitar os trabalhos que entendemos que de um modo ou de outro, influenciou ou foi influenciado – e se tornaram expressivos - direta ou indiretamente pela música classificada como “pesada” (ou Heavy).

Eu particularmente acredito que o Nirvana esbarra na história do Heavy Metal e da música pesada como um todo, pegando carona nos estudos de Sam Dunn (produtor de ‘Global Metal’ e ‘Metal Evolution’) que dedica um espaço para o Grunge na grande genealogia do Heavy Metal, e no próprio comentário de Kurt Cobain que Nevermind deveria soar como um trabalho punk-pop miscigenado com Black Sabbath. O produtor Andy Wallace de Seasons In The Abyss contribuiu também para que Nevermind absorvesse um estilo de peso mais sintetizado, afastando (um pouco) o trabalho do punk almejado pela banda, e o levando para algo mais perto de “Motley Crue” (conforme as palavras ditas, também, pelo próprio Kurt).

Um outro ponto importante é que tudo que importa ou que deve ser abordado sobre o Nirvana em um panorama de impacto sobre a música pesada, está em Nevermind. Foi aqui no segundo trabalho que houve o terremoto definitivo na indústria do rock.

Antes do tsunami de destruição que o segundo álbum do Nirvana causou, o Heavy Metal monopolizava o estereotipo do Rockstar: havia os ‘machões’ come-come, os drogadassos que cheiravam formiga, e também os satanistas ritualísticos, os destruidores-de-hotéis e quebradores de pernas em botecos... estavam todos lá, em torno do ídolo de ouro, sem perceber o que estava por chegar. Se esses caras eram ou não ‘Metal’, não importava, a atitude geral desse tipo de rockstar era muito semelhante, a testosterona podia descambar para o sexo ou para violência, e o resultado era o mesmo; muito dinheiro e rotulação onipresente da mídia como “Heavy Metal”.

Eis que Nevermind foi lançado pelos 3 fitas de Seatle. O Grunge já existia, mas era devidamente ignorado.

A história de como essa ‘bolha’ do Nirvana cresceu você pode procurar em qualquer um dos inúmeros documentários e textos disponíveis na internet. Em suma, o estilo suicida, auto destrutivo sem nenhuma auto estima, que expirava insanidade nas letras e na incongruência sonora, transformou o renegado musical que residia no Metal, em um neo-punk-hippie que agora morava no Grunge. E por mais paradoxal que possa parecer o som depre-revoltado-bipolar do Nirvana proporcionou shows lotados com tanta, ou mais energia do que existia nos eventos de Heavy Metal em geral.

Não é nem preciso dizer que o estilo virou moda, abriu as portas da mídia para bandas como Sound Garden, Pearl Jam, Stone Temple Pilots, Alice in Chains, Uggly Kid Joe, entre outras;  e em aproximadamente 6 anos destruiu o tal do Heavy Metal... o espaço sob o sol era habitado pelas bandas Grunge e pós Grunge. Olhando agora de uma posição bem mais distante em 2022, esse movimento inaugurado pelo Nevermind foi muito parecido com o que o punk fez com o rock técnico da contra cultura setentista... a música complexa e abstrata sendo trocada pelos moldes simples e concretos.

À despeito dos impactos desse trabalho sobre o Rock e o mainstream, vejo Nevermind como um disco espantosamente inspirado para sair desse núcleo de três jovens com técnica limitada e (em tese) sem pretensão de grandes composições. As melodias de cara colam na cabeça, os riffs – simplórios – são extremamente expressivos e diretos, os gritos desafinados harmonizam com as distorções exageradas e com a bateria frenética, enfim, não dá pra negar que a banda entrou em uma espécie de fluxo de transe para entregar o resultado revolucionário obtido nessa coleção. Há de se reforçar que as composições – basicamente todas – saíram da cabeça de Cobain, que justifica o culto a personalidade que se criou em torno desse figura. E por cravar essas canções na história do rock moderno, ainda que estivesse cagando pra isso, eu também tiro meu chapéu para esse brother.

Mas por outro lado tenho que dizer: não é o meu estilo de som, ao ouvir para analisar o trabalho com uma postura mais neutra, tem muita coisa aqui que reconheço ter valor (a ponto de ficar difícil destacar menos de – no mínimo – 6 músicas); daí pra colocar o som do Nirvana pra ouvir regularmente no meu Mplayer.... beeeem difícil viu.

Minha conclusão é que: 1-) (obviamente) não é Metal, tem muito mais a ver com uma espécie de ‘reencarnação’ do punk rock do começo dos 80; 2-) o álbum tem o peso de um axioma para a música pesada, a ponto de debutar um gênero (o Grunge) praticamente “sozinho”, e reformar o status quo do Rock daquela geração;  3-) o trabalho é extremamente consistente transmitindo uma identidade muito clara, seis dos maiores hits da banda se encontram nesse álbum; 4-) talvez, somente talvez, tenha sido um mal necessário, desmontou o monte de merda vazia e sem significado que o Heavy Metal estava produzindo à rodo na época (com grande foco na farofagem do Glitter-Hard-Glam-Metal), e acabou – olhando somente para o gênero Metal – abrindo espaço para as bandas power seguidoras do Helloween, que possuíam muito mais conteúdo e menos testosterona gratuita.... pelo menos por um tempinho.

Nota: 7 ou \m/\m/\m/\m/, por causa da importância histórica. 







terça-feira, 30 de novembro de 2021

Blind Guardian - Tales from the Twilight World

 O álbum Tales from the Twilight World, lançado pelo Blind Guardian em 1990, foi escolhido por Trooper para análise.

Faixas: 01-Traveler in Time; 02-Welcome to Dying; 03-Weird Dreams; 04-Lord of the Rings; 05-Goodbye My Friend; 06-Lost in the Twilight Hall; 07-Tommyknockers; 08-Altair 4; 09-The Last Candle




The Trooper
3
Aqui estou eu, na árdua missão de não deixar o blog morrer. Embora árdua, é sempre uma missão recompensadora. É só olhar aí o que eu escutei para cumprir a missão.

Tales from the Twilight World é mais um álbum do Blind Guardian, mas é mais um álbum que não podia ficar de fora.

Foi aqui que o Blind Guardian virou a chave e resolveu fazer um som maluco ... ainda bem! Dá pra notar ainda que é um álbum bem rústico, mas a maluquice já tava comendo solta!

Uma das coisas que mais chama a atenção é a dupla de guitarras, entre a porradaria da violenta bateria ela aparece o tempo todo transformando o álbum em algo único e excepcional.

O álbum já começa com a porrada de Traveler in Time e só vai diminuir o ritmo lá no meio, em Lord of the Rings. Hoje em dia não posso avaliar esta faixa com clareza porque eu tive uma overdose dela, mas é inegável que é uma balada viajante ,que te arrasta para o clima da letra. Aliás, o álbum inteiro faz isso com maestria. Talvez Goodbye My Friend seja a mais estranha no quesito clima, se o trecho da Wikipedia que eu copiei foi verdadeiro (tava com a bandeirinha de falta de citação):


Mas ainda sim, é uma música duca. O álbum inteiro é duca, claro. Pode ficar ligeiramente atrás dos mais pomposos e densos, mas o ponto forte dele é não ter pontos fracos, absolutamente todas as músicas são bacanas, e algumas delas são épicas.

Meu destaque vai para ... putz, vai para o álbum todo, não tem uma mais ou menos, até Altair 4 que é estranha, é muito boa. The Last Candle merece um destaque à parte porque é pra lá de épica (eu prometi um dia montar uma aventura baseada nela no meu cenário de campanha principal - mesmo q o cara da wiki esteja certo e a música seja sobre Dragonlance).

