sábado, 20 de dezembro de 2014

Exciter - Violence and Force

O álbum Violence and Force lançado pelo Exciter em 1984, foi escolhido por Hellraiser para análise.


Phantom Lord
Hellraiser nos trouxe mais um suposto heavy metal com pitadas de thrash oitentista. O interessante de cds como este e o Metal Church chegarem ao blog, é que eles me fizeram pensar no passado e reavaliá-lo... O quanto pesa o momento do indivíduo em seu gosto musical? Imagino que "pese" muito... A primeira vez que pensei nisto foi quando percebi que metalcólatras como Julião e Mercante amavam o álbum Hail to England do Manowar. Estes dois fulanos elogiaram tal álbum diversas vezes de maneira enfática, e diversas vezes tentei dar uma chance para aquele álbum... Não desceu. Achei Hail to England simplesmente muito tosco e mal feito, inferior a diversos outros trabalhos medianos do heavy metal (inclusive, inferior a vários outros trabalhos da banda). Este "momento" é um dos principais fatores de origem do "gosto" ou da opinião do ser humano. Apesar de existirem uma infinidade de motivos para um ouvinte gostar de algumas bandas e odiar outras, o "momento" parece algo muito particular e marcante. 

 Exciter é uma das bandas adoradas em determinados sites e páginas de "bangers" na internet... Provavelmente adorada pelo mesmo motivo que Julião e Mercante adoram o sub-medíocre Hail to England: O momento. Os oldschools (fãs das bandas dos 70-80s) e/ou troozões (aqueles que odeiam o mainstream) ouviram tais trabalhos em sua fase jovem e de formação de personalidade, fazendo com que as músicas ficassem gravadas como clássicos eternos em suas memórias. Mas isso desclassificaria tais álbuns? Depende. O ouvinte que está analisando o Violence and Force uns 20 anos depois de seu lançamento, poderia encontrar algo que falatava em seu repertório e derepente adorar! Por um outro lado, um ouvinte de formação similar (que já ouviu 3000 ou 4000 músicas "metálicas" ou 9000 músicas de rock em um espectro mais amplo), pode simplesmente ver o Exciter como mais uma banda da saraivada metálica oitentista que não alcançou o mainstream por "mérito". 

Em minha opinião, estou mais próximo do ouvinte exemplo 2: Violence and Force tem muitas músicas entre o nível mediano e bom, mas faltou características mais marcantes, seja agressividade, melodia ou o "mojo". Esta "ausência de características marcantes", gerou o velho efeito dispersor que foi ganhando força a partir da faixa 4 "Evil Sinner" e só é quebrado na faixa 7 com a "intro" de Delivering to the Master... Deste ponto em diante o álbum recupera uma dose de criatividade. 

 Nota Final: 6,6


The Magician
Fora a apresentação em coletâneas ou em seleções de músicas em programas de Metal de rádio e TV, eu não havia tido contato com a banda canadense, portanto esta foi a primeira vez que emprestei meus ouvidos para um trabalho inteiro dos caras. Ouvir o primeiro trabalho deles mais de três décadas depois, conta bastante na hora de escrever esta resenha, já que depois desse álbum a banda ainda escreveu mais 10 discos e vem resistindo à erosão de 37 anos de estrada.

Uma primeira audição superficial já indica a época de composição, e se o cara for especialista já consegue inclusive perceber que o som é oriundo da América do Norte. Este trabalho pode ser considerado em minha opinião como um dos precursores do Trash, como as primeiras obras de Anvil e Diamond Head, mas particularmente não acho que se trata desse subgênero, talvez por causa da formação em power-trio ocasionar performances mais presas à bateria.

Sobre a sonoridade geral, existe uso intenso de sintetizadores gerando camadas razoavelmente emboladas que se traduzem nas pautas um tanto pesadas e tecnicamente simples. As estruturas das composições não surpreendem (mesmo naquela época) pois não há intuito de colocar partes progressivas em momento algum, a linha de atuação está muito mais voltada para uma marcação circular viciada e contundente como o Motorhead costuma fazer em suas gravações. As músicas normalmente são interpretadas em pontuações aceleradas (120 bpm), com algumas exceções como "War is Hell", "Pounding Metal" e "Delivering to the Master" que se desenvolvem em beats mais lentos.    

