sábado, 31 de março de 2018

Helloween - Better Than Raw

O álbum Better Than Raw, lançado em 1998 pela banda Helloween, foi escolhido para análise por The Trooper.

Faixas: 01-Deliberated Limited Preliminary Prelude Period in Z; 02-Push; 03-Falling Higher; 04-Hey Lord!; 05-Don't Spit On My Mind; 06-Revelation; 07-Time; 08-I Can; 09-A Handful of Pain; 10-Lavdate Dominum; 11-Midnight Sun; 12-A Game We Shouldn't Play



The Trooper
3
Tive que consertar uma injustiça minha ao não incluir Better Than Raw como um dos melhores álbuns do Helloween ... e aqui estamos, senhoras e senhores, eu vos apresento: Better Than Raw.

O álbum abre com a pedrada Push (atualmente, devido ao meu trabalho, eu me lembro com frequência dessa música porque tenho que dar push nos meus commits de git), então entra Falling Higher, e podemos perceber que não são apenas as guitarras e vocais destruindo, o baixo também está muito bom, o que é confirmado na faixa seguinte, Hey Lord! ... Aliás, pausa para citar as letras desse álbum, algumas delas são realmente excepcionais.

E eu ia falar das faixas na sequência, mas puta que pariu! Só vem pedrada! A distorção animalesca nas guitarras que eu cito em The Dark Ride já aparecem por aqui com abundância (em doses um pouco menos cavalares), em Revelations ela é acompanhada pelas cacetadas da bateria.

O que ocorre aqui é um verdadeiro show de habilidade com todos os instrumentos e vocais (um especial destaque para o baixo), uma verdadeira obra-prima. Para o álbum ser perfeito, talvez Lavdate Dominum tivesse que sair em outro álbum (não que ela não seja boa, mas dos pontos extremamente altos do trabalho, ela é o ponto mais baixo).

Enfim, é um dos três melhores álbuns do Helloween, mas sinceramente, minha opinião sobre qual dos três é o melhor muda cada vez que eu ouço um deles.

Nota: \m/\m/\m/\m/\m/

P.S.: As versões que contém A Game We Shouldn't Play não estão muito claras para mim, mas ela é muito boa para eu deixar de fora desta aqui.




Phantom Lord
Este é mais um dos álbuns "super escutados" por mim, então não é difícil "resenhar" sobre. 
Better Than Raw segue uma linha quase padrão do Helloween: Com uma dominância de ritmos acelerados, vocais melódicos e distorção das guitarras dando certo peso às músicas. E como aconteceu com álbuns mais antigos do Helloween, algumas músicas do Better Than Raw parecem ter servido de inspiração para variadas bandas que gravaram álbuns após este lançamento. 
Ritmos mais lentos podem ser percebidos em músicas como Don`t Spit in my Mind, música que por sinal traz um assunto importante que não posso deixar passar batido: 
"We are the people, we are the masses you are for 
We give the power and our desire must be your law" 
Se metade dos brasileiros soubesse que eles tinham direitos, não estaríamos dominados por mídias porcas sensacionalistas, sonegadoras, à serviço da corporação que paga melhor. Não estaríamos perdendo a infra estrutura nem estaríamos correndo o risco de ser "governados" por aqueles que deviam nos proteger de ameaças EXTERNAS. Para quem não manja de inglês, traduzo o trecho da música: "Nós somos o povo, somos as massas que vocês representam Nosso desejo deve ser tua lei" 
Pois bem, isto significa: O desejo do povo deve ser a lei de uma nação democrática. Povo é a maioria e a maioria da pseudo república brasileira são os pobres. Os pobres que quanto mais alienados pela educação sucateada e pelas mídias traíras, menos conhecerá seus direitos... E terá menos e menos direitos. Talvez eu devesse agradecer os caras do Helloween, por seus trechos "esquerdistas" demais para o atual gado brasileiro. A Alemanha tem muitos podres em sua história, mas ao menos quando os caras do Helloween gravaram este álbum, eles pareciam se sensibilizar com a sociedade (hoje não sei, porque mal acompanho novos lançamentos). 
Enfim, voltando ao álbum: I Can, Handful of Pain e Hey Lord também são músicas geniais... Acho que o único ponto fraco do BTR é Laudate Dominum que parece completamente perdida. Deve ser porque se trata de um cover "metalizado" de música clássica, sacra ou algo assim. 

01- Prelude; (vide Push) 
02-Push; 7,8 
03-Falling Higher; 7,6 
04-Hey Lord!; 8 
05-Don't Spit On My Mind; 8,5 
06-Revelation; 7,5 
07-Time; 8 
08-I Can; 8,9 
09-A Handful of Pain; 8,9 
10-Lavdate Dominum; 5,5 
11-Midnight Sun; 7,6 
12-A Game We Shouldn't Play 7,8 

Modificadores: 



Nota final: 8,1

 P.s.: Nem todo "power" metal tem que falar de fadinhas e dragões. Ainda bem.