Nota: \m/\m/\m/\m/

The Magician

Mais um álbum marcante do Blind Guardian no blog, o primeiro realmente digno de nota na discografia deles, na verdade, embora eu respeite os dois primeiros trabalhos.

Tales From the Twillight World” (TFTTW), é marcante por estabelecer o primeiro milestone da banda em direção de um estilo muito próprio e característico de Power Metal Progressivo. À partir daqui a banda alemã estabelecia características marcantes – e sem volta – que a diferenciava da maioria das outras bandas de Heavy Metal, a tornando única no estilo de sua musicalidade. Em TFTTW algumas rupturas são claras com relação aos álbuns anteriores, principalmente no que diz respeito:

- à adesão de linhas de teclados mais presentes que contribuem em fraseados importantes no decorrer das faixas (exemplo em “Atair 4”);

- as pautas polirítmicas por todos os lados colocando os dois pés da banda de vez, no sub gênero metal progressivo (graças ao trabalho primoroso de Thomas Stauch, isso foi possível, o cara é monstruoso);

- as melodias vocais muito mais técnicas e trabalhadas, com grande contribuição dos backing vocals dos demais membros da banda. As camadas de linhas simultâneas de vocais com diferentes fraseados, são pela primeira vez trabalhadas aqui, exemplo no final de “Last Candle” (uma marca definitiva da assinatura do Blind Guardian, mas reparem que aqui Hansi não interpretava ainda todas as linhas, como faria depois nos trabalhos mais rebuscados do BG com a inclusão de canais apartados);

- As músicas (como bem lembrou o Trooper), ainda são rústicas em sua produção geral, mas o modo como as guitarras e vocais se harmonizam em melodias mais complexas, já eleva o patamar das composições na ‘régua’ da teoria musical;

Todas essas propriedades musicais inseridas no terceiro disco da banda, foram incorporados e apurados em trabalhos posteriores, de modo mais e mais extremo, até tudo culminar naquela bagunça que é o Night At The Opera (o sétimo álbum)...

Mas isso não importa, naquele momento específico da carreira dos alemães, em 1990, isso aqui foi praticamente uma obra de arte, que foi decisiva para a promoção da banda para uma elite do power metal europeu, que serviria de referência para grupos mais novos desse segmento. Ao escutarmos a discografia ‘vencedora’ do Blind, fica muito claro onde foi que a banda deu o salto para sair do status de “mais uma banda de metal”, para garantir seu crachá de banda importante do circuito do Heavy Metal (digamos que fechar um Wacken Open Air, garante esse status, se você está em dúvida).

Existem inúmeros destaques, pois o álbum é muito forte na primeira metade, mas no geral não deixa a peteca cair em nenhum momento. O som “Lord of The Rings” por muitos motivos é o ponto mais alto, mas por favor prestem atenção (com o volume bem alto de preferência) em “Traveler in Time”, “Welcome to Dying”, a instrumental “Weird Dreams” e “Lost in the Twillight Hall” (com a participação adivinha de quem?? De quemmmm???? O tio farofeiro Kai Hansen!!).

Nota 8,1 ou \m/\m/\m/\m/.

Para não deixar passar batido, deixo um parágrafo de reconhecimento para uma das maiores duplas de guitarristas da póstuma história do Heavy Metal, em minha opinião. A obra subestimada pela grande maioria, dos músicos Andre Olbrich e Marcus Siepen estará para sempre na memória e no coração daqueles postulantes guitarristas que por alguma vez tiveram a sorte de escutar obras primas como “Time What Is Time”, “Lost in Twillight Hall”, “Into The Storm” e é claro icônica “Bright Eyes”... Riffs eloquentes, a contundência magistral das ‘infinitas’ palhetadas groovadas, e a sincronia alienígena das bases e dos solos super melódicos e cintilantes dobrados, são apenas algumas das marcas dessa dupla, com raro talento para não somente aplicar a técnica, mas principalmente fazer isso de modo contributivo às composições como um todo. 


Phantom Lord

Aqui vai uma resenha "atrasada". 
Ouvi este álbum 7.3 zilhões de vezes através de uma fita que eu tocava no estéreo do meu bro, Trooper: Acho que ouvi este álbum quase tanto como eu comi batata frita em minha vida. 

Sonoramente falando, este álbum me causou estranheza nas primeiras audições (lá pelo final dos anos 90), mas isso não é novidade: Todos álbuns do Blind Guardian me soavam assim - Diferentões da maioria das outras bandas de metal. Não descreverei as faixas, nem seus ritmos (entre outras características), pois Trooper e Magician já fizeram isso.
Inicialmente gostei da faixa instrumental Weird Dreams, mas conforme fui ouvindo o álbum Tales From Twilight World por anos, fui gostando mais dele como um todo e cheguei a ter uma camiseta deste álbum que eu surrei (usei) por uma década - praticamente dos meus 20 aos 30 anos de idade. Neste período e até mais uns 8 ou 9 anos depois, eu não ligava muito para as letras das músicas: Para mim era tranquilo ouvir qualquer heavy metal, bem como rock, desde que o ritmo me agradasse e as letras não fossem MUITO podres.  

Porém, por mais que eu tivesse a fama de "ranzinza parado no tempo", eu mudei devido a razões certamente bem particulares. E por isso, passei a preferir músicas que tivessem um significado para mim, particularmente, coisas que entendo como boas. 
Mas como assim? Simples: Por exemplo, porque eu deveria continuar ouvindo uma música que mostra uma visão de mundo contrária à minha, ou que enaltecesse algo que acho insignificante ou mesmo desprezível? Não existe motivo algum para continuar, inclusive, ao menos até alguns anos atrás, alguns (ex) membros deste blog pareciam agir assim também - não há nada de surpreendente nisso. Claro, alguém poderia me fazer uma acusação do tipo: Ah, mas você ainda ouve aquela música "X" que enaltece coisas que você diz ter horror (aversão)!" Bom, se isso ocorrer, certamente é devido a forma ambígua de como algumas letras de música são escritas e, de toda maneira, eu posso interpretar uma música (bem como qualquer arte) do jeito que eu quiser - A interpretação humana está sujeita à diversidade. Enfim, as pessoas mudam, umas devagar, outras depressa, umas mudam pouco, outras mudam muito etc. Nos meados da minha infância, eu mudei quando passei a ouvir músicas que outros membros da família escutavam. Eu mudei quando adolescente, ao passar a ouvir quase que exclusivamente heavy metal. Eu mudei um pouco nos meus vinte e pouco anos, quando passei a gostar mais de clássicos de rock... E agora, o resultado desta minha mais recente mudança desviou maior parte de minha atenção para longe de meros gêneros musicais e suas bandas, compositores, composições etc.

Em relação ao conteúdo das letras deste álbum, durante muitos anos eu mal sabia do que a maioria falava. Imaginava que fossem temas de ficção e fantasia medieval escolhidos por gosto particular dos membros da banda (e de acordo com a resenha do Trooper, aí em cima, eu estava certo). Por causa de seu conteúdo, o TftTW não se tornou um dos álbuns que eu não escutaria novamente, mas também ficou menos significante para mim. Na verdade vários dos álbuns que resenhei neste blog eu deixei de ouvir e diminuiria a nota deles (se eu fosse reavaliar eles), porém o TftTW pouco mudou: Receberia nota 8,1 ou 8,3 até meus 39 ou 40 anos de idade... Diminuí a nota dele? Sim. 
Diminuiria mais com o passar dos anos? 
Não sei - só sei que hoje ele recebe "Nota: 7,6"

domingo, 31 de outubro de 2021

Angra - Temple of Shadows

 O álbum Temple of Shadows, lançado pelo Angra em 2004, foi escolhido por Trooper para análise.

