segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Viper - Theatre of Fate

O álbum Theatre of Fate, lançado pelo Viper em 1989, foi escolhido por The Trooper para análise.


Faixas: 01- Illusions; 02-At Least A Chance; 03-To Live Again; 04-A Cry From the Edge; 05-Living For the Night; 06-Prelude to Oblivion; 07-Theatre of Fate; 08-Moonlight.




The Trooper
3
Mais uma vez na minha função de morto-vivo, aguardando até o último dia do mês para rastejar até aqui e jogar um pouquinho mais da poção de lich na boca do moribundo blog, posto Viper.

Por que Viper? Porque o caos assim quis ...

Dá pra rotular Viper? Neste álbum pelo menos, é um pouco difícil pra mim. Parece um heavy metal cru, principalmente por causa da produção, mas também lembra speed metal, e tem um toque de prog ... enfim, é metal e foda-se.

O segundo trabalho dos brazucas é bem bacana na minha opinião, os instrumentistas no geral me agradaram, com destaque para os guitarristas, com ênfase nos solos, a parte mais legal do cd. O vocalista não é necessário apresentar, embora não estivesse no pico, não tenho críticas a fazer, André mandou muito bem aqui também.

Acho que o Angra teve uma influência razoável do Viper, teve até uma passagem de baixo do Pit Passarelli que me lembrou Angra. E o Viper também deve ter recebido uma pequena influência de Helloween.

Enfim, o álbum tem uma intro legal, emenda com um recheio de heavy metal e termina com uma balada poderosa. Este trabalho é mais do que recomendado (uma pena que a produção não transforma o potencial do que isso tinha para ser uma monstruosidade em realidade).

Destaque para o álbum inteiro (tudo bem vai, tem poucas faixas, é quase um meio-álbum).

Nota: \m/\m/\m/\m/


Phantom Lord
Mais um álbum de grande importância no heavy metal que demorou para surgir aqui no blog dos Metalcólatras. Dois álbuns do Angra lançados nos anos 90 passaram aqui pelo blog dentro de um período de 5 anos.... Mas... De onde surgiu tal banda? O que fazem? Para onde foram? 
Bom... Praticamente todo metalhead sabe que o Angra é uma banda brasileira consideravelmente famosa, que incomoda quem não gosta dos gêneros mais melódicos do metal e também incomoda troozões, por causa da maneira como foi formada. Enfim, sem Viper, não haveria Angra, não haveria nome significante do "metal melô" brasileiro e talvez não haveriam os clássicos haters troozões do metal brazuca. 

Conheci a banda Viper há uns 17 anos, quando Magician me apresentou um "disco duplo" que continha os álbuns Soldiers of Sunrise e Theatre of Fate... Talvez eu tenha escutado algo desta banda antes de ouvir o(s) cd(s) do Magician, mas não me lembro com precisão... 

Theatre of Fate apresenta uma grande evolução em relação ao debut do Viper (Soldiers of Sunrise): Um trabalho instrumental super criativo e virtuoso apesar da produção ainda simplória (a bateria parece rudimentar em vários trechos mas as guitarras destruidoras compensam) , e vocais... bom o André Mattos estava com suas cordas vocais intactas imagino... O cara mandava MUITO bem. Theatre of Fate não tem faixas ruins e possuí uma quadra de obras-primas: At Least a Chance/ To Live Again / A Cry From the Edge / Living for the Night (esta última, pode não ser a melhor, mas é a mais emblemática). 

 Illusions / At Least a Chance 8,0 
 To Live Again 8,4
 A Cry From the Edge 8,7
 Living for the Night 8,3
 Prelude to Oblivion 7,1
 Theatre of Fate 7,1
 Moonlight 6,5

 Nota Final: 7,7 

Obs.: A resenha estava pronta porque além de eu já ter escutado este disco zilhões de vezes, eu tinha cogitado postar este álbum antes do Sirens (Savatage).

The Magician
Disco clássico no blog.

Mas além de sua representatividade e importância que nos remete ao período oitentista em que o Metal no Brasil (e no mundo) ainda era uma promessa real, o que me impressiona é mesmo sua qualidade.

Sob um certo aspecto, Theatre of Fate denota certo nível de amadorismo, no sentido que era realmente uma molecada que tocava na banda (o caçula André, tinha então apenas 18 anos) e que a parte lírica tinha - a despeito da sua proposta dramática - certos prosaísmos que soam estranhos à sonoridade geral ("I'm fucking tired of this fucking life"). Contudo, o material final compilado extrapola as expectativas do que seria uma banda de Power/Speed Metal naquela época no Brasil. Na verdade, se em 1987 você dissesse a qualquer um aqui que era membro de uma banda de power metal, 99,99999% das pessoas te indicariam o caminho do Charcô.

