segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Luca Turilli - King of the Nordic Twilight

O álbum King of the Nordic Twilight lançado em 1999 por Luca Turilli, foi escolhido para análise por The Magician.


Phantom Lord

O melódico e pomposo metal sinfônico voltou, com a ramificação da epítome sinfônica: Lucca Turilli do Rhapsody of Fire... 
Conheci o King of Nordic Twilight por volta do ano 2000 e o escutei muitas vezes no decorrer dos anos. 
É um trabalho indiscutivelmente bem feito, porém notoriamente voltado ao público nerd-banger e similares... Eu aprecio algumas músicas dos gêneros mais melódicos/sinfônicos do metal, mas já comentei que é necessário muito cuidado ao compor este tipo de trabalho, principalmente se os músicos tiverem a intenção de atingir um público vagamente mais amplo do que os "nerds-like"... (talvez nem seja o caso de King of Nordic Twilight)
Acredito que o resultado do KoNT foi bom e mostrou-se menos sinfônico e menos cansativo do que o Dawn of Victory que passou por este blog há anos... Como há uma espécie de narrativa de histórias de fantasia neste trabalho, obviamente também existem faixas que se distanciam do metal, como a Princess Aurora e as "introduções", interlúdios etc... Mas considero-as plenamente "audíveis". 
As melhores músicas estão no começo do álbum, mas definitivamente não é impossível ouvir KoNT até o final, a menos que o gosto do ouvinte descambe para vertentes (do rock/metal) mais rústicas ou urradas. 

 To Magic Horizons / Black Dragon 7,7
 Legend of Steel 8,8
 Lord of the Winter Snow 7,3
 Princess Aurora 6,9
 The Ancient Forest of Elves 6,9
 Throne of Ice / Where Heroes Lie 7,1
 Warrior's Pride 6,0
 Kings of the Nordic Twilight 7,0
 Rannveig Sif Sigurdardottir -

 Modificadores: 



 Nota final: 7,4

The Trooper
3Atenção fãs do metal-espadinha, aqui está uma das obras-primas do gênero, com vocês o Rei do Crepúsculo Nórdico! Não se trata de uma espadinha qualquer, é uma espada vorpal-vingadora-sagrada-dançarina-flamejante, senhores! Sim, uma das melhores obras do gênero, como afirmei anteriormente na resenha de Dawn of Victory do Raphsody, King of the Nordic Twilight mistura a música clássica com o heavy metal na medida certa, sem pender para um dos lados, e talvez seja a pedra fundamental do metal sinfônico. O equilíbrio é tamanho que até mesmo o maldito tecladinho se encaixa, evocando os sons dos melhores rpgs eletrônicos (vide Lord of The Winter Snow - aliás o baterista manda muito bem nesta faixa, encaixando uma batida no início estranho), Olaf Hayer canta pra cacete, a soprano que eu não sei o nome então, nem se fala, os instrumentistas são todos muito fodas (o manjado Sascha Paeth taí no meio), e as faixas foram todas muitíssimo bem trabalhadas e produzidas. O clima de ópera também está presente neste álbum, e embora eu não conheça nada do assunto, parece que houve uma mescla com música italiana, o que resultou em estranhas e interessantes melodias.
O álbum começa com duas cacetadas que já mostram a cara do trabalho, mas meu destaque vai para The Ancient Forest of Elves, um espetáculo à parte, o violino e a flauta aqui fazem uma diferença do c@#@&$%. Por fim, se você espera algo épico desse cd, todos os ingredientes estão aí: violinos, flautas, sopranos, narradores, guitarras e bateria cacetantes e até um coro em latim!

