domingo, 29 de dezembro de 2013

Iron Maiden - Brave New World

O álbum "Brave New World", lançado no ano 2000 pelo Iron Maiden, foi escolhido para análise por The Magician.


Faixas: 1. The Wicker Man; 2. Ghost of Navigators; 3. Brave New World; 4. Blood Brothers; 5. The Mercenary; 6. Dreams of Mirrors; 7. The Fallen Angel; 8. The Nomad; 9. Out of the Silent Planet; 10. The Thin Line Between Love and Hate.


Phantom Lord

Semanas atrás tive que ouvir a cornetação de Magician, acusando eu e Trooper de estarmos usando o espaço do blog para colocar álbuns de bandas "muito batidas" como Motorhead e Megadeth... Então, dias atrás o mesmo fanfarrão (Magician) nos revelou que postaria Brave New World do Iron Maiden... O que dizer desta banda que já apareceu 3 vezes neste blog? Escutamos as desculp... quero dizer, os argumentos dele... Que este álbum é "responsável por ressucitar o heavy metal após a década de 90" e bla bla bla... Primeiramente, até concordo que o heavy metal andava muito mal das pernas nesta época... Várias das "grandes bandas" estavam lançando álbuns decepcionantes entre o fim dos anos 90 e o inicio de 2000. É possível atribuir um monte de causas para o enfraquecimento do heavy metal: novos subgêneros ganhando força nesta mesma época (neo metal, metal industrial etc), as tentativas das velhas bandas atingirem novos públicos, esgotamento de criatividade etc... 

 A verdade sobre o Maiden em particular é que a banda já tinha lançado 2 discos que decepcionaram muitos fãs e o motivo era óbvio: vocalista. Blaze poderia ser um "cantor razoável" mas tentou seguir o caminho de Bruce Dickinson, seja por opressão do "dono da banda", Steve Harris, ou por vontade própria... O alcance de sua voz é publicamente mais limitado do que o de Bruce... Entendo que no Iron Maiden talvez não fosse possível tentar um estilo diferente de cantar mesmo, mas com certeza, após deixar a banda, Blaze poderia tentar um estilo mais próximo do thrash... 
 Então com o retorno de Bruce ao Maiden tudo voltaria ser "maravilhoso" como os velhos tempos não? Não exatamente... O que temos em Brave New World são diversas músicas com características estruturais e de produção similares aos álbuns gravados com Blaze (The X Factor e Virtual IX). O vocal de Bruce, obviamente ajudou o álbum a ter uma sonoridade mais próxima dos trabalhos gravados antes de 1993, mas ainda assim, um bom ouvinte pode perceber a maior parte instrumental distante de discos como Fear of the Dark, Caught Somewhere in Time, The Number of the Beast etc... Mesmo as cavalgadas de Harris no baixo já não parecem tão presentes quanto nos álbuns antigos (isto eu não acho ruim...) 
 Bom, então se de um modo geral o Maiden não voltou à sua "era dourada", a quem o álbum Brave New World agradou? Não sou o mais sociável dos metalheads (nem de longe...) e portanto não ouvi uma infinidade de opiniões a respeito do Iron Maiden, mas coletei informações o suficiente... Além de conversar com alguns colegas, participei das velhas comunidades de bandas de rock/metal do falecido Orkut por alguns anos. As reações foram previsíveis: a maioria dos fãs tiozões/truezões consideram Brave New World medíocre na melhor das hipóteses... como se fosse uma falha ao tentar voltar a era de Bruce no Iron Maiden... Já grande parte dos fãs que conheceram a banda entre 1992 e 2000 apreciaram o álbum, alguns deles até mesmo ousam dizer que Brave New World é um dos melhores discos do Iron Maiden... 

 Para mim, este é um bom álbum, possivelmente o mais estável (com menos altos e baixos) da discografia do Iron. Porém os álbuns muito estáveis dificilmente conseguem ter uma música de destaque... Não considero o Brave New World um álbum revolucionário, mas sim um bom álbum nascido em uma era quase que dominada pelas trevas da falta de criatividade e da cobiça de certos indivíduos do "meio musical". Um bom álbum nascido em uma era como esta pode até ter servido de inspiração (ou referência de bom senso) para algumas outras bandas de heavy metal. 