01-Deus Le Volt!; 02-Spread Your Fire; 03-Waiting Silence; 04-Wishing Well; 05-The Temple of Hate; 06-The Shadows Hunter; 07-No Pain For The Dead; 08-Winds of Destination; 09-Sprouts of Time; 10-Morning Star; 11-Late Redemption; 12-Gate XIII




The Trooper
3
Algumas postagens atrás eu disse que dois álbuns do Angra ainda precisavam entrar no blog. O principal é este aqui.
 
Acho que foi a primeira vez que acompanhei todas as letras de Temple of Shadows, e para a audição fiz questão de colocar meus fones esmaga-crânio, o álbum merece que eu passe por desconforto só para ouví-lo melhor.
 
A primeira impressão dessa vez foi: 3 anos depois de Avantasia, Rafael pensou, 'a gente faz isso aí sem o rótulo de projeto superbanda' ... e ... ele conseguiu?
 
Não vou dar essa resposta, acho que ela cai na subjetividade porque a qualidade de ToS é inquestionável. Tudo bem, o Angra não fez isso exatamente sozinho, chamou uns monstros consagrados do heavy metal pra participar (e não só heavy metal, Miltão que o diga). Mas criou uma obra-prima na mesma toada de Avantasia, uma história com temática e narração semelhante, com o adicional da pitada padrão do Angra, introduzindo ritmos, principalmente brasileiros, que dão um 'gosto' bem diferente da outra obra-prima citada. Uma resposta, entretanto, eu posso dar: Temple of Shadows é melhor do que qualquer continuação de Avantasia.
 
'Mas aí foi na onda, pô! Não foram originais!' Vai saber desde quando a ideia tava na cabeça dos caras (não fui atrás), mas pra mim não interessa, não. Interessa o impacto que a obra causa, e em mim, posso dizer: que impacto!

Já na primeira vez que ouvi, as pedradas que as primeiras faixas arremessaram deixaram cicatrizes eternas. O Angra já havia provado em Rebirth que a cisão não enfraqueceu o grupo, e em ToS deixaram a dúvida se transcenderam sua obra anterior. Essa é outra resposta que não vou dar. Mas que esse álbum tem toda a pinta de ápice de uma vida tem. Trace um paralelo com Nightfall e a discografia do Blind Guardian ... Há muitas semelhanças.

Sobre o álbum em si, ToS começa freneticamente destruindo tudo ao seu redor. Depois da pancadaria de Spread Your Fire, vem a magnífica Waiting Silence. Eu me surpreendi nesta "re-audição", pois essa música é uma das melhores que eu já ouvi em todo o heavy metal. O contrabaixo aparece maravilhosamente aqui (aliás, o baixo neste trabalho todo é f&*¨¨%!).

Wishing Well eu citei na resenha do último álbum do Edu como sendo a faixa alegre do álbum, mesmo assim, fantástica.

O álbum continua em uma pancadaria balanceada até chegar em outro pico de transcendência: Winds of Destination. P¨$& #$% *&@¨$! Com a participação da lenda, da entidade, do monstro: Hansi! 💥
Aí não dá! Compete com Waiting Silence como uma das melhores músicas do heavy metal (outra surpresa de "re-audição"). Eu acabei de resenhar o Senjutsu, não posso deixar passar: Harris, de que adianta fazer uma música de 13 minutos se o Angra consegue varrer o chão com sua obra em 7 minutos? Aprende aí, isso sim parece prog. O Angra aliás, revira os ritmos e progressões durante todo o álbum com verdadeira maestria.

De Sprouts of Time pra frente o álbum dá uma desacelerada mas sem perder a magnificiência e encerra tranquilamente com Gate XIII, uma instrumental retalho simbólica (pelo menos no que eu achei da Wikipedia sobre o tema do álbum).

Só tenho a acrescentar que todo mundo destruiu no álbum, instrumentistas, vocalistas e convidados. Uma obra-prima.

Presta atenção na nota, Maiden e críticos profissionais (alô, Allmusic cocozenta): \m/\m/\m/\m/\m/

Profissional o meu ovo!

P.S.: Põe na conta dos álbuns temáticos mais uma bomba que explode mente. Será que álbum temático sempre tem o potencial de ser melhor do que qualquer outro não-temático? (Bem, temos Pyramaze aí pra discordar).





Phantom Lord
Ora, ora, ora, o "progmetal" mais criativo e técnico que conheci chegou ao blog. 

Mas agora quando pego para ouvir um révi metal, eu dedico um tempo para checar o conteúdo/ as letras... Pois é, fiquei chatão para alguns, não que eu me importe com isso.

Pois bem, no início do Temple of Shadows as letras parecem o blá blá blá surrado sobre o bem e o mau, sobre Deus e o capiroto, sobre anju e demonhu... Nas 3 primeiras faixas não parece haver muita clareza, o que faz com que o assunto se torne obscuro. É só uma crítica à fé? Uma manjada crítica à igreja cristã? Seria um álbum para posar de intelectualóide rebelde? Não desta vez... Ao menos lá na faixa "x" (4 ou 5, não lembro) fica claro que eles estão contando a história de um guerreiro cristão medieval, ou seja, de um cruzado (fictícia, mas baseada em alguns fatos reais). Isto faz das letras, uma maravilha? Uma porcaria? Nem um, nem outro, algumas são melhores, outras piores. Acho válido criticar as guerras esdrúxulas como as cruzadas, mas a questão do "além" é trazida em algumas músicas, e eu não concordo com tudo que os caras do Angra colocam nas letras. Porém não consigo nem tenho cabeça para aprofundar neste assunto usando como base o Temple of Shadows. 

Winds of Destination foi minha música favorita por anos e ainda acho boa esta obra "Blind Guardada", mas é um tanto longuinha, não? Sim, os caras são musicalmente competentes e há uns trechos muito criativos e bem executados, mas ao ouvir hoje, em 2021, dou mais um pouco de valor à crítica que André Mattos fez a seus velhos companheiros: As vezes as músicas desses caras parecem vídeo aulas. Enfim, eu gostava mais de músicas pauleiras (talvez fosse uma auto-afirmação metaleira minha), mas hoje eu destaco as "baladosas" Wishing Well, Sprouts of Time e Morning Star. 

Deus Le Volt!/ -Spread Your Fire; 7,0 

Angels n Demons 7,7 

Waiting Silence; 7,5 

Wishing Well; 8,3 

The Temple of Hate; 7,2 

The Shadow Hunter; 7,5 

No Pain For The Dead; 7,7 

Winds of Destination; 8,0 

Sprouts of Time; 8,3 

Morning Star; 8,0 

Late Redemption; 7,5 

Gate XIII 7,7 

Apesar de minhas críticas, Temple of Shadows era muito apreciado por mim: Acho que eu daria nota pouco maior que 8 para ele há anos atrás. Hoje, com uma nota pouco menor, ele ainda entraria num top 40 ou 50 meu... Mas eu não sei se eu faria um top 50 novamente. Nota: 7,7

The Magician

O Angra é Power Metal, com suas principais inspirações claramente sendo rastreadas até o Power/Speed alemão dos anos 80; mais especificamente, e sem dar muitas voltas, vinculadas ao Helloween (como muitas outras bandas que ascenderam “à fama” [pffff] na virada dos anos 90’s para os anos 00’s). Embora, para os verdadeiros conhecedores, isso seja um fato indiscutível, esse tipo de conclusão racional, baseado em um tracejamento da linha reta entre os pontos “A” e “B”, incomoda bastante os artistas, por colocar uma estampa restritiva em seus trabalhos. E por esse motivo o Angra, como muitos outros, tentam – conscientemente ou não - ocultar esse fato, seja por meio de opções líricas e semânticas, seja por enriquecimento da sonoridade através de importação de outros gêneros às composições, ou com a incorporação de aspectos culturais em suas músicas.

