segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Blind Guardian - The Godmachine

 O álbum The Godmachine, lançado pelo Blind Guardian em 2022, foi escolhido por The Trooper para análise.

Faixas: 01-Deliver Us From Evil; 02-Damnation; 03-Secrets Of The American Gods; 04-Violent Shadows; 05-Life Beyond The Spheres; 06-Architets of Doom; 07-Let It Be No More; 08-Blood Of The Elves; 09-Destiny




The Trooper
3
"HEAR YE! HEAR YE ALL! THE METAL BARDS ARE BACK!" É isso mesmo, meus amigos, vocês não ouviram errado o chamado do town cryer, Hansi e sua trupe estão de volta. Estão dizendo por aí que os bardos voltaram menos firulentos, então viemos conferir.
 
Vocês também devem ter notado nossa ausência. Resolvi abandonar as terras amaldiçoadas de São Paulo e cheguei após uma longa jornada às terras brasileiras na latitude zero, para iniciar um ritual em uma tentativa vã de reverter meu estado de morto-vivo, algo que nenhum lich, vampiro ou ghoul conseguiu até hoje (e nem vão conseguir). Com isso o mês de julho foi perdido, e como supostamente era minha vez de postar, meus colegas montaram em tal desculpa para deixar o blog ao Odin dará.
 
Eu ia postar no fim de agosto mas eis que eu vejo que o novo álbum do guardião cego está para sair. A data é 2 de setembro. Um mês a mais ou um a menos perdido, quem se importa? No dia 2 então comecei minha busca pela compra do álbum em mp3. Outra jornada atribulada, a maioria dos streamers, desejando aprisionar os incautos em um feitiço de assinatura, não disponibilizam a compra apenas para download. A Amazon parecia permitir, mas como sempre os estadunidenses arranjam um meio de causar dor de cabeça para os povos periféricos e não disponibilizaram uma opção de cartão para mim, assim, a opção era pagar uns 40 dólares com o frete em um cd ao invés de pagar 8 no mp3. Seres malditos.
 
O site da Nuclear Blast só tinha as diversas opções de cds. Finalmente, neste dia 5 encontrei uma opção no site da Band Camp. Simples e rápido, em sumários cliques eu já tinha as músicas no meu e-mail. Obrigado, caras. Feliz com mais 99,3 MB de dados em meu computador, transferi imediatamente o álbum para meu celular para poder ouvir o trabalho com o melhor fone disponível. Vou deixar nos comentários o link do site para que você, que como eu, deseja mandar dinheiro para o Hansi para gastar com cortesãs, uísque de 50 anos, ou com o que diabos ele gosta de gastar, consiga enviar suas peças de prata suadas. Os arquivos em mp3 são acompanhados pela arte da capa em um jpg com resolução de 1500x1500 e 516 KB de tamanho (faltou um arquivinho com as letras hein, pessoal? Não custa nada botar o estagiário pra digitar).
 
Bem, já perceberam que a resenha vai ser rasa, não? Não ouvi mais do que duas vezes e ainda sem as letras para acompanhar, mas o importante é anunciar aos quatro ventos, deixemos o Magician escarafunchar o álbum com 'tecnalidades'.
 
A primeira faixa, Deliver Us From Evil realmente passa a impressão de um álbum mais direto e é bacana. Na segunda, Damnation, eu pensei que o Magician havia sido contratado pelos bardos. Quem aqui ouviu o álbum solo de nosso odiado mago resenheiro? Certeza que ele estava em sintonia astral com os bardos quando compôs uma das faixas que não me lembro agora, cujo começo era bem semelhante a esta. Secrets Of The American Gods é um pouco parada demais para mim, mas em seguida atingimos o ápice com Violent Shadows, com certeza a melhor do álbum. Infelizmente só vamos chegar perto desse nível novamente em Blood Of The Elves.

Enfim, é verdade o que estão dizendo por aí? Talvez, mas o álbum como um todo não trouxe o mesmo impacto que um Imaginations From The Other Side, por exemplo. Pode ser que minha opinião mude com mais algumas audições. Por enquanto fico com o destaque de Violent Shadows, seguida de Blood Of The Elves.