 Voltando a falar das músicas do álbum: as estruturas de algumas faixas aparentemente voltadas ao vocal de Blaze até que combinaram muito bem com a voz de Bruce, afinal este cara é um dos melhores vocalistas de heavy metal... (ou, ao menos, foi um dos melhores) As faixas extensas sobram pelo álbum e mesmo assim, o Brave New World não se torna um porre de se ouvir... Desconsiderando a super-estabilidade deste disco, destaco The Mercenary, Dream of Mirrors e The Ghost of Navigator... 

 The Wicker Man 8,0 
The Ghost of Navigator 8,4 
Brave New World 7,8 
Blood Brothers 8,2 
The Mercenary 9,0 
Dream of Mirrors 8,8  
The Fallen Angel 7,8 
The Nomad 7,8 
Out of the Silent Planet 7,9 
The Thin Line Between Love and Hate 8,2 

Modificadores: 


 Nota Final: 8,2

The Trooper
3Uma das coisas que eu pensei ao terminar de ouvir este álbum novamente foi: "puxa, passei alguns anos sem ouvir o Bruce arregaçando no refrão de The Thin Line Between Love and Hate", pois eu tinha esse álbum gravado em uma fita k7 de 60 minutos, o que excluía quase toda a última faixa. Uma pena, pois o refrão dessa faixa é muito bom, mas o álbum no geral, é tão bom que não fez tanta falta assim.
Na volta de Bruce Dickinson ao Iron Maiden, vemos que a banda resolveu abrir o Brave New World com uma faixa que usa uma fórmula manjada e bem sucedida, The Wicker Man abusa de refrãos grudentos e de "o-o-o-o"s, e para mim, embora seja uma boa faixa, acaba ficando para trás de outras composições fabulosas desse trabalho.
A principal marca do Brave New World é seu equilíbrio, ele tem uma identidade única que não apaga a identidade das faixas ou da banda. A faixa título tem uma introdução que parece pertencer a faixa anterior, Ghost of The Navigator, mas evolui de um jeito muito interessante para a sonoridade própria da faixa. Aliás, a letra de Brave New World passa superficialmente sobre esta obra genial, escrita em 1931 por Aldous Huxley, mas transmite bastante de sua essência e do personagem principal.
Enfim, não há uma única faixa fraca neste trabalho, e embora ele esteja repleto de trechos lentos e introduções, não é cansativo em momento algum, em Dream of Mirrors, por exemplo, a música te cativa até a chegada dos belos solos de guitarra lá pelos 7 minutos. Para completar este equilíbrio, duas composições fantásticas fazem parte do meu destaque: Ghost of The Navigator e Blood Brothers, são músicas dotadas de grande criatividade e que não devem nada para clássicos lançados anteriormente pelo Maiden, e para completar os destaques, lanço mão de Out of The Silent Planet, que mesmo repetindo o refrão 10 mil vezes, é uma ótima música.
Brave New World é um álbum do nível dos melhores clássicos da banda, e talvez, devido a seu equilíbrio, até mesmo um pouco melhor do que seu antecessor (com o Bruce), Fear of The Dark.

Nota: \m/\m/\m/\m/\m/



Metal Mercante


Tem algo especial nesse álbum…
Não sei direito dizer o que é, se foi o retorno do Bruce como vocalista depois da era Blaze, se no geral esse álbum é um álbum mais consistente que os anteriores ou se eu que simplesmente o ouvi demais…

Da mesma forma que o Phantom, acho esse álbum diferente do resto, certamente não é “aquele” Iron Maiden de antigamente, mas também não é aquilo que estávamos ouvindo ultimamente (ufa!), pra mim ele tem um grau de complexidade maior na linha dos últimos álbuns, mas as músicas me parecem mais acessíveis e, obviamente, a voz do Bruce ajuda bastante a torna-las mais memoráveis ainda…

Por fim, tem algo do momento em que o álbum foi lançado em maio de 2000 que foi uma época horrível para os fans de metal (o final da década de 90 inteira, para falar a verdade), onde a maioria das bandas que ouvíamos já havia se desmantelado e decepção atrás de decepção contribuíram para baixar muito minhas expectativas com o novo “cd” do Maiden, mesmo com a anunciada volta do Bruce…

