segunda-feira, 24 de março de 2014

Kayser - Read Your Enemy

O album Read Your Enemy lançado pelo Kayser em 2014, foi escolhido por The Trooper para análise.


Faixas: 01-Bark and Bow; 02-Bring Out the Clown; 03-I'll deny You; 04-Dreams Bent Clockwise; 05-Read Your Enemy; 06-Almost Home; 07-Where I Belong; 08-He Knows Your Secrets, 09-Forever In Doubts; 10-Carve the Stone; 11-Roll the Dice; 12-The Fake Rose.


The Trooper
3Estava dando uma olhada nos lançamentos de 2014 e acabei encontrando o último álbum do Kayser, daí como de costume fui clicando nos links sugeridos do Youtube e fui caindo de banda thrash em banda thrash ... pra variar meus ouvidos limitados não conseguiam diferenciar uma banda da outra, uma música da outra, todas iguais, uma pancadaria mono-tom. Acabei voltando ao Read Your Enemy, que por se diferenciar dos outros álbuns das super-bandas-clone-thrash causou uma boa impressão em mim. O Kayser distribuiu porrada por todo álbum de maneira inteligente, pelo menos em comparação com 90% das bandas que eu ouvi. O  instrumental é muito bom, embora alguns refrãos acabem se tornando parecidos, principalmente por causa do vocalista que parece cantar do mesmo jeito na maior parte do tempo, eu até curti esse estilo Mustaine-gritado, mas ele podia tentar dar uma variada de leve.
Enfim, cumpre seu papel de manter o thrash vivo e revigorado, obrigado camaradas suecos.
Destaque para Almost Home, He Knows Yours Secrets e Carve The Stone.

Nota: \m/\m/\m/\m/

  Phantom Lord
A banda Kaiser é mais uma novidade em meu repertório... 
Logo nas primeiras músicas é possível notar a criatividade da banda dentro do já surrado thrash metal... Como o Trooper citou, a linha do vocal se parece um pouco com o Mustaine do Megadeth, mas é um pouco mais rasgado, ou talvez, escrachado. 
A banda não se arrisca muito no que se diz respeito a uma variação de ritmo ao longo do álbum, apesar disto ser uma característica comum em trabalhos do thrash metal... Como um todo, Read Your Enemy é um bom álbum repleto de pedradas, porém a longo prazo, o vocal ser um pouco cansativo e a distorção/ritmo das guitarras pode embolar um pouco as faixas. 

 Bark and Bow 7,5 
Bring Out the Clown 7,7 
I'll deny You 7,9 
Dreams Bent Clockwise 6,8
Read Your Enemy 7,5 
Almost Home 7,4 
Where I Belong 7,3 
 He Knows Your Secrets 7,7 
Forever In Doubts 7,1 
Carve the Stone 7,8 
Roll the Dice 7,2 
The Fake Rose 6,9 

 PS: Pensei em juntar os demais metalcólatras para sovar o Trooper por não ter baixado e compartilhado o álbum, mas tudo bem... Desta vez passa... Ouvir Read Your Enemy pela internet serviu para que eu prestasse mais atenção nas letras para não me perder na hora de reconhecer as faixas. 

 Nota Final: 7,3


The Magician
A sonoridade da banda Kayser, natural da Suécia (possível nova Meca do Heavy Metal), ao lado de outros trabalhos interessantes da última década reforça a ideia de que a depressão do gênero ocasionada na virada do século esteja talvez, sendo superada.
Acredito que esse processo é de certa forma um reflexo da relação do gênero metaleiro com a mídia e a indústria musical como um todo, e explico: ao tentar incansavelmente e falhar repetitivamente nas suas investidas de direcionamento dos produtos da música pesada ao rumo do pop comercial, as corporações musicais através de seus representantes e agentes, em sua maioria encostaram esse gênero musical. Logo, coube às gravadoras e etiquetas menores (ou às produções independentes de gente que realmente entende ou gosta de Heavy Metal) abocanhar esse mercado tido como falido ou sem rentabilidade. Ótimo, porquê aos poucos podemos perceber que o Heavy Metal consegue nivelar as características do consagrado Old School com os artifícios mais modernos que são interessantes para a definição de uma personalidade genuína de uma nova geração de Metalheads, sem que os "gurus" da oligarquia musical/midiática prescrevam a direção da música pesada.

