quarta-feira, 24 de março de 2021

Queen - The Miracle

 O álbum The Miracle lançado pela banda Queen em 1989 foi escolhido por Phantom Lord para análise.




Phantom Lord

Haillo, friends! Well... Cá estou eu ressurgido de cinzas psíquicas. 

 Mas antes de sumir de modo mais definitivo eu tive que trazer ao menos UM álbum desta banda. Sim, os metalcólatras simplesmente haviam ignorado a existência de uma das mais famosas bandas de rock do mundo. Mas não foi tão sem motivo: Queen sempre pareceu muito experimental para nosso blog... Não.. Espera, já rolou Faith no More, Angel Dust, Show Ya e Alice Cooper aqui no blog. É.. não temos desculpas, então vamos corrigir: Eu havia pensado em postar o News of the World, o Queen (I), ou o A Kind of Magic, mas decidi por algo mais “recente” e com “mais produção”. 

The Miracle é o penúltimo álbum de estúdio com Fredie Mercury (vivo) nos vocais e o primeiro gravado após o mesmo descobrir que contraira o vírus HIV. Além disto o vocalista da Rainha tinha acabado de voltar a compor com a banda após uma experiência peculiar com a cantora lírica espanhola, Montserrat Caballé. Bom... o resultado é uma chuva de experimentalismo difícil de comentar, mas nada tão fora do blog tendo em vista que já postaram até o Camaleão do Helloween por aqui. 

O álbum passeia pelo pop, pelo R&B num estilo Michael Jackson e até por algo mais tropical... As guitarras de Brian May surpreendem tanto quanto nos álbuns anteriores (quando aparecem, é claro). O destaque fica por I Want it All, não só pelas guitarras, mas por ser a faixa mais rock do álbum (um dos poucos rock do disco?). A última faixa tem seu brilho: Um bom rock que pode ter resumido a história de uma banda. 

1. "Party" 6 

2. "Khashoggi's Ship" 6,8 

3. "The Miracle" 6,6 

4. "I Want It All" 8,8 

5. "The Invisible Man" 6,2 

6. "Breakthru" 7 

7. "Rain Must Fall" 6 

8. "Scandal" 7,4 

9. "My Baby Does Me" 5,9 

10. "Was It All Worth It" 7,8 

 Ok, não foi uma resenha de um álbum muito bom... Ao menos não para os parâmetros “metidos à metaleiro” do blog. 

Nota: 6,9


The Trooper
3
Ok, não dá. Não dá pra elogiar Queen baseado no álbum que o safado do Phantom postou. Vou copiar e colar o trecho da Wikipedia que 'delimita' os diversos estilos da banda:
 

"Their earliest works were influenced by progressive rockhard rock and heavy metal, but the band gradually ventured into more conventional and radio-friendly works by incorporating further styles, such as arena rock and pop rock."

 
O Phantom escolheu justamente o álbum que caracteriza pop rock, e a parte 'rock' já é forçar um pouco a barra, porque pra mim é pop mesmo, se comparar com um álbum do Michael Jackson, você não vai achar muita diferença.
 
Estou dizendo que é ruim? Não necessariamente, já devo ter elogiado por aqui uma ou outra música do Michael Jackson, mas aqui a discussão não é nem a 'mas não é metal', não é nem rock! Vamos montar outro blog, o Popcólatras.
 
Acho que um dos maiores problemas do pop, aliás, é que costumam se salvar uma ou duas músicas por álbum, o restante é maçante. Isso não acontece no rock? Claro que sim, e é por isso que alguns álbuns impressionam por ter todas as músicas boas (como exemplo no rock, gosto de citar o Appetite For Destruction, já no metal, são muitos álbuns e bandas).
 
Este álbum do Queen não é exceção à regra, 'I Want It All' é uma boa faixa de rock. Aliás, se eu desse nota faixa à faixa, seria muito parecido com o que o Phantom fez, mas com um pouco menos de benevolência.
 
Mas não dá, não. Quando eu cheguei em 'Rain Must Fall' a coisa já estava muito feia e eu olhei pra lista do Phantom e pensei "eu ainda vou ter que ouvir  'My Baby Does Me' ... Nãããããoooooooo".

Vou negar a importância do Queen no rock e metal? Claro que não, a quantidade de bandas de metal que fizeram covers (e bons!) do Queen irá negar qualquer coisa nessa linha. Mas Phantom, citar péssimas escolhas (Chameleon, por exemplo), pra justificar outra péssima, é cretinice.

Espero que um dia, entre no blog um álbum do Queen com mais de 50% de faixas de rock.