Nota: \m/\m/\m/\m/\m/

The Magician
Uma obra grandiosa do Heavy Metal do século passado, e esse é o principal motivo da minha postagem.
Em minha opinião extrapola as barreiras do sub gênero Melódico ao apresentar um material de qualidade muito acima da média e apreciável para qualquer tipo de ouvido metaleiro que não tenha preconceitos e preparado apenas para apurar a musica definitivamente boa.
Mas isso não quer dizer que não se trata de um disco de nicho, ou que apresente uma musicalidade isenta de estigmas ou de patronos; apenas quer dizer que o som é muito qualificado mas ainda pode ser plenamente rastreado como uma derivação dos trabalhos primordiais do Raphsody
Contudo, embora o estilo sinfônico não tenha sido abandonado - aliás, continua sendo super valorizado e explorado em "King of the North Twilight" (KotNT), a ponto de muitos críticos entenderem esse disco como uma extensão da discografia da banda italiana - eu vejo que a compilação do conteúdo feita aqui por Turilli/Paeth foi muito mais coesa do que aquelas feitas anteriormente por Staropoli.   
Nesse caso as músicas são muito mais singulares do que aquelas embaladas na discografia epopeica do Raphsody of Fire, ou seja, se classificam melhor como unidades independentes sem aquela maldita confidencialidade entre as faixas, criada pelo conceito de obra contínua nos CDs de Metal Sinfônico do Raphsody (que idealizam um "libreto"). O resultado é que KotNT é muito mais "pé no chão" ainda que se mostre como uma obra lírica de fantasia medieval.
A musicalidade ainda é muito rebuscada obviamente, mas possui ótimos contornos que priorizam a coerência da composição em moldes estruturados de versos, pontes e refrões. As músicas tem construções de bases e colocações dos componentes de suporte tão convincentes que mesmo se tratando de um álbum titular de um guitarrista virtuoso, os solos de guitarra acabam não sendo os protagonistas, tampouco priorizados no conjunto da obra. O provável grande responsável por este feito é novamente o alemão Sascha Paeth produtor e colaborador nas partes instrumentais, que tem na bagagem nada menos que trabalhos como "Ritual" e "The Black Halo", e que pra mim se consagra ao lado de nomes como Rasmussen e Roy Z como um dos grandes produtores do Metal na atualidade. 
O disco é ainda um dos trabalhos que melhor explorou a potencialidade, as variações e a interatividade dos vocais (tanto masculino quanto feminino) dentro do Heavy Metal antes da confecção do definitivo "Avantasia" de Tobias Sammet. Acrescento que tanto Olaf  Hayer quanto a soprano Rannveig (em "Princess Aurora", coloca Tarja Turunem no bolso esquerdo da calça) são magníficos em suas interpretações.
Por fim, acredito que o breve e glorioso momento do Speed Metal europeu nesta época favoreceu essa produção, afinal não se pode achar muitos outros nomes de solistas que se arriscaram com sucesso nesse sub-gênero em outras ocasiões; e por causa desse "golpe de sorte" KotNT acaba filtrando muito bem as impurezas criadas pelo tecladista Staropoli nos álbuns do Raphsody ao entregar um concentrado raro e valoroso de composições de ótimo Metal Sinfônico.
Destaques para as faixas "Black Dragon", "Legend of Steel", "Princess Aurora", "The Acient Forest of Elves" e "Where Heroes Lie".

Nota 8 ou \m/\m/\m/\m/.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Iced Earth - The Dark Saga

O álbum The Dark Saga lançado em 1996 pela banda Iced Earth, foi escolhido para análise por The Trooper.

Faixas: 01-Dark Saga; 02-I Died For You; 03-Violate; 04-The Hunter; 05-The Last Laugh; 06-Depths Of Hell; 07-Vengeance Is Mine; 08-Scarred; 09-Slave To Dark; 10-A Question Of Heaven

  Phantom Lord

Eis que finalmente chega o Iced Earth ao blog. 
 De um modo geral a banda apresenta grande potencial e identidade bem definida, principalmente pelos vocais e guitarras inconfundíveis. Referente a sonoridade dos trabalhos do Iced, acredito que possa ser classificada como heavy metal raramente pendendo a algum sub-gênero. Acredito nisto pois a maioria das músicas apresentam algumas características do thrash e do power que em minha opinião são sub-gêneros bem diferentes um do outro, sendo quase opostos que se "anulam".
 O álbum conceitual The Dark Saga (que aborda a história das HQs do Spawn) é um dos trabalhos do Iced Earth marcado pelas características que citei acima... porém sua sonoridade é bem simples, seja nos momentos acelerados ou nos lentos. Além disto, faltam mais uns momentos de porradas e eu não percebi nenhum riff genial nem solo mirabolante e sim uma certa repetição do ritmo em seu decorrer... Acho que o destaque do álbum é a música The Hunter, de resto soa tudo entre o razoavelmente bom e o "passa batido"...
 Após ouvir mais uma vez o disco Something Wicked, percebi que este já debulha seu antecessor (The Dark Saga) nos quesitos agressividade e criatividade nas 5 primeiras faixas... Talvez o Night of the Stormrider ou o Burnt Offerings também possuam mais músicas agressivas e/ou empolgantes do que o The Dark Saga... mas por enquanto ainda desconfio que o Iced Earth seja só mais uma daquelas "bandas de coletânea" mesmo... A menos que os álbuns antecessores do The Dark Saga me provem o contrário.

 Dark Saga 6,5
 I Died for You 6,5
 Violate 6,7
 The Hunter 8,0
 The Last Laugh 6,2
 Depths of Hell 6,7
 Vengeance is Mine 7,6
 Scarred 7,0 
Slave to the Dark 6,8 
A Question of Heaven 6,5 

