terça-feira, 14 de maio de 2019

Angra - Ømni

O álbum Ømni lançado pela banda Angra em 2018, foi escolhido pelo Magician para análise dos Metalcólatras.


Faixas: 1-Light of Transcendence; 2-Travelers of Time; 3-Black Widow's Web; 4-Insania; 5-The Bottom of My Soul; 6-War Horns; 7-Caveman; 8-Magic Mirror; 9-Always More; 10-Ømni Silence Inside; 11-Ømni Infinite Nothing.


The Magician
Olá amiguchos metaleirinhos do meu coração. Trago para vocês mais uma vez a principal famigerada banda de Power/Speed Metal brazuca, mas dessa vez com um trabalho mais recente, e em minha opinião, bem surpreendente.

Quem diria que o Angra um dia voltaria a nos apresentar um álbum sólido novamente hein? Pois eis que surge um trabalho intitulado "ømni" (em latim, "tudo" ou "todos") no início de 2018, após uma reformulação forçada da banda (com a saída de K. Loureiro para o Megadeth), que desbanca a crítica e principalmente o metaleiro que vos escreve, com um conjunto de sons pra lá de qualificados.

Ao iniciar a audição da coleção apresentada nesse trabalho a característica progressiva das músicas obviamente foi o cartão de visitas, o que confesso, me causou preocupação, já que em "Aurora Consurgens" (2006) e em "Aqua" (2010) a banda não conseguiu apresentar nada além desse único atributo. Mas aqui em 'Omni' no decorrer das músicas, uma espécie de veia sonora comum é desenvolvida de modo a amarrar indiretamente todas as faixas e criar uma personalidade própria ao álbum - um DNA necessário para a obra -, coisa que não existia desde o lançamento de "Temple of Shadows" (2004). E isso ficou claro para mim logo após a primeira execução do "CD", gerando uma doce e nostálgica perplexidade que já não sentia há algum tempo quando escutava a primeira vez discos de bandas prog/power como o Angra, algo do tipo: ".... pera aí..., será que esse álbum é assim, bom mesmo? Deixa eu ouvir novamente...". 

Nesse tipo de trabalho, não tenha a ilusão que a primeira audição irá satisfazê-lo, existe sempre a necessidade crescente de dar loop no Mplayer para degustar cada nuança sonora que você não percebeu anteriormente; e acreditem, existe MUITA coisa nova em cada repetição executada das músicas de 'Omni'. Ainda assim, existe espaço para aquelas faixas mais marcantes, que fizeram dos primeiros álbuns da banda as obras clássicas e inesquecíveis que são (composições como Carry On, Nothing to Say, Make Believe, Lisbon ou Speed, por exemplo).

Ao analisarmos o conteúdo musical como um todo (omni) em 'Omni' (¬¬'), percebe-se sua proximidade com o estilo mais recente da banda Dream Theater (fator explicitado inclusive, pelo próprio R. Bittencourt, atual líder do grupo), com suas multi camadas desinibidas de super-distorções sofisticadas e densas de guitarra, além de muito teclado no suporte às orquestrações; adicionalmente, os grooves modernos e rachados (os quais costumo ser bem avesso, é verdade) também aparecem com frequência como base para os vocais mega melódicos de Lione, e oferecem um contraste inovador com resultados verdadeiramente gratificantes. Toda essa "musculatura" sonora ainda é potencializada pelas ótimas linhas de baixo e bateria, que em trabalhos mais modestos, seriam por certo os principais protagonistas.

Mais uma coisa fica clara no direcionamento musical da obra: o Angra volta a navegar nas águas profundas de super-speedy-melodic-metal, um oceano que a banda começou a abandonar desde o lançamento longínquo de "Rebirth" (2001); mas dessa vez estão protegidos por patches mais "gordos" nas bases de 6 cordas, que ofuscam um pouco o excesso de protagonismo que esse estilo naturalmente oferece ao vocal melódico, e ainda promove uma abordagem mais agradável e acessível nesse tipo de composição. O chefe do Angra - Mr. Rafael B. - afirma que toda a concepção de Omni nasceu da faixa Z.I.T.O de "Holy Land", portanto nada mais natural que esse disco voltasse à esbarrar no Speed Metal de forma mais íntima, uma vez que esse é o gênero da faixa original supracitada.

Ao fazer uma leitura sobre a atuação dos membros da banda nas composições do álbum, muito me surpreende como foi saudável para o Angra a saída do "prodígio" Kiko Loureiro - ainda que esse participe de forma direta numa composição desse disco, na excelente faixa "War Horns". Seja direta ou indiretamente, sua substituição parece ter oferecido uma injeção de ânimo ao conteúdo musical do Angra; talvez pela alteração do processo criativo, que devido à "forças maiores" (a força maior é David Mustaine, nesse caso), deixou de ser focado apenas nos dois guitarristas para trazer todo o time para a linha de frente como membros iguais (também, cfe. explicitado por Sr. Rafael De Paula B.). Com essa autonomia o novo guitarrista Marcelo Barbosa desenvolveu ótimos arranjos e solos, e não é demais afirmar que suas referências de trabalhos junto ao Almah (p.e. Fragile Equality) já ecoam em aqui em 'Omni'. Sobre os (as) músicos convidados - Sandy (co-vocalista de Sandy & Júnior) e Alissa White-Gluz (vocalista do Arch Enemy), estão de parabéns: fazem um trabalho providencial em "Black Widows Web", mas acho que foi o suficiente; mais do que isso arriscaria descaracterizar o foco do álbum.