Até lá, ficam minhas parcas mãozinhas: \m/\m/\m/

P.S.: seguindo a linha de que sempre citam uma coisa mais estranha que pode entrar no blog por causa da coisa estranha que postaram: isso abriu caminho pra U2 (mas eu pelo menos vou procurar o álbum mais rock dos caras!)

The Magician
De todos os trabalhos do Queen, não tem um que eu ache medíocre, inexpressivo ou esquecível, e tenho que dizer que esse é mais um bom álbum dos ingleses.

Há de se dizer, no entanto, que o álbum lançado no final dos anos 80 já trazia uma enorme bagagem acumulada de diferentes linhas de composições musicais de cada membro da banda, que trilhavam os próprios caminhos nas suas respectivas carreiras solo. Isso, para alguns, pode ser considerado motivo para distração da banda e consequente dispersão sonora que, com certeza, oscila entre diferentes estilos e gêneros. Para mim, não se trata de distração ou dispersão, se trata na verdade de experimentalismos naturais que derivam da idade aqui já avançada da banda (setentista!), que declaradamente nunca foi escravizada por um estilo fixo de Rock, e portanto não tinha como negar essa progressão natural resultante de 16 anos de uma carreira construída ao longo de 11 álbuns de estúdio (bem diferente do Metallica em Load, por exemplo, que não tinham musicalidade anterior eclética, mas que acordou de repente numa manhã, comeram merda e resolveram vomitar tudo em duas partes, Load/Reload – e eu poderia usar o Chamaleon aqui também...). 

Além disso para mim existe um fio dourado que percorre todas as composições e acaba sendo o responsável por costurar o trabalho nesse belo pano de fundo em comum que é o The Miracle: os fraseados de guitarra super adaptáveis de Brian May – na minha opinião, um dos mais subestimados guitarristas da história. 

O mago dos solos e riffs cintilantes - sintetizados também, tenho que dizer – possui o devido respeito da crítica e publico em geral, mas não o consenso dos escolásticos das 6 cordas, já que muitos o relegam a um canto escuro enquanto preferem bajular nomes bem menos dignos em termos de influência e contribuição para evolução do gênero Rock como um todo (não vou citar nomes, pois posso ofender alguns fanáticos..). Daquela que foi a segunda geração de grandes guitarristas do Rock – aqueles que revelaram suas principais obras nos anos 70 a 80, caras como EVH, Angus, May, Gilmour, Uli John Roth, Alex Lifeson... – acho o dono da guitarra do Queen não o mais técnico, mas de fato, o mais versátil de todos eles, mesmo considerando essa concorrência monstruosa que citei.

Nesse álbum em que a guitarra passa longe de ser protagonista com Brian em depressão e, assinando somente duas músicas, existem registros memoráveis por todos os lados, como: 

- O riff destruidor que basicamente inaugura e encerra o maravilhoso epitáfio de Mercury chamado “Was it All Worth It”, além dos inúmeros licks e do solo dessa música, que derrubou meu queixo e desculpem, não consigo descrever (CAr@&%$lho¨, Trooper, você prestou atenção nessa música aí rapá???); 

- os riffs matadores de rock raiz encharcados de distorção nas duas primeiras faixas; 

- o peculiar e expressivo solo dançante de “Rain Must Fall” (Brian é um dos raros guitarristas que podem transitar facilmente entre músicas de gêneros realmente exóticos, percebam que esse registro lembra muito mais o estilo latino com pausas, de Carlos Santana, do que a escola inglesa de rock pesado de Clapton e Page, de onde saíram as referências de Brian May); e 

- I Want it All é uma obra prima de guitarra, e “só” (essa sim composta unicamente por May). 

Poderia na verdade citar cada linha do Phd. em astrofísica nesse trabalho, mas acho que isso basta. 

 E falando em astrofísica, dá pra falar que o Queen é uma espécie de alinhamento cósmico mesmo, pois de forma bem rara, todos seus músicos são bastante técnicos e possuem uma harmonia única, pouco identificada em outros grupos. Digo isso, porque, mesmo com as brigas, a banda praticamente não registrou trocas em seu line-up em quase 20 anos de carreira, e para inveja de muitos, nenhum talento se sobressai ou inibe a outra parte em suas gravações, mesmo com o óbvio protagonismo da voz de Freddie e com as guitarras intrometidas de Brian, muito do que se escuta aqui e em outros trabalhos do Queen, tem a ver com a cozinha sólida e bastante presente de Deacon e Tayler.