Esse disco assim como os trabalhos de outras bandas Heavy Rock da época, podem ser consideradas como rebites na viga mestra do Metal que prosperou nos 20 anos seguintes, mas mesmo sendo considerado por uns um debut essencial, não contribui com algum clássico referencial; está mais para um escape para indústria da época, e seu modo de lidar com a necessidade de sublinhar um estilo bastante vendável. Mais ou menos como descrito em minha resenha do Testament, só que na verdade, faz parte de uma geração anterior.

Um disco aturável, mas obviamente ultrapassado. Sem destaques, nota 5,9 ou \m/\m/\m/.

Curioso assistir a uma apresentação dos canadenses, já que o vocalista é o batera. Enquanto dois figuras dividem o front do palco bangueando com seus instrumentos de cordas, uma voz cantarola "do além". :D 

Hellraiser
3Ser um velho, ultrapassado, desatualizado e não trazer nada de novo é um problema ? Claro !!!
Mas...... ( sempre tem um ¨mas¨) 
Pode ter seu lado bom, .....você viveu aquilo que outros não viveram, e que na verdade, o que naquela época era MUITO bom, atual e novo !!! 
Você pode ensinar coisas que aprendeu anteriormente e passa-las a nova geração, ...como tambem a nova geração pode se basear em suas ideias, hoje ultrapassadas,.... mas você foi um dos primeiros a ter algumas ¨ideias¨! 
Mas, bom pra quem ??? 
Pra mídia ?? 
Não !!! 
Pros rockeiros, metaleiros, headbangers, etc que gostavam demais disso na época, e inúmeros que gostam até hoje, ....e, ....ainda tem mais um ¨e¨, 
vários curtidores do Metal, que mesmo terem nascido após a década de 80, conheceram essas bandas e lançamentos e passaram a gostar demais disso. 
Claro, gosto é muito pessoal, o que pra uma multidão pode ser ¨bom¨, pra um pequeno grupo seleto pode ser horrível, e vice-versa ! 
Outra coisa que me chama a atenção : 
Se uma banda não chegou ao mainstrean ela é considerada ruim ??? 
Seus trabalhos são fracos ?? 
Mainstrean chega a ser uma piada de mau gosto !! 
Metallica e Iron Maiden chegaram la, ....conquistaram, ...sim, ..... mas depois cagaram !! 
Por que então não são jogados ao underground de volta ?? 
Por que tem tantas e tantas bandas OTIMAS, com OTIMOS trabalhos e nunca conseguiram chegar ao estrelato ??? 
Por que tem tantas bandas novas e atuais hoje com otimos álbuns que daqui uns anos serão esquecidas ??? Mas, esquecidas por quem ??? 
Pela mídia ?? 
Pelos jovens que usam camisetas do Ramones e do Nirvana ?? 
Sim, esses mesmos, ...por que os verdadeiros amantes da musica pesada nunca esquecem um trabalho bom, ....mesmo que este já esteja ultrapassado, claro, depois de 30 anos quem consegue ainda viver na modernidade ??? 
Ahhh sim, ....os Irons e Metallicas da vida, que preferem serem moderninhos pra sempre, à fazerem coisas que realmente agrade seus verdadeiros fãs !!! 
O Exciter ta ai, ainda ! ....show pequeno em Sampa em novembro passado, vários discos lançados e claro, ...os primeiros discos, os velhos, os que não trazem nada de novo ¨hoje em dia¨, são os mais aclamados pela galera do Metal !!! 
Por que ??? 
Por que são clássicos, bons até hoje ! 
Violence and Force – Lembro as primeiras vezes que escutei isso, fiquei chapado na época, como acontecido com vários outros discos de varias bandas, ...caramba, ...mas eu tinha só 13 anos, era um mulecão ! 
Sim, ...hoje tenho quase 43 e ainda amo isso !! 
As porradas de Violence and Force, Screaming in the Night e Destructor ! 
O hino – Pounding Metal 
A cadenciada e pesada War is Hell com seu riff direto ! 
O peso de Evil Sinner, Delivering to the Master e Sword of Darkness ! 
Dan Behller , monstro, gritando, cantando e surrando a bateria ! 
Isso é mainstream entre os ¨do ramo¨!! 
Metal é pros fortes !!!!!
Nota 8,0

Metal Mercante
Volta o cão arrependido
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roído
E com o rabo entre as patas

Volta o cão arrependido
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roído
E com o rabo entre as patas

Seu madruga: "Muito bem, Chaves, muito bem!"
Chaves: "O verso é repetido 44 vezes"
Volta o cão arre...”