Só que não aqui. Em Temple of Shadows o Angra escancarou suas referências primordiais, de forma mais clara do que até mesmo em seu debut “Angel’s Cry”.

Em minha opinião as características onipresentes da bateria de pedais incessantes e ritmo acelerado, somado às guitarras base e contrabaixo de constante pontuação em semimínimas, carregam esse álbum ao posto de ‘o trabalho mais power metal do Angra’ até aquele momento da carreira. Outros fatores importantes corroboram com essa impressão...

O espetacular álbum anterior, ‘Rebirth’, que apesar de ser sim power metal, exprimia toda a liberdade criativa cheia de exageros dos dois guitarristas virtuoses (libertos do maestro/professor que colocava limites aos seus ímpetos exibicionistas), e por causa disso, aquele álbum do Angra foi redirecionado para um catálogo mais específico de metal progressivo e técnico, com músicas lavradas em fraseados muito mais elaborados, escutados somente em, por exemplo, trabalhos de guitarristas expoentes como J. Petrucci. Ao escutar Rebirth, fica muito clara a existência de faixas ‘protagonistas’ independentes uma das outras, sem o sentido de conclusão no conjunto das composições; ou seja, a obra prima ‘Acid Rain’ não conversa de maneira alguma com ‘Heroes of Sand’, ou muito menos com ‘Millenium Sun’. E em Temple of Shadows o trabalho da banda foi construído na lógica inversa.

Nesta obra, as pautas se completam percorrendo a história do cavaleiro “caçador das sombras”, logo, uma serve de prólogo para outra até a conclusão do disco, e a sonoridade toda suporta essa ideia de álbum conceitual. A mixagem do som equilibra guitarra, baixo e bateria, de forma quase uníssona, e esse corpo sonoro (mais a ajuda providencial dos teclados) é coadjuvante dos vocais na maior parte do tempo. A história e o orador são na verdade o cerne do álbum, como ensinou Helloween nos primórdios do power metal alemão, enquanto as partes instrumentais somente se projetam em momentos bem específicos das composições.

Com essa essência, Temple of Shadows se apresenta como um ótimo trabalho de nicho, com bastante técnica e qualidade, mas em claro detrimento às grandes e memoráveis canções (talvez por isso o Trooper abriu mão de escolher uma música ou mais como destaque). Todos os membros da banda estavam engajados e em sintonia absoluta com o resultado final, e entregaram com primazia suas partes, também sem nenhum destaque acima dos demais, que pode afinal somente ser atribuído ao Edu, devido à proposta já mencionada do trabalho (idealizado por Rafael). Ainda assim quero enfatizar a coerência na construção de algumas composições que acredito ser dignas de atenção: “Wishing Well” (DNA do Edu), “No Pain for the Dead” (cadência necessária no álbum) e “Winds of Destination” (Power Metal ROOTS).

Nota 7,8 ou \m/\m/\m/\m/



segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Iron Maiden - Senjutsu

  O álbum Senjutsu, lançado por Iron Maiden em 2021, foi escolhido por Pirika para análise.


Faixas: 01-Senjutsu; 02-Stratego; 03-The Writing on the Wall; 04-Lost in a Lost World; 05-Days of Future Past; 06-The Time Machine; 07-Darkest Hour; 08-Death of the Celts; 09-The Parchment; 10-Hell on Earth

The Trooper
3
Pirika nos trouxe o último álbum do Iron Maiden, fanfarrão que é, postou e saiu correndo. Resta a mim fazer uma análise superficial (minha especialidade) fruto de uma única audição.
 
Vamos lá. Trata-se de um álbum duplo, cada um com cerca de 40 minutos de duração. Perigoso, se for chato, vai ser chato ao extremo.
 
E os caras começam com o pé esquerdo, a faixa homônima é uma péssima música de abertura. Ela começa e parece uma intro que pode virar música de verdade. Não vira. São 9 minutos de intro! Tortura!

Vem Stratego, pelo menos é música, mas não chama a atenção. O que chamou minha atenção foi o tecladinho mequetrefe do Harris tentando ser imperceptível e não conseguindo. Prepare-se, o tecladinho faz exatamente isso em boa parte do álbum, não trazendo nada interessante, somente uma leve irritação (pra que serve esse sonzinho cocozento?!)

Quando vem The Writing On The Wall, acende uma ponta de esperança neste coração decrépito. Eu já tinha visto o videoclipe e achado razoável. Ouvindo somente a música, achei bem legal. Os riffs um pouco diferentes do padrão Iron Maiden. O encaixe das letras sem entrar na mesma cadência que o Bruce está usando em outros trechos do álbum, enfim, bacana.

Lost In a Lost World ... not cool. Dessa vez a intro virou alguma música, mas nada demais, pelo contrário, meio chata. As distintas fases de ritmos, todas entediantes.

Days of Future Past e Time Machine repetem o padrão de alternância entre faixas curtas e longas deste cd 1. DoFP é a faixa mais curta, e é legalzinha. Time Machine parece que vai ser outra faixa longa horrível, mas ela muda bastante e tem várias coisas diferentes escondidas no meio da confusão. Enfim, legalzinha, é pra ouvir mais de uma vez pra decidir se é legal ou não.

O cd 1 termina em média alternando entre músicas interessantes e outras chatíssimas.

Destaque para The Writing On The Wall, riffs bem diferentes sem teclados nojentos. Days of Future até consegue entrar como destaque mesmo com os já citados teclados nojentos (eles aparecem bem pouco aqui). Não vou avaliar as letras até aqui, para mim, irrelevantes.
 
Começa o cd 2 e eu vejo a duração de cada faixa, começa a bater um desânimo, a menor faixa, a de abertura, Darkest Hour tem 07:22.

Ouço a música e o desânimo permanece. Música para dormir. Depois de comer três pratos de nhoque no almoço, começo a perceber que esta tarefa deveria ser cumprida outra hora, mas não desisto (nem durmo, vontade de ferro!)

Death of the Celts, como diria minha mãe, não fede nem cheira. Ela começa sonífera mas dá uma acelerada lá pela metade, não consegui uma opinião sobre ela.

Em The Parchment, a chatice estava em nível épico até cerca de 9 minutos da música. Eu até pensei, 'não dá nem pra dizer que isso é prog, termina logo!' Aí dá uma mudada de ritmo na música e até que melhora (ia ser difícil piorar), mas o estrago já foi feito repetindo infinitamente um riff em boa parte dos 9 minutos iniciais. São quase 13 minutos, cara, pra quê fazer isso? Se ainda conseguissem ir puxando o interesse do ouvinte enquanto constroem a música, mas não, botam ele em coma e tentam acordá-lo (sem sucesso) no final.

Hell on Earth começa com 2 minutos de intro completamente desnecessária, não agrega nada. Há uma ligeira reciclagem de riffs na sequência (talvez de The Man Who Would Be King do Final Frontier? Não, acho que o trecho cantado lembra When the Wild Wind Blows, do mesmo cd), e daí eu lembrei que o Pirika apresentou essa música antes, porque chega em um trecho que parece Festa no Apê (ou, a música original que o Latino copiou. Copião que copia copião, tem cem anos de perdão).