Para fechar, há de se fazer uma menção especial para o trabalho do vocalista italiano tão criticado ao chegar no Angra, e tão criticado pelos "especialistas" ao gravar o seu álbum debut Secret Garden (2014); Sua performance em Omni é perfeita, não ao ponto de apresentar perspectivas verdadeiramente novas para o Angra, mas principalmente ao devolver a dignidade às linhas vocais da banda, que fora judiada por muitos anos em trabalhos anteriores. Sua ótima fluência e sua inequívoca interpretação fica evidente pela primeira vez no Angra, e lhe devolve o título de grande vocalista do gênero que estava trancafiado em algum lugar na Itália. Aproveito para somar à esta menção, a emocionante participação de Rafael Bittencourt em "The Bottom of My Soul", como lead vocal.... se o cara estivesse disposto poderia até pensar em "cortes" na folha de pagamento....

Destaques: "Black Widows Web", "The Bottom of My Soul", "War Horn", "Magic Mirror" e "Always More".

Ótimo trabalho! Grande retomada! Nada como recuperar alguns fãs das antigas, não é mesmo Mr. Bittencourt?

Nota 8,0 ou \m/\m/\m/\m/.


Phantom Lord

Aqui está uma nova categoria de metal: O ufo metal do novo Angra, trazido pelo entusiasta de extra terrestres, Magician. 

Brincadeira. Isto jamais deveria ser considerado um novo gênero de música. 

Omni do Angra é um álbum que resgata um pouco do velho Angra (do Temple of Shadows e talvez um pouquinho dos álbuns anteriores), mas também se aproxima do prog metal. Interessante notar como o vocalista (Lione) alcança um timbre próximo do Falaschi em diversos momentos das músicas. Não sei se precisava ser assim, mas é. Talvez seja um lance de "identidade" da banda, sei lá. 

Apesar de muitas músicas se aproximarem do estilo inicial do Angra, em minha opinião Omni não atingiu o mesmo nível dos primeiros trabalhos da banda, mas nem por isso é um álbum ruim. 

 01-Light of Transcendence 7,3 
02-Traveller in Time 7,5 
03-Black Widow`s Web 5,5 
04-Insania 7,8 
05-The Bottom of my Soul 7,0 
06-War Horns 6,9 
07-Caveman 6,7 
08-Magic Mirror 7,0 
09-Always More 7,2 
10-Omni - Silence Inside 7,5 
11- Omni - Infinite Nothing 7,3 

Nota: 7,1 

 É isso aí, meu. A resenha acabou mesmo. Não enche o saco.


The Trooper
3
Eita resenha difícil de sair! Isso é culpa do Magician, seu amigucho predileto!

O palhaço ficou elogiando um álbum mais ou menos e reprimindo minha avaliação com seu olhar através da bola de cristal ... mas vamos lá.

Omni é um álbum bem produzido e com muita técnica, isso é indiscutível, e não é nenhuma novidade quando isso vem do Angra. O problema ocorre quando você quer ouvir um heavy metal pesado e rápido ... nem vem me dizer que isso é impossível quando o assunto é Angra, no mínimo um dos dois fatores estão presentes, não necessariamente no álbum todo, que o diga Temple of Shadows, aliás, eu deveria usar bastante esse álbum para comparação.

O pior é que existe rapidez e peso em Omni, bem espalhados, é verdade, e quase nunca juntos, mas estão lá, qual o problema então? Depois de todo esse tempo da nova formação eu estou chegando à conclusão de que o problema está nos vocais ... Quê?! Lione é ruim?!

Obviamente, a resposta é não. O problema para mim é encaixar os vocais com o estilo da banda, coisa que o Falaschi fez com facilidade ao substituir o André. Quase nada do que eu ouvi com Lione nos vocais à frente da banda parece Angra. Além das audições que fiz deste álbum, faixas aleatórias ficaram pipocando durante meu dia-a-dia desde que o Magician fez a postagem, e eu comentei com o mesmo que certa vez tocou uma faixa e eu jurava que era Masterplan até reconhecer que era Angra lá pelo meio da música (para você ver que esse Magician é uma farsa, ele não reconheceu o próprio post e me respondeu "O que é Masterplan?").

Eu não sei o que ocorre. Não sei se o timbre da voz dele obriga os caras a comporem com notas alegres, não sei se seu próprio timbre é alegre (algo bem contrastante com os vocais melancólicos do André ou os raivosos do Falaschi) ... não sei. Só sei que não parece Angra e é alegre demais para cair bem nos meus ouvidos.