Eu, MetalMercante, acredito no mercado. O mercado julga, o mercado remunera, o mercado dá a vida, o mercado tira vidas. O mercado decide quem é bom e quem não é…

Em poucas palavras, esse álbum é “meh”, ele não tem nada demais, nem mesmo se considerarmos que ele foi gravado lá nos primórdios do metal, para um álbum gravado em 84 eu esperava muito mais, mas muito mais mesmo. A maioria dos álbuns mais aclamados pelos Metalcólatras foi gravado nessa época, então se uma banda não chegou ao mainstream, ela pode ser considerada ruim?

Pode…

Respondendo ao meu colega Hellraiser. Não, o mainstream não é uma piada de mau gosto, pois o mainstream em 1984 é tudo aquilo que temos de mais “sagrado” no mundo do metal e o mercado escolheu. Se não entrou para o mainstream é porque é ruim, ponto final! Uma piada de mau gosto é ser obrigado a escutar uma música que repete seu verso 34 vezes! (sim, “Pounding Metal” se repete 34x)

Pego uma música do Maiden, do Metallica, Megadeth, Manowar e canto hoje com a mesma empolgação que a 20-25 anos atrás, eu duvido qualquer pessoa nesse mundo cante “Pounding Metal” com a mesma empolgação!

“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
“Pounding Metal”
"Yeah!"

Nota: 4 (Chato pra caralho!)
The Trooper
3Eu, The Trooper, não acredito no mercado, não existe mão invisível nenhuma, pelo menos não uma que regule o mercado, se existe, existe uma que acumula dinheiro em um cantinho minúsculo da sociedade, cantinho esse que só 1% da população possui a chave. São esses caras que decidem o que pode e o que não pode ser.

Mas eu não sou burro (pelo menos não MUITO burro), é claro que há uma prospecção do mercado pra saber o que é rentável, e também há empreendedores de sorte e talento, e existem também os nichos rentáveis, só que diferentes escalões de lucros. Enfim, Violence and Force tem como selo a Megaforce , selo independente na época que havia lançado um álbum muito especial cinco meses antes: Kill' Em All.

Eu poderia tirar um sarro aqui e dizer que Violence and Force é a versão genérica de Kill' Em All, e como Metallica era supremo, até mesmo a versão genérica fica boa. Mas não vou fazer tal acusação (ué, já não fiz?), mesmo que a faixa título pareça que foi roubada do Kill' Em All, porque Pounding Metal parece uma mistura de Judas Priest com Metallica.

Deixando as brincadeiras de lado, Violence and Force é um puta álbum! Os caras da banda são muito competentes na maior parte do tempo, riffs legais, solos bacanas, batera no ponto, músicas que fecham em si e bem boladas ... mas eles cometem alguns deslizes, às vezes repetem muito o mesmo riff antes de mudar pra outro, às vezes repetem demais um refrão (Pounding Metal?), e o ponto chave do que estraga e muito o álbum: o vocalista é um bosta! Meu Deus, como pode um cara ser tão ruim? Não consegue nem os gritinhos de poodle que Mustaine e Hetfield davam na época ... muito menos cantar.

Eu ia até fazer uma batalha de bandas novamente, dessa vez tendo Violence and Force x Ironbound, mas ia ficar vergonhoso pro Overkill ter um álbum recente e bem produzido derrotado pelo calhambeque envenenado que é Violence and Force.

Nota: \m/\m/\m/\m/ (Dan Beehler arrancou vários dedos das mãozinhas com seus gritos ridículos)

P.S.: É impressão minha ou o Mercante disse que canta METALLICA com empolgação?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Grand Magus - Iron Will

O álbum Iron Will, lançado pelo Grand Magus em 2008, foi escolhido por MetalMercante.