…foi uma feliz surpresa…

Obviamente, como esta é uma resenha dos Metalcólatras ela não poderia terminar sem um comentário que cause desconforto, portanto deixo o meu aqui…

Brave New World é o melhor CD do Maiden

Nota: 9

The Magician
Vamos imaginar um cenário:

O que seria do Heavy Metal e do Rock em um cenário sem o mainstream? O gênero sobreviveria como um conteúdo exclusivo e independente, propagado apenas pelo marketing boca a boca ou por auto divulgação dos artistas?

Nesse mundo hipotético onde as gravadoras definitivamente eliminam a “vitrine” do Rock/Metal, um movimento silencioso e organizado se sucede – “o grande boicote” – onde devido aos manipuladores da indústria da música, os grandes álbuns clássicos saem de catálogo e caem no esquecimento, os festivais como W.O.A são um passado distante, o Devil’s horn salute estritamente proibido, os poucos roqueiros da “resistência” se encontram secretamente nas casas dos militantes e não mais em bares de rock, as guitarras se tornam meros instrumentos arcaicos de coleção e, enfim, os últimos ídolos do rock acabariam trancafiados em hospícios e censurados pelos canais midiáticos.

Esse seria um cenário pós-apocalíptico , o “Admirável Mundo Novo” do Heavy Metal.

Por mais que as gravadoras injetem seus malefícios sobre os conteúdos das músicas, e sejam opressoras e exploratórias com os artistas, não me parece que haveria perspectiva para o gênero caso não houvesse alguma rentabilidade nesse segmento. Portanto respeito o ponto de vista, mas não concordo, com os românticos de bandas independentes que aspiram por um mundo colaborativo da música, pois acho que cedo ou tarde os músicos precisam de segurança e acabam por assinar aquela famosa linha pontilhada que os direcionam diretamente para os portões dos infernos (como diria o próprio Bruce Dickinson: “The Road to Hell is full of good intentions”). 

Em suma: Não haveria joias como Avantasia, Nightfall in Middle Earth, Tunes of War, e tantos outros sem o Mainstream do Metal.

Quem, como nós Metalcólatras, pôde acompanhar o gênero na virada do século sentiu o gélido calafrio da morte do Heavy Metal; onde seus principais heróis seguiam em queda livre lançados em um poço de lanças (ainda que as bandas “menos populares” citadas acima, naquela época, faziam muito bem sua parte). Por isso, vale a pena lembrar o que acontecia naquela ocasião preocupante:

O Black Sabbath após o lançamento promissor da turnê/CD duplo “Reunion” em 1998 entrou em uma recessão devido à gravadora do sr. Ozzy Osbourne, que o proibiu de gravar qualquer coisa com terceiros até cumprir suas metas contratuais próprias. Essa situação colocaria o velho Sabbath na geladeira e posteriormente seria o estopim para uma crise jurídica entre os pais do metal; Ozzy estava inerte quanto à sua carreira solo, porém como suas expectativas com o velho Sabbath também haviam sido eliminadas devido o problema com sua gravadora, os empresários + sra. Osbourne estavam agindo em seu nome nos E.U.A organizando os gigantescos festivais “Ozzfest”, que promoveram o New Metal (estrelando bandas como o P.O.D e SOAD) - um subgênero “parasita” que importava elementos do rap e do pop, e formava uma geração musicalmente esquizofrênica; 

Quanto ao Judas Priest, estavam com Ripper Owens tentando modificar sua sonoridade, mas enfrentavam obviamente resistência dos fãs mais antigos, e ficaram 3 anos sem lançar CDs apenas digerindo o Jugulator. Já o Iron Maiden diferentemente do Judas que possuía um ótimo substituto, escolheu em sua “audição” histórica, o fanfarrão do Blaze Bayley. A cada show o cara e o público sofria com esta escolha feita pelo líder do grupo, Steve Harris;

O Metallica após reescrever a história do Metal de 83 a 91, foi quem mais cagou no pau. Além de maquiagenzinhas bibas e unhas pintadas, eles descaradamente deram de ombros para o Heavy Metal e para seus próprios fãs, tanto com suas declarações como em suas gravações propriamente ditas. Lançaram músicas pseudo Country e (pela primeira vez em sua história) músicas sem expressão nenhuma, que até o Zé da esquina poderia ter composto. E consequentemente, o Megadeth de Mustaine queria loucamente imitar o Metallica, lançando porcarias psicodélicas como o álbum Risk, de 1999.