Sobre o álbum em si, algumas escolhas foram feitas que com certeza não bateram com meu gosto musical. Chamar a Sandy para cantar tinha tudo para dar certo, como o dueto do Tyr que eu comentei no post dos caras aqui. Mas não, chamaram também a substituta da menina chave dos planos de Azmodeus, nossa querida Angela e sua voz infernal, a também infernal, Alissa White-Gluz. Pior, podiam tentar encaixar tudo de maneira orquestral e dar um bom uso para o contraste das vozes, mas não, preferiram cair no chavão do uso de death metal, com as alternâncias irritantes, o que estragou a música de vez, uma coisa chata, parada, um desperdício da voz da Sandy (o Magician teve a pachorra de dar destaque para esta faixa e mais duas baladas sonolentas ... pára véi...pega seus gatos e some daqui...vai se aposentar em outro plano ouvindo um bardo sonolento qualquer).

Outra escolha ruim: pegaram a Companhia Teatral Brasileira do Macaco Louco e botaram os caras pra cantar merda em Caveman. Que porra é essa meu? Vai pastar!

Pra não dizer que o álbum é ruim, Magic Mirror é boa e a faixa que o Kiko compôs (isso não é um bom sinal, a única música que o cara que saiu da banda fez, é a melhor), War Horns, é muito boa.

Enfim, o Angra mudou, senhores, o que é muito comum. Alguns podem achar que foi para melhor, evolução e tal. Not me, bitches.

P.S.: Nem comentei nada da música que é cantada pelo Rafael porque é balada. Canta um metalzão ae pra nóis conversá, truta.

Nota: \m/\m/\m/

Pirika

Eu tinha largado o Angra logo depois que saiu o Aqua, ali pra mim a banda não conseguia mais fazer um som agradável que soasse tão natural, o Aqua me pareceu tão forçado que nem ouvi o Secret Garden além de Newborn Me que é uma ótima música, mas até aí o Aqua também tinha Arising Thunder, então me mantive conservador. Até escutar a bolacha em questão...

Eu confesso que acho a voz do Lione bem versátil para o Angra, melhor até do que a do Edu (Inclusive fui covardemente ofendido por Treebeard e Pentelho por externar uma opinião inofensiva em algum churrasco no passado). Acho que ele faz muito bem as vozes mais graves do Edu ao mesmo tempo que tem muito mais qualidade para notas mais altas, mas aí é questão de opinião (que eu acho que a minha é polêmica, mas ok).

O cd começa bem com Light of Transcendence e Travelers of Time, duas das melhores músicas mais pesadas do álbum. O destaque para esse estilo de música fica para War Horns, com a participação do Kiko, um boa porrada direto na fuça. Magic Mirror também merece seu destaque. Caveman tem um começo onde eu reconheço o esforço na tentativa de fazer algo enraizado, aquela conexão BR e tudo mais porém ficou bem fraco, do meio pro final o a música melhora consideravelmente. 

Silence Inside e Insania meio que passam batido. A Insania até tem uma boa base feita pelo Andreoli que ali e acolá consegue achar um espaço para o seu baixo, coisa difícil em banda do nicho speed/power/melódico onde o baixo é fortemente nerfado. O mesmo ocorre em Always More.

O ponto que mais me chamou atenção nesse cd foi a qualidade das baladas. Tanto The Bottom of my Soul como Always More se destacam no álbum, essa última sendo uma das melhores do cd com um refrão grudento que deixou ela no repeat do spotify por vezes e mais vezes. Infinite Nothing termina o álbum com um instrumental das músicas do cd, não me recordo no momento da resenha de já ter ouvido algo semelhante, achei dahora demais. Ficaria muito melhor se fizessem com músicas antigas, quem sabe uma ideia para o próximo cd como forme de homenagem ao André? :)

Vamos ao destaque Black Widow’s Web, música com Sandy e Alissa White-Gluz. Quando a música saiu muita gente caiu em cima do Angra matando a pau pelo simples fato de a Sandy estar na música, esquecendo que na Late Redemption do ToS eles convidaram o Milton Nascimento e é uma ótima música . O mesmo vale pra essa aqui, eu achei a música muito boa desde  a primeira ouvida. De fato a Alissa tem muito mais impacto na música do que a própria Sandy, o que de nada inviabilizaria a qualidade da música visto que as 2 cantam muito bem dentro de seus respectivos estilos. (A Alissa canta muito bem sem gutural também, não saberei opinar quanto ao oposto).

Em suma: o disco me saiu melhor do que o esperado. Posso facilmente dizer que do que eu ouvi do Angra de mais recente este é o melhor desde o Temple of Shadows. Quem sabe o próximo passo é perder a preguiça e ouvir o Secret Garden? Quem viver, verá.


PS: Abaixo está a prova de que o Angra usou a Sandy de forma completamente fraca, dava pra fazer muito mais.


Top 3: Black Widow’s Web, Always More e War Horns. Shame Pit: Insania.

"And I stood upon the sand of the sea
And saw a best rise up out of the sea
Having seven heads and ten horns
And upon his horns ten crowns
And upon his head the name of Blasphemy."

Nota: 7