1 - "Like the Oar Strikes the Water" – 3:13
2 - "Fear Is the Key" – 3:31
3 - "Hövding" – 0:39
4 - "Iron Will" – 5:01
5 - "Silver Into Steel" – 4:15
6 - "The Shadow Knows" – 5:35
7 - "Self Deceiver" – 4:49
8 - "Beyond Good and Evil" – 5:15
9 - "I Am the North" – 9:01


Hellraiser
3Até que enfim um álbum que da gosto de (re) escutar e resenhar ! 
Acredito que o Mercante quis se redimir depois do seu ultimo post e escolheu a dedo esse de agora. 
Iron Will - Grand Magus - um disco muito bom, de uma banda que considero como Epic Heavy Metal, de onde já beberam dessa fonte, bandas como nada mais nada menos, os pioneiros do estilo, o Manowar. 
Claro, a banda tem total identidade, e não soa em nada como a outra banda citada, muito pelo contrario, ...essa é uma ótima banda na nova safra, com composições fortes, refrões grudentos, e sonoridade altamente cativante, transbordando energia. 
Quanto ao disco escolhido, o Iron Will de 2008, tudo o que eu escrevi acima se resume nele, a banda viaja pelo Heavy Metal, o Epic e as vezes o Doom, claro, soando mais moderno, mas em momento nenhum isso tira o brilho das musicas. 
Meus destaques ficaram para a sequência das faixas Iron Will, Silver into Steel e The Shadow Knows. 
Mais um ponto positivo : grandes álbuns são pequenos, com apenas 9 ou no maximo 10 faixas, e esse tirando a curta faixa baixo/instrumental, Hovding, pode-se dizer que tem apenas 8 faixas. 
Uma curiosidade: a ultima faixa, I Am the North, na verdade não tem 9 minutos, ela acaba por volta dos 5 minutos e depois, por volta dos 8 minutos ela retorna pra execução de um finale ! 
 Nota 7,7


  Phantom Lord
Perdoem meu atraso... Andei me adaptando à sociedade de modo a tentar sobreviver, claro, atendendo as demandas da República Oligarca do Brasil. Mas ainda assim creio que não ficarei muito atrás de seres como Magician e Mercante ao resenhar os álbuns indicados para este blog. 

Uma primeira olhada na net sobre o álbum e notei as classificações "stoner e doom metal". Como sempre, os críticos de música se mostram bons em classificações generalizadas ou simplesmente erradas. 

Ainda que eu tenha dormido na primeira audição de Iron Will (entre as faixas 4 e 5), percebi que as músicas deste disco tem muito do heavy metal (tradicional) e pouco de subgêneros. Talvez, para os críticos, os diversos trechos lentos, meio pesados e arrastados façam as músicas serem classificadas como stoner/doom... 

As músicas parecem boas em minha opinião, apesar do vocal ser genérico (sim, na linha metal super básico, nem grave nem agudo, mais ou menos como Graham Bonnet e "Biff" Byford) e a grande parte das músicas serem lentas! Por um momento achei que esta seria uma postagem feita por Mercante de qualidade superior ao Crimsom Glory, mas as ondas de sonolência geradas pela lentidão do Grand Magus neste álbum, me impediram de dar notas mais altas para as músicas. 

Enfim, este disco não é ruim... A banda parece ter grande potencial, talvez tenha lançado algum álbum mais empolgante do que o Iron Will. 

 1 - "Like the Oar Strikes the Water" – 7,2 
2 - "Fear Is the Key" – 7 
3 - "Hövding" / 4 - "Iron Will" – 7 
5 - "Silver Into Steel" – 6,3 
6 - "The Shadow Knows" – 7,3
 7 - "Self Deceiver" – 7 
8 - "Beyond Good and Evil" – 6,8 
9 - "I Am the North" – 7 

 Obs.: A longa parada na última faixa é no mínimo tão idiota quanto a da última faixa de Chemical Wedding do Bruce Dickinson. 

Obs.2: Quando adormeci ouvindo este álbum na primeira vez, eu não acordei com essa pataquadinha da faixa I Am the North... Ao contrário de uma vez que dormi ouvindo Chemical Wedding. 