Resumo do cd 2: completamente desnecessário, era melhor ter parado no primeiro.

Eu vou dar 3 mãozinhas em respeito às (poucas) músicas boas do cd:

Nota: \m/\m/\m/

A nota mais baixa de todas que aparecem de críticos profissionais na Wikipedia:
 
Críticas profissionais
Pontuações agregadas
FonteAvaliação
Metacritic86/100[3]
Avaliações da crítica
FonteAvaliação
AllMusic4 de 5 estrelas.[4]
Blabbermouth9/10[5]
Classic Rock4.5 de 5 estrelas.[6]
The Guardian5 de 5 estrelas.[7]
The Independent4 de 5 estrelas.[8]
Kerrang!4/5[9]
Rolling Stone4 de 5 estrelas.[10]
 

Ainda bem que não sou profissional.




terça-feira, 10 de agosto de 2021

Chickenfoot - Chickenfoot

 O álbum Chickenfoot, lançado pela banda Chickenfoot em 2009, foi escolhido por Phantom Lord para análise.





Phantom Lord
Que vergonha, que vergonha... Eu saio do blog e ele simplesmente para. 

 

Na verdade eu não ligo. Mas tive um leve insight ao ouvir uma lista de música minha onde coloquei uma música do Chickenfoot. Eu pensei: Poxa vida, aquele blog ridículo tem Carina Alfie (não o E.Teimoso), mas não tem Satriani. 

 Cá estou aqui para mais uma correção na história do decadente blog Metalcólatra. 

Chickenfoot é um álbum que eu descobri dando uma de curioso na internet por volta de 2010. Vi que era uma suposta super-banda composta por Hagar, Satriani, Michael Anthony e Chad Smith... Daí especulei: Algo que presta deve ter saído deste álbum. E eu estava certo em minha subjetividade. Algo que presta para mim foi produzido neste álbum. 

 

Não se trata do "metal pesado" e nem deveria. Os membros da banda são músicos famosos de variadas "bandas" de rock e aparentemente isso colaborou com a boa variedade de melodias no álbum. Diferente de álbuns feitos por bandas de rock com muitos anos de estrada, onde muitas músicas acabam soando todas parecidas entre si, o álbum Chickenfoot é um exemplo de criatividade dentro do (hard) rock em pleno ano de 2009, quando poderíamos pensar que nada de novo sairia dentro do gênero musical. Obviamente a guitarra não fez "tudo sozinha" neste álbum, pois não se trata de um álbum instrumental do Joe. Posso estar errado, mas as "letras" das músicas (já faz muito tempo que as li) parecem alternar entre temas de relacionamento (Sexy little thing, My kinda girl, Oh yeah, Down the drain e Learning to fall) e movimentos muito comunistas para o atual braziu bozonerista (Avenida revolucion, Turning left e Future in the past). É isso. Um bom álbum de hard rock, feito por músicos possivelmente muito influentes no meio. 

1. "Avenida Revolucion" 7,2 

2. "Soap on a Rope" 7 

3. "Sexy Little Thing" 6,6 

4. "Oh Yeah" 7,4 

5. "Runnin' Out" 7,4 

6. "Get It Up" 7,6 

7. "Down the Drain" 6,5 

8. "My Kinda Girl" 7 

9. "Learning to Fall" 7 

10. "Turnin' Left" 7 

11. "Future in the Past" 7


The Magician

Conheci a banda em 2012 por meio de um mp3 passado pelo meu antigo chefe (uma das poucas coisas realmente úteis que a vida coorporativa me proporcionou) que me apresentou "a nova banda do Satriani", segundo suas palavras. Porém, como tudo que vem de um chefe, estava errado, o Chikenfoot é na verdade a banda dos ex-van halen S. Hagar e M. Anthony que somente depois de terem se firmado em apresentações ao vivo juntos ao batera do RHCP, Will Ferrell, é que convidaram o "Mr. Alien" Joe Satriani para participar da super banda.

O meu primeiro contato com o som dos caras, no entanto, não foi por esse debut sugerido pelo Phantom, mas sim pelo CF3, o segundo álbum dos caras (isso mesmo, segundo, o nome Chikenfoot III é porque os caras são fanfarrões mesmo, ou o segundo álbum deve ter ido pro vinagre por algum motivo x...), e tenho que antecipar que o segundo trabalho do grupo já parece bem mais maduro em termos musicais do que esse aqui. Essa constatação é óbvia pelo seguinte motivo; como comentado pelo próprio "professor" em uma entrevista sobre esse experimento, a banda vive um clima de "Jam Session". 

Para quem não é familiar ao termo, se trata de improvisações que os músicos fazem para treinar suas habilidades em seus instrumentos, mas todos juntos em torno de melodia cíclica-sem-fim e sob a mesma ideia rítmica, onde normalmente cada um dos membros da sessão se revezam em "tomar a frente" e executar solos e exibições sem sair daquela ideia rítmica-melódica principal. Em escolas de música e conservatórios, grande parte do tempo de estudo é dedicado a esse tipo de prática, de modo que os alunos empreguem a teoria do que estudaram nessas espécies de "recitais instrumentais". 

O Blues, por ser um gênero naturalmente cíclico, pragmático, e mais restrito no sentido de alcance de notas (normalmente 8 compassos que criam e recriam um ciclo rítmico "infinito") é o "antro" das jams sessions nas escolas de música, e por esse motivo, muitos artifícios desse gênero, mesclado ao Hard Rock (berço dos músicos em questão) é o que podemos escutar nesse álbum. Uma outra característica muito forte das jams que se reflete claramente em CF-I é uma ideia melódica principal orientar toda a música, e ser repetida várias vezes nos versos e refrãos, impedindo a composição evoluir para outras pontes e versos. Em outras palavras as músicas são bem simples e repetitivas sem grandes pretensões ou variações (toma-se como exemplo descarado as faixas "Avenida Revolution", "Soap On a Roap" e Down The Drain").

Essa é a conclusão do trabalho, na verdade; nota-se competência de sobra dos membros da banda, do alto de suas irretocáveis carreiras musicais, mas que aqui deixaram completamente de lado o orgulho e a técnica acadêmica, pra manter o compromisso somente com a diversão enquanto executaram uma grande 'jam session' que se converteu em um álbum bem leve e acessível de hard rock com pitadas providenciais de blues por toda parte. Por causa do conjunto de composições soarem repetitivos em alguns momentos, o grande destaque vai para "Learning To Fall", por ser uma espécie de balada que atua distante da ideia principal do disco.

Trabalho muito fácil de se escutar e de se divertir com isso, pra ouvir em festa, balada, churrasco, ou sozinho, escutando em ordem prescrita ou aleatória, tanto faz. Um som "pra qualquer hora" que recomento pra qualquer amante do bom e velho Rock'n Roll.

Se fossem uns 'zés manés' esse álbum estaria fadado ao fracasso, mas como só tem monstro, saiu isso ai.

Nota 7, ou \m/\m/\m/\m/. 

Will Ferrel = Chad Smith. 





The Trooper
3
Eu tentei. Na época que o Phantom postou, ouvi mais uma, duas, x vezes. Nada me chamou a atenção. Hoje vim aqui e pensei, vamos ouvir mais uma vez e fazer a resenha nem que for só pra xingar. Dessa vez fui acompanhando as letras.
 