Ainda que o trabalho de "Read Your Enemy" não seja de saltar os olhos (ou os ouvidos), é exatamente disso que estamos falando aqui; a sonoridade é consistente a ponto de fazer um bom Metal "hallshaking" durante toda sua extensão inspirado em grandes petardos de bandas como Pantera, ou dos hits mais pesados do Motorhead. Aliado ao estilo quebra-tudo das guitarras e bateria, se apresenta um vocal de trash moderno que flerta com o Groove/Sludge Metal, muito mais inclinado ao estilo de Zack Wild, em minha opinião, do que ao estilo arranhado de Mustaine ou Chuck Billy, por exemplo.

Um destaque criativo que é necessário ressaltar neste caso é a faixa 3 "Ill Deny You". Com especial menção ao refrão super grudento, um daqueles acertos raros em que a música parece se compor sozinha, uma nota puxa a outra, e você já sabe quais são as notas da melodia antes mesmo de serem tocadas, um espécie de "de ja vú" sonoro. Um exemplo memorável desse estilo de composição é o trecho clássico do solo "cantado" nas guitarrs de Janick Gers em "afraid to shoot strangers" do Maiden...

A conclusão é que o trabalho do Kayser, consistente e com apenas um grande hit, ao lado de outras obras dessa nova geração do Metal, servem para aplainar o terreno novamente, construindo estilo de som que é sobretudo inspirado nos grandes trabalhos das bandas de rock pesado nos anos 90. 

Mesmo com todos os impeditivos e obstáculos que o gênero teve que superar nas três últimas décadas, parece que as grandes influências de minha geração afinal, se fazem valer.

Nota 6,9 ou \m/\m/\m/.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Scorpions - Blackout

O álbum Blackout lançado pelo Scorpions em 1982, foi escolhido para análise por Phantom Lord.


Phantom Lord
Depois de passar a infância e adolescência (na verdade, dos 9 aos 25 anos de idade) ouvindo músicas do Scorpions espalhadas pelas programações das estações de rádio, finalmente decidi ouvir alguns álbuns desta banda por volta de 2006. Comecei pelos álbuns In Trance e Blackout, para pouco tempo depois explorar o Lovedrive e o Love at First Sting... 
... Apesar de ouvir que o Scorpions foi uma grande influência para as vertentes pesadas do Rock, como o Heavy Metal e até ver alguns indivíduos classificá-lo como pertencente ao gênero Power Metal, a conclusão que eu tive é que esta banda trabalha principalmente dentro do estilo Hard Rock... Um Hard Rock virtuoso, com algumas vagas aproximações ao heavy metal, e várias músicas carregadas de "glamour" e "farofa". Para confirmar isto basta conferir o nome de alguns trabalhos e escutá-los... 

 Mas vamos ao álbum escolhido: Blackout lançado em 1982, após a banda já ter se aproximado do Hard Rock "romântico" lá pelo ano de 1979 ou 1980, já tinha quase tudo para ser um disco "Love Metal" (ou farofão), mas até que se desviou deste caminho meloso e entediante... Com ao menos 3 faixas do tipo rock-pedrada-na-orelha este álbum consegue ser o provável maior vínculo do Scorpions com as vertentes mais pesadas do Rock. (Provável porque ainda não ouvi a discografia inteira dos caras...) 
A produção do Blackout se aproxima do rock "comercial" dos anos 80 (o tal glam/farofa) mas ainda é rústico se comparado com o pop-enfarofado Love at First Sting, o disco contenedor dos hits Rock You Like a Hurricane, Big City Night e Still Loving You. 

Blackout 8,9 
Can`t Live Without You 7,2 
No One Like You 7,0 
You Give Me All I Need 6,4 
Now! 7,9 
Dynamite 7,5 
Arizona 7,0 
China White 6,9 
When The Smoke is Going Down 6,6 

 Nota Final: 7,3 

PS.: O Scorpions gravou algumas músicas genialmente aceleradas ou pesadas em álbuns anteriores a este, porém tais álbuns apresentam muitas faixas distantes do heavy metal. Recomendo as músicas Dark Lady (a original e "Blacksabbathica"), Robot Man e Another Piece of Meat (que conheci via o ótimo cover feito pela banda Metalium).