 Nota Final: 7,0 

Metal Mercante

As vezes encaro este blog como sendo um grande experimento antropológico o qual utilizo para testar algumas hipóteses sobre o comportamento humano relacionado a música e uma dessas hipóteses é sobre como o processo de formação de nota de um álbum de metal é de cima para baixo, ou seja, todo álbum começa com uma nota ligeiramente abaixo do nosso “melhor álbum” (uma escolha pessoal) e aí vamos adicionando defeitos e subtraindo pontos até que é formada a nota do álbum. Isso vai em oposição a construção da nota de baixo para cima, onde uma espécie de checklist de coisas que nos agradam tem que ser preenchidas e somadas para darmos a nota a um determinado álbum.


Essa hipótese (correta ou não) me parece mais evidente aqui no nosso humilde blog, no qual a galera desce a lenha num álbum e dá sua nota, exemplos recentes são o álbum do Arch Enemy, Crimson Shadows e Black Label Society. Em um a voz é muito demoníaca, em outro tem um vocalista emo no outro é tipo um Ozzy, só que não é o Ozzy e o pessoal desconta pontos na mesma velocidade que uma Professora de Matemática solteirona beirando os 50 anos desconta na prova daquele garotinho estranho que senta no fundão. Sem dó nenhuma…



Os gostos dos metaleiros geralmente são cercados de extremos e mitos. A banda X tem o melhor vocalista, a Y o mais rápido guitarrista, a Z fez um pacto com o Satan, a X1 é a mais power, a Y1 é a mais True, a Z1 é a mais técnica e por aí vai…Metaleiros mundo afora fazem o marketing das bandas dessa forma e é algo muito normal nos círculos a utilização desses superlativos para descrever gostos um tanto quanto duvidosos, exemplos e mais exemplos disso foram dados aqui no Blog, entre eles Manowar (o mais True), Dream Theater (o mais técnico), Ozzy (o mais insano), Bruce Dickinson (o melhor…), e por aí vai…

Mas o que acontece quando uma banda não pode ser caracterizada por nenhum desses superlativos, ela não tem um vocalista impressionante, um guitarrista virtuosíssimo, um baixista showman ou simplesmente nada que a destaque nesse mar de bandas de metal, mas ainda assim existe algo profundamente satisfatório em ouvir nos seus álbuns?

Isso é o que eu sinto quando ouço um álbum do Grand Magus, uma gigantesca satisfação, não porque estou ouvindo um ótimo álbum, porque o riff de guitarra faz a cabeça “headbanguear” automaticamente ou porque o solo de guitarra é capaz de nos deixar de cabelos em pé, mas sim porque as composições são bem feitas, as vezes um tanto sonolentas como disse o Phantom, mas satisfatórias…

…Satisfatório passa de ano

No final das contas, Grand Magus – Iron Will é um álbum com menos defeitos do que qualidades, pouca coisa nele incomoda, algumas coisas nele me alegram (com um destaque impressionante para a música “Like the Oar strikes the Water”, vencedora como melhor música desse álbum por uma grande margem) o que é suficiente para ele ser aprovado.

Nota: 7,0

The Magician
Interessante, legal... diferente.

Acho que esta postagem do Mercante veio como uma espécie resposta ao Trooper que havia comentado meses atrás que o nosso presunçoso amigo metal-blogueiro teria se perdido em uma desesperada busca em uma dimensão sem caminho de volta, que fica situada entre o épic metal e o death metal sinfônico. Na verdade, todos temíamos por nosso amigo.

Mas ele se recuperou e achou o caminho de volta; Grand Magus - "Iron Will", se não é a mais inspirada obra de Metal, é pelo menos consistente, e apresenta uma agradável compilação do conjunto sonoro.

Essa ideia de consistência e pragmatismo é o que na verdade, está no centro do trabalho, e não é nenhum dos 3 adjetivos iniciais dessa resenha que estampa a face desse álbum; mas achei importante iniciar com eles para deixar claro o que achei, a despeito do resto da resenha, onde tentarei traduzir exatamente as passagens do disco sem ter que utilizar o viés crítico.    

A banda realmente não traz nenhuma sequência de riffs atordoantes, solos mirabolantes, e nem nenhum músico ou performance individual chega a se destacar no álbum, o ponto forte é justamente a massa de som encorpada e consistente; dá pra visualizar o álbum todo como estar diante de uma parede, onde cada instrumento é um tijolo e a produção, a argamassa. Um componente está amarrado ao outro e quase que inerentemente se completam.