The Magician
O álbum Better Than Raw (BTR) representa pra mim um marco na carreira da principal banda de Power Metal alemã. É a oficialização da despedida do estilo mais melódico que foi forjado durante a primeira década do Heloween e que já vinha sendo depreciado desde a saída de Kiske, ao tempo que assume de vez o peso das distorções e o uso dos tons mais baixos na maior parte das pautas do disco. Mas é também um evidente e importante ponto médio - e um mix - dessas duas super características musicais do grupo, o que deixa o álbum de certa forma com 'um quê' de experimental épico (mesmo se levando em consideração os muitos anos de estrada do Helloween, e todas suas muitas outras obras "experimentais e épicas").

Um ouvinte distraído escutando o trabalho "por cima" provavelmente irá cravar o disco como uma poluição sonora confusa e sem objetivo, o que em se tratando de Helloween não é nenhuma novidade (e no caso da música "Revelation", bem no meio de BTR, acho que essa seria a melhor descrição mesmo...), mas o segredo da banda está em cada pedaço dessa obra, cada som guarda sua qualidade própria e única com notória dedicação e cuidado dos compositores. As músicas do BTR são como produtos de alquimia, que unificam elementos discrepantes para entregar uma espécie de artefato mágico (pernas de aranha..., remelas de uma velha..., lágrimas de bebê..., chifres de bode..., essência de baunilha, e temos.... TÃ-RÂM: Uma poção do amor!). 

Dentro dessas fórmulas malucas do grupo de tiozões, algumas seguem a mesma lógica: "Falling Higher", "I Can" e "Midnight Sun" são músicas memoráveis que ficam nessa intra-zona do extremamente pesado e também do extremamente melódico, e por isso são o verdadeiro cartão de visitas desse álbum, uma espécie de síntese de qualidade que pode resumir o que é o BTR; "Dont Spit on My Mind" e "Push" atuam com mais peso e menos melodia, enquanto "Laudate Dominvm" entrega mais melodia e menos peso, mas ambas músicas ainda se encontram dentro desse "core" que é a linha principal de composição do BTR; Os sons que saem mais dessa linha peso britadeira+melodia exagerada são justamente os que mais se destacam: "Time", "A Handful of Pain", e "Hey Lord".

Um parágrafo para a música "Time" (os Hellraiser piram): com linhas que não são tão melancólicas como suas as letras - fato - essa é a balada da coleção de BTR, e executa com grandeza essa função; destaca-se a colocação dos arranjos sinceros de cordas nos versos, na verdade um arpejo principal trabalhado em dois tons que não é um dos mais belos ou criativos já escutados nos trabalhos do Helloween mas que de forma bem interessante passa a ideia de tensão sob um padrão repetitivo, e serve afinal como uma bela parede sonora para o canto hipnótico e imersivo de Derris, até a chegada dos explosivos refrões que são a essência da melodia. Os refrões, diferente do que se ensina nos paradigmas do Metal, não são conduzidos pelos acordes de guitarra e sim pelas linhas geniais do contra baixo de Grosskopf, cara que para mim, ultrapassou o nível dos 'maiores baixistas do Metal'. A música não possui um solo de guitarra bem delineado e somente o choro intermitente da guitarra distorcida aparece de forma descompromissada no interlúdio da música, perto do desfecho final, e não é necessário nenhum solo, pois o foco da música está na criação do padrão contínuo e sem pausa que retorna após cada refrão de onde estava antes, da mesma forma que age o próprio tempo. Aliás, o Helloween não dá ponto sem nó sobre o sentido musical figurado ou metafórico, e nas partituras de "Time" o que se destaca mesmo é a cadência e a interpretação da bateria que conduz as linhas à (obviamente) 60 bpm, funcionando literalmente como um relógio, sendo que no 5º compasso Herr Uli imprime em sua bateria uma simulação do tic-tac dos ponteiros até o 26º compasso quando o cara tira não sei de onde um pêndulo de um cuco alemão (sem eliminar o "tic-tac")....

São mesmo músicos de mão cheia....., que só o Heavy Metal pode proporcionar a você.

Ah, a melhor música de BTR na minha opinião é com certeza "Hey Lord!", uma das melhores 'ever' do acervo total da banda, mas que não vou gastar (rasgar) muitas palavras para definir, basta dizer que ela transmite de maneira obliqua um momento particular meu, que questiona as "verdade" / "mentiras" e os "certos" / "errados" criados por alguém e endossados pela sociedade.

Nota 8,5 ou \m/\m/\m/\m/.

...what is it all about?