The Trooper
3Eu poderia dizer que por trás desta carcaça morta-viva com lencinho vermelho, armadura negra, espada longa enferrujada sob a iluminação dos relâmpagos da capa do Metallica, está uma alma com lencinho vermelho na cabeça, óculos coloridos e calça colada comendo farofa, mas tudo bem Phantom, eu entendo a necessidade do Scorpions aparecer por aqui, afinal alguma coisa precisa ser dita sobre esta banda que existe há milênios enganando leigos com o nome Escorpiões (quem ouve acha que é alguma banda de heavy metal). O Phantom acerta ao dizer que três faixas são "pedradas": Blackout (muito boa), Now (boa) e Dynamite (medíocre). O resto (assim como grande parte das letras) é de uma melação nível épico, quando o álbum chega em Arizona eu já estou gastando toda a minha força de vontade pra terminar de ouvir o trabalho dos caras e não trocar pra algum outro cd mais legal. Sobre as letras, o que não é melação é putaria, com exceção de duas músicas: China White (tudo a ver com o contexto de uma Alemanha dividida por um muro de Berlim) e When The Smoke is Going Down (que deve ter sido escrita para os fãs).
Por fim, dá pra perceber que a do Scorpions é sexo, drogas e rock'n'roll, mas a melodia é voltada para conseguir o primeiro item do lema mesmo, então não dá pra esperar algo muito pesado da banda.
Destaque para Blackout (embora a letra tosca deva ter sido influenciada por algum membro da banda que chapou e pegou alguma mina -ou travesti- cuja beleza -atributos- o fez se arrepender) com instrumental que quase engana aqueles que acham que Scorpions é banda de heavy metal.
O destaque negativo vai para You Give Me All I Need, além da melodia xarope, a letra de corno (nada contra relacionamentos abertos, mas corno manso chorão é algo muito triste) é "difudê".

Nota: \m/\m/\m/

The Magician
Sou suspeito para falar do Scorpions, banda alemã pré histórica e uma das grandes contribuições para minha "formação musical". Por isso, não me cobrem coerência, afinal o Metal, o Rock, enfim... a música não é coerente, nem tem uma relação tão próxima com a lógica.
Digo isso talvez, como uma defesa instintiva de eu criticar o Glam Rock oitentista tão veementemente em postagens passadas (link) aqui no blog, pois, Blackout é descaradamente moldado na fôrma de farofa que sustentava metade das bandas criadas em L.A naquela época (embora Blackout tenha sido gravado em estúdios na França e na Alemanha). 
O ponto é que, além dos alemães serem na verdade co-criadores do gênero (assim como Alice Cooper), sou fã incondicional dos vocais de Meine e das assinaturas da guitarra de Schenker, esses elementos foram cravados em minha mente desde os primórdios, quando tive o primeiro contato com a banda através do programa referencial de VJ da TV Gazeta que constava na programação dos anos 80: o falecido "Clip Trip". 
E afirmo que embora Dokken tenha gravado as demos desse álbum, Meine tem uma voz sem equivalente no mundo do Heavy Metal, demonstrando um timbre compatível tanto para Hard Rock rasgado, quanto para as mais épicas baladas do gênero.
O disco é ágil, não exige muito do ouvinte na medida que a maioria das faixas possuem de 3 a 4 minutos. Seu conteúdo desfila a gritaria rasgada de Meine que puxa os arranjos de Schenker/Jabs, com licks furiosos, como sempre. Duas músicas são o grande destaque, inclusive, faixas de promoção do álbum: "Blackout" e "Cant Live Without You", mas acrescento em favor do disco mais duas faixas em que de fato houve uma doação do talento dos envolvidos: "Dynamite" e "China White".
No geral um disco suficiente, não para escrever a história do rock, mas para contribuir com mais hits explosivos da banda e injetar mais nitroglicerina naquele motor do Rock oitentista.

Nota 7 ou \m/\m/\m/\m/.

P.S: Falando mais particularmente sobre Scorpions x Heavy Metal, e menos sobre o álbum que é apenas mais um na carreira dos caras, o Heavy Metal produtivo da Alemanha deve boa parte de seu sucesso a esses caras; que durante os anos 60, ousavam um estilo como nenhuma outra banda naquele país naquela época. Abriu as portas para bandas como Helloween, Warlock e até mesmo para o Accept, sendo os verdadeiros responsáveis pela região, anos depois, se transformar na verdadeira Meca do Metal.