Lars, tudo o que vocês tocam vira ouro
- Dave Mustaine, líder do Megadeth -

E ainda por cima para desilusão do público em geral, Bruce Dickinson cortou o cabelo.

Era com certeza um panorama desolador!

Foi então que na mais crítica depressão do Metal, os deuses mandaram o desfibrilador por intermédio da mais importante banda de Heavy Metal de todos os tempos.

O disco “Brave New World”, com a reintegração dos vocais de Bruce e das guitarras de Adriam, estancava os graves ferimentos do Heavy Metal; e com o seu lançamento foi ressuscitado também o mega festival “Rock in Rio”, que permitiu que a performance histórica da banda fechando o evento, fosse vista por milhares de pessoas ao redor do mundo. Com este acontecimento específico o Maiden voltava, o Rock in Rio voltava, e embora os tempos áureos do Rock não tenham voltado, os ingleses conseguiram pelo menos retardar o desabamento final do cenário.

Ao interpretar uma declaração recente do Bruce Dickinson sobre o conceito por trás do nome do álbum “Final Frontier” de 2010, dizendo que ele refletia exatamente o limite da sonoridade mais progressiva e diferente da banda, mas que também brincava com o fato de esse ser seu possível epílogo se tratando de álbuns de estúdio; dá bem pra imaginar que Harris também provocou o público neste trabalho do ano 2000. Aproveitando-se do acontecimento “astrológico” do desfecho do milênio, e utilizando o título do livro de Aldous Huxley: um mundo futurista pós apocalíptico totalmente padronizado e pré definido dentro de uma ideologia eugenista (“you are planned, you are damned, in this brave new world”), o Iron Maiden parecia preconizar um terrível futuro vindouro.

À exemplo de Bruce Dickinson e de Metal Merchant (comparsa de blog), no conjunto da obra entendo este trabalho como o melhor e o mais robusto já feito pelo Iron Maiden. Um dos pontos importantes em sua concepção foi que o grupo inglês parece ter levado em consideração a responsabilidade de escrever este álbum, o que significa dizer que tinham clara percepção do que estava acontecendo com o cenário como um todo e aonde exatamente se situavam em tudo isso, e por isso não bastava apenas nos entregar os “repetecos” conservadores das guitarras + baixo preenchidos pelo belo vocal de Bruce, apenas.

Dessa vez era pra valer! O álbum deveria ser sólido, marcante, contundente, e sóbrio em toda sua extensão, e o resultado disso foi que não se pode escutar no conteúdo final coisas como “Holy Smoke”, “Bring Your Daughter to the Slaughter”, ou mesmo experimentações sonoras como “Angel and the Gambler”, coisas que só eram possíveis ser criadas com a leniência, agora já esgotada dos fãs.

Para encontrar a fórmula única de belas nuanças, harmonias sublimes amarradas às melodias memoráveis dispostas nessa obra, a banda executou takes ao vivo com o uso 3 guitarras. Em minha opinião isso foi determinante para a resposta super amplificada das linhas de guitarras base, como as frases na maior parte do tempo são sincronizadas e oitavadas, o som de Brave New World assume uma característica encorpada não encontrada em nenhum outro trabalho anterior do grupo. Sobre os membros da banda, Janick Gers é quem merece o grande destaque no trabalho em seis cordas, seus solos e licks emocionam até os metaleiros dos corações mais duros, principalmente nas faixas “Brave New World” e “Blood Brothers”.

Adicionalmente, Nicko entrega um trabalho recompensador, o melhor de sua carreira. Sobre um set que valoriza o timbre de cada elemento ele é o grande responsável pelas atmosferas criadas, tanto na dramática faixa título quanto na intensa “The Mercenary” o cara dá um show.

Quanto a Bruce... 