A primeira faixa aparece com uma música chata e uma letra confusa sobre a fronteira México/EUA(?). A segunda faixa já quebrou minha boa disposição de vez, o compositor escreveu uma letra que começa se gabando de ser rico e bem-sucedido e depois começa a pagar de metelão ... ah mano, vai se foder, meu ouvido não é penico.
 
Vem outra música sobre meteção (acho que é a 'Sexy Little Thing') que pelo menos tem umas guitarrinhas legais. Aí chega uma hora que entra a única música que tinha grudado na minha cabeça nas audições anteriores, 'Get It Up', e ela tinha grudado por causa da porra do 'Arriba! Arriba!' Vai se foder de novo. Agora meu cérebro foi feito de penico. Parece uma música de videogame torturante saída de uma mistura de Earthworm Jim com Quake III.

Isso aí é só uma jam mesmo, o guitarrista puxa um sonzinho mequetrefe e fala 'saca só esse gingado'. Eu já mandei esses caras se foderem? Já, né? To mandando de novo. Enfim, a culpa não é toda deles, eu que não devia ficar ouvindo.

Tudo bem, posso ter exagerado, mas é isso aí. Resumo: chato pra porra.

Note: \m/\m/



terça-feira, 1 de junho de 2021

Edu Falaschi - Vera Cruz

  O álbum Vera Cruz, lançado por Edu Falaschi em 2021, foi escolhido por Pirika para análise.


Faixas: 01-Burden; 02-The Ancestry; 03-Sea Of Uncertainties; 04-Skies In Your Eyes; 05-Frol de La Mar; 06-Crosses; 07-Land Ahoy; 08-Fire With Fire; 09-Mirror Of Delusion; 10-Bonfire Of The Vanities; 11-
Face Of The Storm(Feat. Max Cavalera); 12-Rainha do Luar(Feat. Elba Ramalho)

The Trooper
3
Pirika nos trouxe um trabalho fresco (no sentido de recente) do metal nacional. A primeira observação que eu tenho que fazer é que se trata de um trabalho muito bem elaborado. Nota-se o planejamento e a execução bem-feitas, a começar pela capa, um belo trabalho artístico.

'Tá, e o som?' você deve estar se perguntando. O som parece bom (eu ainda não me decidi completamente), parece Dragonforce, mas não é chatão como Sonic Firestorm, lembra também, claro, Angra, um misto de Holy Land, Rebirth e Temple of Shadows.

'Caraca, tirando o Sonic Firestorm, você só citou álbum f7$@ Trooper, esse álbum deve ser uma obra-prima!' Hold your horses, parça! Não é bem assim, pelo menos para mim. Existe um problema principal que é difícil superar (pelo menos para almas amarguradas - ei! O mínimo que eu espero de um metaleiro é um pouco de amargura!): a alegria abundante.

Logo de cara, a historinha narrada por atores de rádio de segunda linha, lembrou muito alguma animação genérica da Disney. Poderia eu então, chamar Vera Cruz de um álbum de Disney Metal? Sim! Diferente de With Temptation, que era Disney Pop mesmo!

Então quem gosta de musicais (tipo Noviça Rebelde, etc.) 😖 pode gostar bastante de Vera Cruz!

Tá, deixando a zoeira de lado ... A zoeira eu posso deixar, mas o fator alegria não. Pra fazer um comparativo, eu ouvi Temple of Shadows (p#$% de um trabalho hein, Falaschi? Cantou muito! Parabéns!) e Rebirth novamente (aliás, esses dois tem que entrar no blog cedo ou tarde, álbum bom não pode ficar fora), Rebirth praticamente não tem músicas construídas com abundância de notas alegres. Temple of Shadows tem, mas ficam restritas às faixas Spread Your Fire e Wishing Well (aqui a alegria é extremamente abundante). Ou seja, ninguém monta uma álbum inteiro com felicidade.

Pra quem viu a última 'entrevista' dele no podcast daqueles dois anarcocapitalistas chatões, ficou bem claro o que aconteceu. O Edu quis fazer um álbum 'good vibes'. Isso tem consequências. Quando eu estou escrevendo um livro ou um conto, eu procuro me ater apenas às ideias e interferir o mínimo possível no andamento da história. Vou dar um exemplo de 'interferência' na história: 'Seria legal inserir uma protagonista mulher aqui, um negro, uma garota com Down e um casal de lésbicas.' Eu não vejo nada de errado em personagens diversos aparecerem em uma história. Meu medo é as coisas aparecerem forçadas em uma história pensada originalmente de outro modo.

Isso é completamente pessoal, nem deve fazer sentido do ponto de vista de escritores profissionais (eu tenho medo até de pesquisar técnicas de redação por medo de interferir na história). Você pode ler algo meu e dizer, 'nossa, mas isso é uma m@#$@', mas para mim não importa, porque eu estou escrevendo para mim, e na minha cabeça estou captando uma realidade paralela.

O que tudo isso tem a ver com o álbum do Edu? No fundo cai naquela discussão sobre encaixar sua música em um nicho. 'Meu álbum vai ser o mais thrash possível', e daí fica uma chatice. Vera Cruz ficou uma chatice? Nem tanto, mas eu sinto que poderia ter saído muito mais pesado e épico, uma mistura de Fragile Equality e Avantasia.

Meu destaque vai para Face of the Storm, que continuou alegre com o Max berrando e tudo! Mas pelo menos tem a buzina épica. Sabe onde mais a buzina épica aparece? Em Guerra dos Mundos, quando ela tocava enquanto eu assistia no cinema, dava vontade de me esconder embaixo da poltrona pra fugir dos aliens. Ela até dá uma grudada na cabeça.

Mas o destaque de verdade mesmo vai para Rainha do Luar! 'Não acredito, Trooper! Com a Elba Ramalho?!' Justamente! Elba Ramalho carregou esse álbum nas costas. Mas além da bela interpretação da cantora, é a única música do cd que não é alegre, reverberou a amargura e tristeza em mim, obrigado! 😁 (Serião, fez uma diferença, parece ser a música que realmente conta o que deveria)

P.S.: Não acompanhei as letras, e com meu listening chinfrim não deu pra entender muita coisa, mas não me animei a procurar, 'xá pra próxima.

Nota: \m/\m/\m/

Pirika

Edu is back. Bom ver que depois daqueles últimos anos conturbados no Angra e frustração no Almah ele ainda segue firme e forte pra trazer música boa pro metal nacional. Em 2018, já junto com Aquiles e trupe, veio a boa Glory of Sacred Truth e agora finalmente temos o conceitual Vera Cruz contando a história de Jorge, o indião ticudo e a Ordem da Cruz de Nero. Um bom cd para os fãs do metal melódico nacional.

Antes de falar do álbum em si, vale falar do trabalho que foi feito em torno dele. Além da divulgação durante o processo de criação, o álbum veio recheado brindes pra quem comprasse na pré-venda e os itens são bem legais, deu até uma balançada. Outro ponto bem significativo na minha opinião foi a obra da capa, honestamente é uma das capas mais bonitas que eu já vi em um cd de metal.


Vamos ao conteúdo que é o que nos interessa. O álbum começa meio perdido na minha opinião com uma punhetagem sem tamanho nas guitarras que desagrada um pouco, porém aos poucos isso vai dando lugar a um álbum bem cadenciado, harmonioso e com músicas de ótimas qualidade. O virtuosismo das guitarras dá lugar aos dois maiores destaques desse cd: o primeiro é a voz do Edu que volta a ter força e identidade e o segundo e que mais me agradou foi a qualidade do baixista Raphael Dafras.