Dito isso, resta comentar que esse poço de talentos que é o Queen, gerou diversos registros sólidos também nesse álbum, dos quais a maior parte se firma em um tipo de hard rock mais moderno (“Scandal” poderia figurar como uma trilha sonora hard rock em qualquer filme oitentista), mas que navega inevitavelmente em estilos mais populares ou acessíveis como em “My Baby Does Me” (não deixa de ser rock na minha opinião), “The Invisible Man” e “Rain Must Fall” (essas sim, músicas pop, mas apenas lembrando que é um álbum que sai em grande parte da cabeça da dupla Deacon/Mercury, ou seja, baixo + teclado + vocais ecléticos). 

E para não passar batido sobre essa oportunidade de registrar um parágrafo sobre Freddie Mercury: músicos em sua maior parte carecem de estudo profundo, se não para criar uma carreira, pelo menos para mantê-la em um bom nível. Mas alguns poucos caras parecem ter nascido com um tipo de talento bruto, inerente e independente de qualquer outro aspecto, uma espécie de ‘toque’, ‘dom’, ‘talento’, chame como você quiser... . Fato é que a voz e o estilo único de Freddie não podem ser reproduzidos por outros vocalistas de rock, ou se pode, ainda não foi, mesmo 30 anos após sua morte, por um motivo que eu posso unicamente associar ao seu ‘dom’ que se manifestava como potência e timbre vocal singulares, em suas canções. Agora imagine um prodígio desse calibre quando estuda música desde seus oito anos de idade.... deu no que deu.

Me dá impressão de que Farrokh Bulsara, menino afugentado da guerra civil de Zanzibar com sua família, foi de forma mandatória um “escolhido”, que trilhou o caminho da música e encontrou os amigos certos no momento certo, para contribuir com o grande fluxo mágico e contínuo do Rock, ao continuar a história e influenciar diversas outras pessoas no segmento e fora dele. Missão cumprida.

Queen é Rock, muitas vezes hard rock, e muitas vezes progressivo, e quando não quer ser nada disso, as pautas de guitarras de Brian May trazem a sonoridade de volta para esse berço em que nasceram. Muitos que torcem o nariz para a banda, na verdade possuem dificuldade em receptar a sonoridade alegre ou naturalmente dançante da banda. 

Compreensível, mas saibam que isso é muito mais que a opção de usarem um componente acessório no estilo musical do Queen, essas características representam uma artéria principal, que foi responsável por garantir a sobrevivência dos ingleses ao longo do tempo. 

Destaques: “I Want It All”, “Scandal” e “Was It All Worth It”.

Nota: 7,8 ou \m/\m/\m/\m/. 


Pirika

Eu confesso ser enormemente leigo em se tratar de cds do Queen, qual música está em qual e qual sua cronologia.  Conheço o A Night at the Opera, News of the World e o The Game, o resto foi tudo de best of. Dito isso, não saberei informar a que lugar da discografia esse álbum merece mas foi uma boa ouvida, disso não tenho dúvida.

A única música que eu conhecia desse cd era a óbvia e maravilhosa I Want it All e todo o resto foi uma nova experiência e ouvindo o cd dos caras se entende perfeitamente o porque eles ocupam o lugar que eles ocupam na história do rock. Sempre haverá quem diga que na época das bandas mais antigas só sobrevivia quem de fato tivesse o talento pro negócio e poucas bandas bandas no mundo podem se dizer mais talentosas do que o Queen.

O Queen tocando produz uma sensação de uníssono, é até meio estranho explicar, é como se essa banda fosse apenas uma criatura em movimento, nada é descompassado, nada é fora do lugar. Apesar de geralmente a cozinha ficar mais  apagada por motivos óbvios aqui é meio difícil acontecer isso pelo estilo do som produzido e a qualidade de Deacon e Taylor...mas do outro lado você tem Mercury e May então é sacanagem. Eu comecei a ouvir esse álbum intrigado em quão dominante seria a atuação do Freddie, o que de fato é, porém Brian May me surpreendeu em várias músicas e pra mim foi a melhor atuação desse álbum. Trabalho irretocável de um cara até hoje absurdamente underrated.

Quanto as músicas o prêmio de melhor já era de I Want it All mesmo antes da primeira ouvida, nada mais justo. Breakthru foi a mais grata surpresa, que música maravilhosa que eu nunca havia ouvido, ou ao menos prestado atenção. The Miracle, Rain Must Fall, Scandal e Was It All Worth It fecham uma audição tranquila a exceção de The Invisible Man e My Baby Does Me que é simplesmente horrorosa.

Belo cd, Phantom. A rainha nunca cansa de me dar bons momentos :)


Top 3: I Want it All, Breakthru e Rain Must Fall. Shame Pit: My Baby Does Me.

Nota, 7,4

"I wake up, Feel just fine
Your face, Fills my mind
I get religion quick 
'cause you're looking divine"