O trabalho dele no disco é excelente, mas assistam se tiverem oportunidade, o lendário show do Rock in Rio de 2001 (não “fui”, mas vi o show em transmissão ao vivo da TV fechada, na época). Sua interpretação em “Blood Brothers” arrepia até o pelo do dedão do pé! (com especial menção ao grito no final do segundo verso: “where the babies are burned”).

Harris? Harris é o maestro.

Por fim, Brave New World nasceu como um clássico épico. Algumas de suas faixas - como “The Mercenary”, “Ghost of Navigator” e “Blood Brothers” – foram integradas nos set lists posteriores da banda, e adotadas como hinos pelos fãs em seus shows;  o pacote comercial do trabalho (vídeo clipe “The Wicker Man”, mais o disco e o DVD do Rock in Rio) fez o gênero da música pesada ser lembrado novamente pela mídia principal, reerguendo a antiga bandeira rasgada de batalha e alimentando os famintos e abandonados seguidores do outrora glorioso Heavy Metal , com sonzeira da melhor qualidade.

E foi um puta de um desabafo do Metal. Ta aí o Bruce pra não deixar eu mentir:



(naquela edição houveram alguns convidados especiais muito bem recepcionados, como Carlinhos Brown e Britney Spears).

Destaques: Todas, menos “The Wicker Man” que é apenas “boa”. 

Nota: 9,7 ou \m/\m/\m/\m/\m/.

Parte conclusiva do review da Allmusic:  “ (…) but as comeback albums go, its excellence was undeniable, and announced not only Iron Maiden's triumphant return, but an important turning point in heavy metal's long, arduous climb back to respectability after years of critical abuse.”

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Megadeth - Super Collider

O álbum Super Collider, lançado em 2013 pelo Megadeth, foi escolhido para análise por The Trooper.

Faixas: 01-Kingmaker; 02-Super Collider; 03-Burn!; 04-Built For War; 05-Off The Edge; 06-Dance In The Rain; 07-Beginning Of Sorrow; 08-The Blackest Crow; 09-Forget to Remember; 10-Don't Turn Your Back; 11-Cold Sweat.

Phantom Lord
  Desde que este blog foi criado entre julho e agosto de 2010, o Megadeth lançou dois álbuns, mas só abordamos os clássicos desta banda. A idéia de trazer um álbum atual da banda é interessante para discutir não apenas as músicas como o trajeto do Megadeth. 

O último trabalho do Megadeth a passar por este blog foi o Cryptic Writings lançado em 1997, que de um modo geral recebeu boas avaliações e uma boa classificação no "ranking de discos" dos Metalcólatras. Porém se formos ler matérias e resenhas sobre aquele álbum em várias outras mídias, podemos detectar muitas críticas e comentários negativos. Como se o Cryptic Writing fosse um disquinho de música pop ou uma afronta aos "verdadeiros clássicos thrash metal" da banda. Interessante que o trabalho seguinte, lançado em 1999 (Risk), foi muito além... Apresentou uma sonoridade mais distante do que o Megadeth vinha fazendo até então (thrash / heavy metal) como se tentasse imitar o Load ou o Reload do Metallica. Daí pergunto aos críticos rabugentos: o Cryptic Writings foi mesmo um álbum comercial? Foi pop? Sem peso? Sem agressividade em momento algum? Então o que foi o Risk?? 
 Após estes trabalhos o Megadeth lançou o The World Needs A Hero ("mediocramente" recebido pela crítica em 2001) e o System has Failed (bem recebido pelos críticos em 2004) que em ambos os casos não me agradaram muito... Os 3 álbuns seguintes até que foram bem recebidos com destaque para o Endgame, o único disco desta "era" em que minha opinião talvez tenha ficado bem próxima a maioria dos críticos de música. 
 Agora em 2013, chega o Super Colider... Consideravelmente apedrejado pelos "sábios" críticos de música, como se fosse o novo Risk do Megadeth... De fato, em várias músicas do álbum é possível perceber um afastamento do estilo "thrash", o que talvez classifique algumas faixas como "comerciais"... Mas comparar com Risk? Dar notas abaixo de 5 na "escala 0 a 10"?? 
É engraçado... As vezes acho que os tais críticos não entendem p%$#@ nenhuma de música! O álbum Super Colider se arrisca de maneira INSIGNIFICANTE no que se diz respeito a se afastar do heavy metal! E não me venha com o papinho que Megadeth é banda thrash! Não é, se foi durante alguma época, já deixou de ser, e deixou de ser naturalmente, pois nenhuma banda com tantos anos de estrada que queira apresentar trabalhos novos (não repetitivos) tem que se prender a um SUB-gênero musical. 
 Afinal gênero musical serve para classificar músicas e não bandas. 
 O ponto mais distante da discografia do Megadeth ainda é o Risk... o Super Colider é apenas um pouco mais "comercial" do que o Cryptic Writing (este, que em minha opinião, ainda é um grande clássico do heavy metal)! 
 A conclusão é que o Super Colider tem seus momentos menos pesados, mais simples ou até mesmo desinteressantes, mas é (ao todo) um bom álbum. 