As músicas mantêm uma boa qualidade ao longo do cd mas é na sua segunda metade que o cd realmente brilha. Tirando Fire with Fire, que não minha opinião é a mais fraca do cd, desde Land Ahoy até Rainha do Luar o cd é maravilhoso. Um bom cd para todos nós fãs de Edu, Viper, André, Angra, Shaman, etc.


Top 3: Mirror of Delusion, Land Ahoy, Rainha do Luar. Shame Pit: Fire with Fire.

Nota: 7,1

“Don't cry, I will love you

Forever I'll See

Your blue eyes caring for me

For all eternity”


The Magician

O trabalho é bom.

Veracruz é um álbum musicalmente maduro e complexo que utiliza como base das composições um conto ficcional heroico adaptado no início da história luso-brasileira. No conjunto da obra Edu & Cia. conseguiram afinal entregar uma obra bastante plausível no sentido de se justificar a proposta padrão do Heavy-Metal de sub-gênero, de entreter as pessoas com um conteúdo mais profundo do que o “normal de mercado”, e ainda por cima garantindo a coerência musical/lírica.

Comecei já com a conclusão porque nada do que eu escrever daqui em diante muda essa conclusão, por mais que minha resenha a partir desse ponto possa parecer uma viagem de ida e volta com diferentes impressões sobre vários pontos relacionados ao mais recente trabalho de Edu. O trabalho é bom, e merece o reconhecimento do segmento como uma peça fixa do que o Metal nacional produziu de bom.

Nota 7,7 ou \m/\m/\m/\m/.

Bom, vamos começar a viagem.

Para começar, e até como propaganda do trabalho – por que não? – segue abaixo o vídeo conceito de arte de Veracruz disponível no Youtube oficial da banda, que narra a faixa introdutória do disco (atores de rádio de segunda linha, segundo o Trooper). Gostei da arte, mas o inglês com certeza é macarronada – como o inglês do próprio Edu Falaschi no decorrer das faixas – , e a narrativa exageradamente eloquente me traz a memória os saudosos CDs de RPG da Abril de meados dos anos 90 e começo de 2000, com ‘atores amadores de rádio’ (First Quest, Mystara – Karameikos...).


Como fica óbvio na visualização do vídeo e na disponibilização da trama no site oficial da banda, o protagonista não é um índio (tá viajando ae Pirika? Nas letras das faixas Frol de La Mar e Land Ahoy fica clara a travessia do Atlântico pelo herói português), mas sim um europeu portuga que escapou da morte em sua tenra idade, com sua vida ameaçada por carregar a marca do ‘escolhido’ conforme profecia.               

Se eu fosse um crítico dos dias de hoje de literatura, iria sair mencionando negativamente o fato de a contextualização da trama não trazer a diversidade como foco, já que o herói não é índio, negro, mulher, homossexual... mas sim um branco europeu de olhos azuis, e logo, uma história batida e datada, fora da época inclusiva como vivemos atualmente (e nem adianta amenizar com a freira do convento e com o xamã que adota o herói principal em terras tupiniquins, Edu). Porém, eu prefiro focar outras características da história, ao criticar sim esse roteiro do escolhido – “chosen one” - com sua marca de nascença que corrobora a profecia, isso sim é datado pra kct (um dia ainda vão cantar sobre um paladino caído destruidor que nunca resgatará a bondade, nem mesmo em seu momento derradeiro...). Como o próprio editor do site deles comenta, a história é maniqueísta, mais do que deveria talvez, e o bem e o mal é pintado em opostos bem delineados com poucas dúvidas nesse sentido (talvez, ao apenas ler as letras das músicas, a reflexão apareça na ótima Bonfire of The Vanities), ou seja, vilões e heróis construídos dentro do estereótipo clássico e surrado (prefiro as verdades dúbias de The Metal Opera ou The Black Halo). Por outro lado, existe um lado bom de criar um ópera rock ou um ópera heavy-metal, ainda que o conto pareça ser história da carochinha como é o caso aqui, isso dá uma noção de completude absurda ao escutar a musicalidade complexa e progressiva do álbum; um facilitador principalmente aos mais jovens que se interessam ou por música, ou por literatura, em outras palavras: é a aplicação de uma forma bem competente de angariar fãs para a banda e para o gênero como um todo.

Minha crítica sobre o ‘modismo’ na narração do herói que nasce predestinado para cumprir com seu destino de derrotar o mal - e veja só você....de fato o derrota (!!!) - está mais relacionado à ingenuidade desse tipo de mensagem, mas não quer dizer que eu tenha deixado passar os diversos detalhes que resgatam os fatos históricos e a simbologia cronológica mencionada em Veracruz (mas que no final das contas pode ser entendido também como uma tentativa desesperada e desnecessária do Edu em graduar seu trabalho em um tipo de prateleira ‘pseudo’ intelectual, assim como faço em minhas postagens). A marca que o tal herói Jorge da ficção tem no peito é a cruz de sangue que o próprio Jorge da Capadócia tinha em seu braço segundo os mitos da época, ele que foi também um guerreiro mártir predestinado, e que foi em determinada época padroeiro de Portugal (reino que herdou o símbolo da “Cruz de Jorge” dos ingleses durante o cerco de Lisboa, que por conseguinte roubaram o símbolo dos navegantes da República de Genova que dominavam os mares da borda atlântica ao mediterrâneo, como forma de acesso clandestino de suas naus nas rotas marítimas, e Gênova, por sua vez, herdou a cruz em sua bandeira por ser derivada da fragmentação do Império Bizantino, esse governo sim homenageou diretamente São Jorge, por ser natural de seu território e por ser considerado soldado mártir de Roma). Para fechar o arco a história Edu insere a Ordem da Cruz de Nero, símbolo que representa os braços prostrados e caídos da cruz, do imperador Nero de Roma, um notório perseguidor de cristãos e culpado pela crucificação do próprio São Pedro, criador da igreja católica. Esse background criado para o conteúdo lírico de Veracruz é interessante, mas não é exatamente novo (em Dante’s Inferno o protagonista costura a cruz de Jorge em seu peito) e não muda o fato de a linha narrativa principal ainda ser uma simplória luta manjada de bem vs. mal.

Já o termo Veracruz – verdadeira cruz - seria mais associado à coroa espanhola e aos lideres de sua armada que se autoproclamavam detentores da “cruz verdadeira” dentre tantas outras que ocupavam os mares na época das navegações, e assim batizaram diversas cidades em suas vastas colônias (já que os portugueses utilizavam como marco de colonização seu famoso “padrão-português”, nas costas descobertas – ainda hoje pode ser visitado em Porto Seguro-BA, ou em Cape Agulhas na África do Sul), a mais famosa delas no México trazia como se fosse um lembrete em seu brasão de armas as colunas de Hércules, que tal como os espanhóis teria sido o primeiro a desbravar novos mares e terras ao afastar com os próprios ombros o estreito de Gibraltar na península Ibérica. Portanto, me parece que Edu coloca o termo no título do trabalho mais como uma estampa comercial sobre a história que criou, do que de fato, como um axioma que amarraria todo o contexto lírico-musical. Adicionalmente a frase “Alis Volat Propriis” que aparece na capa do álbum também não pareceu se relacionar diretamente com a história do herói que não “voa pelas próprias asas” (frase meritocrática de merda), que aliás, muito pelo contrário, nasce como um abençoado por Deus com um início-meio-fim já direcionado pelo destino sagrado.

Para apurar mais minha análise sobre a ‘literatura’ da obra, precisaria adquirir a versão pré venda do álbum com o encarte de 20 páginas, mas por um infortúnio imprevisto, não consegui (vou comentar mais a frente).