Da mesma forma que o comportamento sonoro tende à uma única abordagem, a estrutura dos sons (de versos, pontes e refrões) seguem um script de programação constante, quase sempre começando com introduções mais atmosféricas e cadenciadas para alcançar ápices de intensidade na parte dorsal, sendo assim, as músicas terminam de forma arbitrária como se tivessem seguindo a obrigação de "tempos de parada", pois a próxima música após suplantar a introdução continuará exatamente onde a música anterior parou. E , de novo, tudo se amarra de forma contínua e ininterrupta, exatamente como em uma linha de produção fabril.

Aliás, acho que essa afinal é a melhor forma de descrever a sonoridade do trabalho: "script de programação", "tempos de parada" e "linha de produção" são termos industriais, e acima de tudo o que define essa característica é a incessante bateria "bate-estacas" presente em praticamente todas as faixas e que acaba te abduzindo para o interior de uma planta metalúrgica com turnos de 24/7.

É um disco altamente imersivo, e no meio dessa regressão você percebe alguns traços "retrô" nas linhas vocais (a mim, pareceu uma abordagem Ian Gillan anos 70, especialmente no verso inicial da faixa título) e esforço no embolamento sonoro que nos remete ao estilo arrastado de "Sludge" (Mastodon, por exemplo).

Um outro semblante de pragmatismo e padronização do disco é a sua tendência de intensidade crescente em cada faixa, e que curiosamente  parece acontecer também com o conjunto total de músicas, já que ao escutá-las na ordem correta sugerida pela sequência do encarte, parece que a última faixa é a apoteose, entregando o ápice do trabalho em "I am the North".

Nota 7,1 ou \m/\m/\m/\m/.

Ouvir esse CD é como se você estivesse assoprando uma bexiga até o momento de sua explosão, ou apontando um lápis até que o grafite não suporte mais a lâmina do apontador... ah, você entendeu...

São muitas metáforas, acho que entrei estado hipnótico devido ao estilo da banda, da mesma forma que uma delírio febril, uma imersão hipnótica, lavagem cerebral... isso faz parte do seu estudo antropológico, Merchant? seu crápula!   



The Trooper
3Quando vi o rótulo "stoner metal" pensei "xiiiiiii". Ouvi um álbum há alguns anos, indicado por um amigo, de uma banda chamada The Sword e achei bem meia-boca, daí fui ouvir Iron Will com um pé atrás. Como aconteceu com o primeiro filme de X-Men, tive uma agradável surpresa, o trabalho é bem bacana. 

Para mim Grand Magus é uma mistura de Deep Purple e Black Sabbath com uma pitadinha de Iron Maiden, Iron Will começa com uma pegada bem Purple, sabbathisando totalmente na quarta faixa (que é homônima ao álbum) e a partir daí misturando ou intercalando os estilos. 

A pitada de Iron Maiden veio na sexta faixa (The Shadow Knows), dando um up com timing perfeito, evitando parcialmente que uma lentidão sabbathiana tomasse conta do resto do trabalho, parcialmente porque as duas próximas faixas são bem lentas (Self Deceiver é facilmente, a mais chata do álbum, embora seja um dos pontos altos da performance do vocalista JB, e Beyond Good and Evil é tão Black Sabbath, mas tão Black Sabbath, que podemos classificar a banda como um simulacro durante esse espaço de tempo).

Por fim, I am The North dá um up novamente, mas não chega no nível do começo do álbum.
Avaliando a banda, todo mundo passou, os suecos são bem competentes, as músicas são boladas de um jeito que todo mundo aparece, e quando até o vocalista é bom, fica difícil descer a lenha. As letras pareceram focar em boa parte do tempo em uma crítica à moral judaico-cristã (pra variar né? Os nórdicos tem uma tendência a cair nesse tema), nada escrachado, mas também nada chamativo, acabou por passar batido.

Enfim, aprovado, não chega a ser obra-prima, nem épico, mas soma mais um Solid lá na conta da Suécia.

Destaque para  Fear Is The Key e The Shadow Knows.

P.S.: Eu queria lançar um desafio aqui, leiam as resenhas sem olhar a nota no final e tentem adivinhar quanto o cara quis dar de nota com aquele texto. Várias vezes o texto e a nota são díspares (as minhas incluídas).

Nota: \m/\m/\m/\m/