Kingmaker 7,8 
Super Collider 6,8 
Burn 7,5 
Built for War 7,0 
Off the Edge 7,0 
Dance in the Rain 5,9 
Beginning of Sorrow 6,5 
The Blackest Crow 7,2 
Forget to Remember 7,6 
Don't Turn Your Back 6,5 
Cold Sweat 7,4 

 Nota Final: 7

The Trooper
3Megadeth começa o Super Collider sendo Megadeth ...até demais, pois King Maker é um clone acelerado de Sweating Bullets, mas de qualquer maneira nega inicialmente os comentários de que este seria um álbum pop. Então vem a faixa título, e realmente esta música tem uma pegada mais rockzão básico, eu que me importo mais se a música é boa ou não, até que gostei. Daí vem Burn!, metalzão com a cara do Megadeth, embora eu não gostei tanto do refrão, não tem nada de pop aí. Built For War lembra os trabalhos mais antigos da banda, ou seja, novamente a crítica não se justifica. Off The Edge parece um heavy metal manjado, até comercial, mas eu gostei bastante, uma das melhores faixas do cd. Dance In The Rain também lembra trabalhos antigos do Megadeth no que diz respeito à mudanças de ritmo, é uma faixa que muda bastante no final (totalmente Rust In Peace), e carrega um dos pontos fortes do Megadeth, boa letra. Beginning of Sorrow é uma música que tem um começo meio estranho, e lembra bandas mais modernas, você pode até acusá-la de parecer numetal ou outra vertente mais comercial, mas os solos de guitarra e a letra me fazem discordar, parece Megadeth mesmo. The Blackest Crow é a melhor faixa do álbum, novamente, um show de ambientação do Megadeth, conseguem encaixar a violinha feliz em uma letra extremamente soturna (eu acabei imaginando uma casa semi-abandonada no interior dos E.U.A.).
O álbum ainda tem Forget to Remember (lembra um pouco Alice Cooper), Don't Turn Your Back... e Cold Sweat (música simples, para gente simples ... gostei) que ficam entre o heavy metal e (no máximo) o hard rock.
Enfim, bom trabalho da banda, variou bastante entre as faixas,e talvez por isso, não agrade a todos. Não chega a ser um dos álbuns épicos do Megadeth, mas cumpriu seu papel. Meu destaque vai para Off The Edge, The Blackest Crow e Cold Sweat.

Nota: \m/\m/\m/\m/

The Magician
O 14º álbum do Megadeth lançado no final do ano passado e postado aqui no blog pelo Metalcólatra Trooper me induz a escrever a resenha ordenada em dois tópicos principais.

1 - A nova fase do grupo:

O Megadeth nasceu, cresceu, fortaleceu, adoeceu, e agora convalesce.

Após a saga que foi da ascensão à queda da banda de Mustaine, essa verdadeira "instituição" do Heavy Metal americano parece ter alçado vôo em uma fase mais sóbria e estável, que se perfaz no lançamento de "Super Collider" e de seus dois álbuns antecessores (TH1RT3EN e End Game).