Mas os moleques realmente chamavam a atenção do nicho Metaleiro na época, e pode-se dizer que esse segundo álbum da banda foi bastante pretensioso. Foi produzido na Inglaterra por Roy Rowland que na época trabalhava com o Testament, foi divulgado e apoiado pela Rock Brigade, e acabou nos destaques das páginas de revistas como a japonesa Burrn! e a britânica Metal Hammer. As portas se abriram, não só para a banda, mas sim para o gênero.

Só que o Viper, não aproveitou essa janela de oportunidade e acabou "regredindo" para um estilo mais simples e mais direto, que tinha mais a ver com seu primeiro disco. Para quem já viu ou escutou Pit Passarel ao vivo, essa decisão não vai parecer estranha; aliás um disco rebuscado como "Theatre of Fate" é que parece não fazer sentido para a pegada e o estilo meio punk do líder da banda, que monopolizava as composições do Viper.

Bom, sobre a parte musical do trabalho, acredito ser muito boa, principalmente em se tratando de uma banda precoce como o Viper na era ocasião. Os arranjos de guitarra e os vocais de grande extensão são os óbvios protagonistas, ainda que o compositor era o baixista PP. É legal perceber que Matos não estava no seu auge de técnica, mas que usava o Viper como uma espécie de laboratório para seus projetos posteriores, e podemos dizer que muita coisa boa saiu daqui desses "testes". Inclusive é impossível não perceber as influências de Viper em todas ramificações do Prog Metal brasileiro, nesse sentido, esse disco especificamente foi a célula tronco desse gênero nacional.

Para resumir o disco na parte técnica, digo que o principal do CD está nas 4 primeiras faixas, onde a banda - e principalmente Yves/Machado, os dois guitarras - criou 4 épicos do Power Metal nacional, com menção especial para "A Cry From The Edge" e "Living for the Night" (ao vivo essa parada arrepia). Na segunda parte a imersão no Speed Metal é muito clara, com as arrastadas faixa-título e "Prelude to Oblivion" que apresentam o verdadeiro potencial dos agudinhos de André Matos. Diga-se de passagem que embora o estilo era sim Power/Speed, a crueza do álbum o deixa mais interessante do que uma sonolenta viagem progressiva.

Disco de coleção, inesquecível e obrigatório. O que fica após inúmeras audições desse clássico é aquela velha impressão que coisas boas assim não serão mais realizadas por essas bandas.   

Nota.7,9 ou \m/\m/\m/\m/.


Hellraiser
3Taí... 
Uma grande e merecida lembrança, ao que eu acho, um dos melhores e mais importantes discos de Heavy Metal feitos em terras tupiniquins. 

Neste trabalho, mesmo ainda não atingindo seu pico de qualidade, André Mattos já mostrava seus dotes vocais, dotes esses, que o faria se firmar como um dos melhores vocalistas brasileiros de sua época. 

Um disco maravilhoso, melódico, (não meloso), e com o devido peso. 

Musicas bem trabalhadas, de alto nível. 

O que peca apenas neste trabalho, é a produção, que mesmo pra época, ainda deixa um pouco a desejar. 

O disco mostra uma total evolução se comparado ao disco de estreia da banda, o instrumental é excelente, e um dos pontos altos, e o trabalho de guitarras chega quase a beirar a perfeição. 

Até os tecladinhos ( que todos já sabem que não gosto ) não chegam a incomodar. 

A dobradinha ´´A Cry from the Edge`` e ``Living for the Night`` são excepcionais, e não perdem pra outros sons de bandas gringas. 

Outro ponto que poderia ser melhor, é a duração do trabalho, bem curto, o que proporciona ao ouvinte aquela sensação de ´´quero mais´´. ( E poderia ter ). 

É claro que o Viper tem em seu currículo, a influência direta sobre a aparição e criação de diversas outras bandas brazucas na linha do (ainda fresco) Power Metal. 

Enfim, ...um álbum de Heavy Metal brazuca, com qualidade gringa, que tem seu devido merecimento, e figura como um dos melhores a mais importantes discos de nosso acervo metálico. 

PS.: Como no Brasil, nunca, nem tudo são rosas, eu, particularmente, achei desnecessária a tal baladinha. ( coisas de André Mattos ). 

Nota 7,7