Ah, para aqueles esperando uma faixa sobre Evangelion (o elfo gigante da capa tem até um motor S2, além de portar a lança de Longuinus), fomos decepcionados, pelo o que eu vi na Wiki, tal faixa não consta, vai lá conferir.

Nota: vou de \m/\m/\m/\m/, mesmo com futuras audições a nota não deve flutuar pra baixo de 7 ou acima de 8,9.

The Magician

Um grande álbum de retorno para o guardião cegueta, incontestavelmente com a assinatura genuína da banda que conquistou ao longo de sua longa carreira um posto muito específico e único no power metal progressivo.

A trupe germânica nos apresenta novamente as velhas qualidades sonoras de consistência e intensidade da já longínqua época de “Somewhere far Beyond”, com foco grande parte do tempo nos grooves britados das guitarras e nos pedais duplos incessantes da bateria. Esse é o tipo de “reboco” que as pautas precisam para sustentar um álbum, que mesmo sendo bastante (bastante mesmo!) criativo nas viradas de verso-bridge-refrão, de forma positiva não são exageradamente mirabolantes como em contribuições super criativas da banda nos álbuns anteriores mais recentes. Em outras palavras, é um trabalho que entrega as progressões e imersões já esperadas pelos fãs, mas não abusa desses métodos, e deixa as viagens para os solos de guitarras quando esses são mais longos; opção bastante justa para a coerência geral e para manter o interesse do ouvinte.

Existe bastante uso de camadas atmosféricas de teclado, mas esse é um fator que definitivamente não impede que o resultado final ainda seja uma tremenda paulada nos ouvidos, e, portanto, o bom senso foi usado aqui na dosagem de elementos eletrônicos (o teclado, caso você não tenha associado...), usando as linhas orquestrais como importantes componentes acessórios, mas raramente como protagonista. O protagonismo está com certeza nas guitarras, que além das sequências de grooves já citadas, interagem o tempo todo com diferentes riffs brutos que dão vida às composições, e às vezes de forma surpreendente ainda encontram meios de performar licks melódicos solfejados (essa abordagem dinâmica e polivalente pode ser bastante percebida em “Violent Shadows”). Reparem que às vezes, tamanho foi o espaço dado aos guitarristas nesse trabalho, podemos confundir os sets de guitarra com timbres emulados por teclados, como é o caso de grande parte de “Life Beyond the Spheres”, que progride integralmente sobre os fraseados melódicos e super distorcidos das guitarras.

Muito consistente no composto geral, “The God Machine” nas primeiras cinco audições se negou a me revelar destaques isolados, mas acurando as audições pude por fim garimpar as jóias ocultas, que estou beirando chamar de verdadeiras obras primas da banda. Aliás a banda foi muito generosa com seus fãs mais ‘raiz’, ao retornar para as fórmulas mais clássicas de músicas agressivas, que estão com certeza nas pautas de “Damnation”, Blood of Elves”, “Violent Shadows” e “Architets of Doom”, mas sinceramente o que mais agradou foram os momentos “mais diferentes” (mas ainda muito Blind Guardian way of life) de desaceleração das cadências com muita qualidade nas já memoráveis e icônicas (pra não ter que usar ‘épicas’) “The Secret of American Gods” e principalmente em “Life Beyond the Spheres”.

Menção honrosa também para a meio-balada “Let it Be No More”, e para partes de pura excitação descabelante como os ritmos contagiantes das pautas 2/4 bate-estacas de “Destiny”, no solo exuberante de guitarra em “Architets of Doom”, e principalmente no fraseado insano do solo de guitarra de “The Secret of American Gods” que começa aos 4:00 minutos da música mas que explodiu meu cérebro aos exatos 4:28 da faixa.

Mesmo sem expectativas reais de novidades nesse mundo aos meus 400 anos de idade o Heavy Metal ainda continua me aprontando dessas.... obrigado de coração ao Blind Guardian, e um obrigadinho fajuto ao Trooper que postou o álbum aqui.

Nota 8,8 ou \m/\m/\m/\m/.