Agora vamos refletir um pouco sobre a musicalidade do álbum (vou pegar leve, se chegou até aqui, você aí deve estar bem cansado dessa papagaiada...).

Embora o acabamento do material artístico/visual/lírico tenha sido elaborado com bastante cuidado, conforme já citado, acredito que o ponto alto do trabalho – como deve ser – está em sua sonoridade.

O line up da banda é animal, só tem fera – como diria o Faustão. Mas o mais interessante é notar que embora obviamente Edu tenha a palavra final sobre a mixagem (eu sei.. foi do brother do Helloween) e sobre a produção, dá pra ver que o vocalista não podou nenhum dos membros da banda no sentido de aplicar a técnica sobre as linhas. O resultado é uma explosão maluca na sonoridade, com guitarras piruliteiras full-time, que solam até mesmo enquanto o Edu está cantando seus versos. As linhas de guitarra possuem abordagem claramente sinfônicas e ultra melódicas, e embora os intervalos maiores sejam predominantes, os cromatismos exagerados aparecem em todas as faixas sem exceção, a ponto de eu ter a impressão real que não houve nenhum dos aproximadamente 44 semi-tons existentes na tessitura do instrumento que deixaram de ser tocados nesse trabalho. Quando a velocidade da digitação está em seu limite, Roberto e Diogo dão um jeito de emendar ligados de tappings de grande extensão para progredir com as suas frases... os dedos dos caras dever ter ficado só o osso na gravação desse álbum! Mas segue uma alfinetada para os professores: Não percebi nenhum sweep em suas execuções super técnicas, que é a verdadeira carta na manga de um piruliteiro iluminatti.

A despeito do desperdício e da gastança de notas das guitarras nesse trabalho (estamos em época de priorização da sustentabilidade, lembram???), e do cansaço que isso possa causar, a linha melódica e harmônica das composições é bastante interessante, e por causa unicamente da coerência dessa linha mestre das pautas conduzidas por Edu, que o álbum verdadeiramente se sustenta (o cara pode ficar fritando o quanto quiser na sua guitarra brilhosa, mas no final do dia lá está a cruel limitação da interação entre as 12 únicas notas perceptíveis aos nossos ouvidos). Se for para elogiar o trabalho dos guitarristas, devo citar o solo dobrado da faixa “Land Ahoy”, esse sim progride entre notas abafadas e outras alcalinas, que passam uma ideia de tensão, com início, corpo e conclusão bastante delineados e coerentes.

Sobre a cozinha e os demais integrantes, o trabalho complementar do tecladista Fabio Laguna é providencial (nesse tipo de trabalho sempre será), e a contribuição de Aquiles é rica sem ser exagerada (exagerada igual aos últimos trabalhos do Angra e Sepultura, que também possuem bateristas desse patamar); aqui ele conduz com propriedade todos os tempos necessários e propostos nas canções, mas realmente adiciona aquele “a mais” em Veracruz quando tem que trazer os elementos culturais nativos brasileiros no set de percussão.

Edu está com uma sintonia muito boa com as demais partes, em relação à execução de suas linhas vocais, nada espetacular, mas são seguras e terminam por protagonizar o trabalho (bem mais fácil quando é o ‘dono da bola’ que puxa todo o resto, como já disse várias vezes aqui no blog).

Para finalizar a resenha sobre o conteúdo sonoro. O Trooper tem razão quanto à mensagem “feliz” transmitida pela maior parte das composições, essa é uma impressão que de fato, tive também ao iniciar minha audição de Veracruz. Há de se citar que os intervalos maiores e as progressões ascendentes nas escalas contribuem em muito nessa percepção; um outro aspecto nesse sentido é a utilização de acordes maiores nas harmonias dos teclados e violões quando esses são usados, caracterizados pela terça ‘aumentada’ ou ‘aberta’ (*). Todas essas características devolvem momentos alegres na audição por repetidas vezes, mas acredito que ao escutar com certo distanciamento as melodias, o resultado não é bem esse, e arrisco dizer que em alguns momentos a tensão e o lado mais ‘dark’ aparecem conforme a narrativa lírica das músicas. Essa abordagem que brinca com o senso melódico do ouvinte é realmente muito presente nesse gênero de Heavy-Metal, particularmente nas obras de Weikath (Helloween).

E aproveitando essa deixa, eu acredito de verdade que se a ascensão do que chamamos aqui no Brasil de Metal Melódico (Speed Metal) não tivesse sido abruptamente interrompida  por pressões mercadológicas da indústria musical norte americana, todo esse segmento de musica pesada iria evoluir para exatamente o que o Edu construiu nesse trabalho. Por isso, parabéns Edu, de coração, por continuar a trilhar o caminho glorioso e esquecido do Heavy Metal (você é oficialmente um “Metal-Hero”, mas sem a marca de nascença).

Pontos adicionais sobre Veracruz:

- Ainda prefiro Fragile Equality;

- Essa participação do Max em “Face of The Storm” transformou essa música e uma pusta de uma obra prima;

- Os pontos altos na média (fora Face The Storm) do álbum ainda estão no que o Edu faz de melhor: suas baladas-modernosas-to-be, como em “Skies In Your Eyes” e “Bonfire of The Vanities”.

- A Elba acabou sendo uma participação inexpressiva em minha opinião, mas diferente da Sandy em Omni, que participou sem ter vontade de colocar a voz na gravação, acho que a Elba Ramalho foi pouco usada, relegada a basicamente cantar apenas um verso e ser back vocals no resto da música.

(*) explicando rapidamente: todos os acordes são a soma da nota ‘prima’, que representa o tom-pedal ou mais grave do acorde, somado da 5ª nota do intervalo, que possui sem exceção uma atitude ‘neutra’ sobre o tom principal, e com a oitava (mesma nota que a prima), que serve na verdade pra reforçar o acorde. Até aqui você tem um Powerchord reforçado (1ª+5ª+8ª), com a adição da quarta nota, uma “terça” tonal você passa a dar uma característica sonora  mais interessante e composta, que reproduz no nosso cérebro uma sensação ou de alegria ou de melancolia; a terça-maior (‘open’ ou aumentada), ou seja, tocada um semi-tom acima na escala, irá resultar em um acorde “feliz”, enquanto a terça natural ou a terça diminuta, ou seja, tocada meio-tom abaixo, ira reproduzir uma harmonia melancólica).  

p.s: tentei comprar a edição especial digipack da pré venda que estaria supostamente disponível na loja oficial do site da banda, mas infelizmente o site negou a tentativa de compra por cartão de crédito (4 cartões diferentes, meus e da patroa). E tenho certeza do problema não ser nos cartões, já que além de utilizar regularmente para compras on-line tinha acabado de utilizar um deles, além de utilizar com sucesso em outro site de e-commerce após essa tentativa inútil no site do Edu, somente para testar se havia algum problema mesmo. Tentei entrar em contato pelo whatsapp disponível no mesmo canal on-line da banda, mas é lógico, ninguém retornou o contato.......


Como depois dessa resenha densa estou meio cansado vou descer o nível para dizer o seguinte: parabéns pelo trabalho feito com esmero Edu, e vai tomar no seu rabo por essa bosta dessa sua loja on-line não funcionar direito e não ter suporte para solucionar. Depois fica ai falando bosta sobre chupar pau de gringo, provavelmente os sites dos caras funciona!!!

Mas parabéns mesmo assim (vou ter que comprar a versão ordinária do álbum mesmo... ).