Desde que iniciou essa nova jornada, Mustaine vem de certa forma encaixando algumas partes mais experimentais, sem dúvidas, mas sem abrir mão dos ingredientes básicos para preparação de suas famosas iguarias metaleiras, e por causa disso os resultados de forma alguma soam como fora de contexto ou como releases forçados. Dentre esses ingredientes clássicos, dois condimentos chamam atenção - a voz mais grave, concentrada e menos "ardida" do vocalista (mas não se engane... muitas vezes ele ainda soa como um arranhar de unhas sobre a superfície de um quadro negro); e o trabalho das guitarras, pois por incrível que pareça entra ano e sai ano, o Megadeth continua sendo representado principalmente pelos seus infinitos riffs/licks/solos de distorções ultra eletrizantes.

O produto musical portanto, não economiza no peso sonoro, e entrega belas doses de virtualismo entrosado das linhas de guitarra (destaque para o guitarrista Chris Broderick ex-Nevermore) que sedimentam o disco no estilo bruto e clássico do Heavy Metal noventista. Em alguns momentos no decorrer do álbum (como nas faixas "Forget to Remember" e "Super Collider") a bateria ensaia passagens swingadas obrigando a mudança das interpretações em 6 cordas, que por osmose deixam o campo do groove de Heavy Metal característico para entrar em uma vibe de hard/rock n roll mais sofisticado e encharcado de distorção saturada.

Muito me agrada a postura e o caminho musical que o Megadeth percorre nos dias de hoje, com o lançamento de "Super Collider" e de suas duas obras que o antecedem. Sr. Mustaine mais do que nunca é um verdadeiro porta-voz do Heavy-Metal e mostra que, a despeito de outras figuras da cena, é o cara que mais parece manter o foco há um bom tempo, firme em suas escolhas sobre suas produções musicais.


2 - O Rock, e a ciência:

Ao visualizar apenas a foto na capa do CD já logo o vinculei ao tão falado Colisor de Partículas (Colisor de Hádrons), uma geringonça faraônica resultante do projeto "tera-mirabolante" do CERN (qualquer semelhança com NERV - do projeto da instrumentabilidade humana - é mera coincidência), localizado na Suiça.

Gostaria apenas de colocar esta questão ainda não explorada pelo nosso time de estudiosos do blog; o fato de o Rock e Heavy Metal flertar também com a tecnologia e com o provocante mundo da ciência aplicada. Como um produto da própria inserção da tecnologia no campo da música (mais especificamente através da guitarra, com a utilização de bobinas elétricas para captação de som sobre um corpo sólido, com a sobrecarga das válvulas amplificadoras e também com a oscilação de frequências nas distorções) o Rock' n Roll sempre foi muito competente em criar essa sintonia com a ciência, e desde seus primórdios desmistifica esses temas de difícil acesso, ou provoca a curiosidade de seus seguidores para a descoberta desses conceitos.

Após ter acesso a uma reportagem da globo.com, descobri que o professor Emerson Ferreira Gomes (USP) esmiúça essa relação curiosa do Rock, ao propor (em consonância com o discurso de outros profissionais da área) sua utilização em sala de aula como uma ferramenta de incentivo aos alunos iniciados nessas disciplinas. Seu trabalho escrito para a Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, tem viés acadêmico e pode ser encontrado na internet.

Em seu conteúdo o professor revela a importância do Pink Floyd como precursor do discurso científico na música, mas arrisco dizer que essa história começou um pouco antes, por volta de 1960 em uma conversa entre Paul McCartney e Bob Dylan, onde o americano perguntou para os ingleses sobre o que cantavam.

"- Sobre sentimentos, amor e coisas boas em geral..."

E retrucou:

"- Então vocês cantam sobre nada."

Fato é que o Rock e o Heavy Metal, a partir de certo momento ganha conteúdo, e dissemina a ciência (aqui uso a palavra em um sentido mais completo, como um "conhecimento genérico" em todos os campos) direta ou indiretamente para seus seguidores e traz dessa forma conhecimento e cultura para as pessoas, principalmente para aquelas com os ouvidos mais ávidos por conhecimento, como os mais jovens...

Ponto para o Metal, ou é isso, ou é música "sobre nada".

Destaques do CD do Guitar Hero Mustaine: "Burn!", "Forget to Remember" e "Cold Sweat".

Nota 7,7 ou \m/\m/\m/\m/.