 Nota final: 6,8

The Trooper
3Como os metalcólatras fãs de Iced Earth sumiram do blog, restou a este que vos fala indicar algum álbum da banda. Por que o Dark Saga? Sei lá, foi o primeiro que eu vi na pasta de músicas que o Phantom me passou. Devido a todos esses fatores, minha resenha fica limitada, pois não posso comparar o álbum com seus antecessores (e afirmar ou refutar o que está escrito na wikipedia sobre Dark Saga ser menos complexo que os álbuns anteriores), afinal eu só conhecia o Live From Athens (que alguém deixou em casa um tempão - Mercante, talvez?).
Assim sendo, vou me concentrar no Dark Saga. Preste atenção, este trabalho precisa de atenção, talvez por ser temático, existem muitos trechos lentos, que a princípio me irritaram, mas lendo todas as letras você entra no clima, ainda mais com os vocais do Barlow. Aqui tenho que fazer outro adendo, eu não gosto muito do timbre do Barlow, acho bem bundão, mas o cara é um ótimo intérprete, e a voz dele até que encaixa muito bem com o estilo do Iced.
Sobre o instrumental, sou obrigado a elogiar bastante. Gosto muito da distorção que o Schaffer usa, acho que no geral, a banda proporciona um show impressionante nas frequências baixas, a bateria com a guitarra base pesada e o contrabaixo cacetando o tempo todo acaba sendo o ponto mais forte da banda.
Não há realmente uma faixa fraca no álbum, todas tem seu lugar dentro da obra como um todo, mas meu destaque vai para as faixas mais "cacetantes", claro, Violate, Depths of Hell, Vengeance Is Mine (essa música me lembra um cover que o Metallica fez no Garage, The Small Hours, se não me engano), e a fodástica Slave to the Dark (tudo de melhor está aqui, riffs massacrantes, letra foda e os melhores solos de guitarra do álbum).
Finalmente, eu devo me curvar ao Treebeard e concordar com ele, esse álbum é foda.

Nota: \m/\m/\m/\m/

P.S.: A capa é uma obra de arte à parte, McFarlane estava no auge da sua carreira quando começou a desenhar Spawn, lembro de ler os gibis que meu irmão caçula comprou (e levou embora depois de se casar, enfraquecendo nossa coleção) e até sentir dó do McFarlane que desenhava nos gibis do Homem-Aranha.

The Magician
Iced Earth, a banda de Schaffer, se apresenta para o júri dos Metalcólatras. 

A escolha de nosso colega Trooper foi coerente ao apresentar um dos álbuns que melhor sintetiza as características principais da banda, ao escutá-lo o caro leitor terá uma clara ideia do que se trata o som do Iced Earth. 

Uma das marcas registradas é justamente o vocal de Barlow. Para mim é muito óbvio que Tim Ripper Owens é muito melhor que (capitão) Matt Barlow tecnicamente,  chega a ser uma piada irritante querer compará-los e achar que Barlow canta mais que o ex-Judas Priest; mas o ponto é que Barlow canalizou o estilo do Iced, já que com sua voz as guitarras de Schaffer se comunicam de uma forma muito mais uniforme, dando liga às linhas de composição dos americanos. Em outras palavras a voz chorosa de Barlow fidelizou o público do Iced e "tatuou" a musicalidade do grupo. Curiosamente a voz de Stu Block, o novo vocalista, é uma espécie de ponto médio entre as características de Barlow e Owens (checar "Dystophia" de 2011).

A cozinha (baixo+bateria) é densa e expressiva dentro da massa de som, mas ainda respeita os comandos das linhas de Shaffer, o dono do pedaço. Suas frases são a espinha dorsal de "Dark Saga" (assim como nos seus outros trabalhos) e constroem compasso a compasso uma musicalidade torpe, melancólica e consistente; o cenário ideal para cantar a saga do demônio herói de McFarlane - "Spawn".

Conforme citado nas resenhas acima, (com um porém, descrito mais à frente) não se sobressaem hits marcantes, o álbum se performa de acordo com os contos escritos de forma contínua. A grande proeza do guitarrista líder da banda é justamente criar um estilo de estrutura de som (harmonias, timbres e melodia) que é marcante, único e condizente com as letras e versos. Isso, e o fato de as composições não terem nuanças progressivas, reflete no fato de que o Iced Earth é uma daquelas raras bandas situadas no núcleo não segmentado do Heavy Metal (não é trash, speed, power, black, death, groove, gothic, glam, bullshit,...) , sincronizando diversas influencias, acima de tudo, com muita sobriedade.

O disco em si se apresenta muito bem com a faixa título "Dark Saga" e mantém um nível muito bom até "Violate" quando então revela o grande som da obra: "The Hunter" é a exceção à regra, musica que entra para as grandes criações do Heavy Metal, de guitarras melódicas sobre riffs monstruosos que conduzem a porradaria até um refrão explosivo e épico, que faz dueto com o solo de Schaffer suportado por mais um coro solene. Existe inegavelmente um espectro melancólico devido ao tempero da voz de Barlow, mas isso adiciona um diferencial agradável à música que por si só já seria arrebentante. Daí até seu fechamento o álbum desenrola uma sonoridade boa e contundente conforme os conformes.

Pode ser até que você não se identifique de cara com o disco, ou não morra de amores (aliás é bem provável que isso não aconteça de cara), mas se gosta de Metal de verdade, de qualquer tipo, terá no mínimo que respeitar este trabalho.

Nota 7,3 ou \m/\m/\m/\m/.