sábado, 29 de fevereiro de 2020

Diamond Head - Lightning to the Nations

O álbum Lightning to the Nations, lançado pelo Diamond Head em 1980, foi escolhido por The Trooper para análise.

Faixas: 01-Lightning To The Nations; 02-The Prince; 03-Sucking My Love; 04-Am I Evil; 05-Sweet And Innocent; 06-It's Electric; 07-Helpless; (08-Shoot Out The Lights; 09-Streets Of Gold; 10-Waited Too Long; 11-Play It Loud; 12-Diamond Lights; 13-We Won't Be Back; 14-I Don't Got)*
* Versão 'nefasta' que o Pirika odiou


The Trooper
3
Ainda bem que temos um dia a mais em fevereiro nos anos bissextos, ou este post não sairia.

Para um dia fora do comum, nada como um post fora do comum. Diamond Head é uma banda que conheci através do Metallica, e não havia escutado mais do que uma música original até hoje.

Ainda pensei em postar um álbum do Holocaust, pois a música que mais gosto do álbum de covers do Metallica é Small Hours, mas o álbum a que ela pertence, Hypnosis of Birds parece legal mas é paradão demais para o meu gosto.

Bem, Lightning to the Nations (LttN) é um álbum bem difícil de avaliar. Primeiro porque é difícil de desvincular as versões do Metallica da análise, segundo porque a banda gravou o álbum em sete dias com um selo próprio. O baterista e o vocalista parece que estão dentro de uma caixa de sapato (lembra a gravação das músicas da minha 'banda' feita com um aparelho de som portátil duplo deck). E por fim, a banda varia bastante o estilo dentro do seu primeiro trabalho.

LttN começa com a faixa que acabou dando o nome ao álbum e em seguida vem com The Prince. É um começo bem pesado, e quem ouviu o Garage Inc. pode reconhecer em The Prince mesmo que os safados do Metallica escolheram as melhores faixas para fazer cover.

O lado B da bolacha vem mais leve do que o A. Se você levar em conta que as influências dos caras eram Sabbath, Deep Purple, Led ... etc. Fica claro que a pegada começa Sabbath e termina em Led.

Waited Too Long e Diamond Lights são muito Led, em alguns trechos dá pra lembrar de Purple, e a parte mais pesada que lembraria Sabbath ficou bem distinta, esse parece ser o núcleo verdadeiro do que é Diamond Head.

Enfim, vale a pena conhecer, e por que não, guardar no hd.

O destaque, é claro, vai para Am I Evil, que é uma música bem legal.

Nota: \m/\m/\m/\m/


Phantom Lord
Desnecessário dizer que metade dos "roquistas/ metalbangos" do mundo ouviram só o cover de "Eu sou Mau?" e o "Príncipe" pelo Metallica. Mas nem por isso precisamos desmerecer a banda proprietária destas músicas: a Cabeça de Diamante... 
Eu acho... 

O álbum começa com a faixa título que é uma música claramente comercial - clichê do gênero (chame de rock ou heavy metal, tanto faz). A faixa seguinte, The prince, é sonoramente mais elaborada e embora longa, com alguns trechos cafonas e letra de um idiota obsessivo por se tornar rico (Streets of Gold deve seguir linha parecida?), a faixa até é legalzinha. 
Aqui um parênteses: Já é possível notar a produção tosca do disco. Não condeno, afinal não sou o Magician e entendo das limitações da maioria das bandas iniciantes da época. Aí caras como o Magicha diriam: mimimi, o Van Ralo tava começando e tinha uma produção boa. Até concordo, mas os caras deviam ser ricos ou bruxos, sei lá! 

Continuando com o álbum Raio pras Nações... Aí vem a música Chupando meu Amô com mais de 9 minutos de duração. Tá eu sei, os jovenzinhos (na época) queriam dizer que bimbaram pra caramba, colocaram gemidinhos metidos à Led Zeppelin na música e tal, mas... Que merda! Na melhor das hipóteses, esta faixa parece um amontoado de experimentos musicais sem criatividade e a música anterior, que é melhor, tem mais de 6 minutos... Então vem a posterior com uns 7 minutos! Chamo isso de querer dar o passo maior que a própria perna. Desnecessário para um álbum tão cru. E devia ser mais desnecessário para quem acha que todas bandas da época deviam ter uma produção melhor... Apesar dos pesares, Ama aí Evo é um crássico imortalizado pela banda de metal mais pop(ular) do mundo, o tal Metal lica... A produção simplória sem distorções de guitarra perceptíveis e o vocal sem tons agudos ou graves, sem grande alcance ou variação, deixa a música quase sem peso. Uma pena, tinha potencial para ser mais sonoramente pesada. A faixa 5 é passável, mas a seguinte (It's Electric) é melhor, na verdade acho que o Metallica também fez um cover (mais sem graça) desta música. E falando em cover, na sequência tem Helpless, uma música bacana que também foi regravada pelo Metallica... 

O álbum segue mediano, sendo os melhores pontos da "2ª metade", Shoot Out the Lights e We Won't be Back (esta última deve ter inspirado o Motorhead a gravar Another Perfect Day). 

01-Lightning To The Nations; 6,8 
02-The Prince; 7,0
03-Sucking My Love; 5,0
04-Am I Evil; 7,5 
05-Sweet And Innocent; 5,8 
06-It's Electric; 7,3
07-Helpless; 7,3 

(Faixas bônus do Relançamento):
08-Shoot Out The Lights; 7,0
09-Streets Of Gold; 6,5 
10-Waited Too Long; 6,0
11-Play It Loud; 6,8 
12-Diamond Lights; 5,0
13-We Won't Be Back; 7,0
14-I Don't Got 6,5 

Concluindo: A banda parecia ter algumas boas ideias, o álbum certamente não é ruim como um todo, mas talvez tenha faltado um pouco de técnica (principalmente nos vocais), sorte e... Produção, certo? 

Nota corrigida, contando só até a 7ª faixa: 6,8 (versão original do álbum)

P.S.: Este álbum tem potencial, tanto que a mega pop banda Metallica fez "x" covers dele, MAS um trabalho deste tipo deve atrair muitos tiozões, sejam metidos a troo ou scavengers (carniceiros) de discos velhos, principalmente no Brasil, um país cheio de baba ovo de gringo. Se um de vocês metau ruts, tiozão-saudosista-chato-pra-caralho, quiser criticar minha resenha, fique à vontade... A importância de tal crítica nula.



The Magician
A música, assim como a maior parte dos campos de estudo registrados ao longo das eras pela curiosa raça humana, faz parte de um corpo de conhecimento contínuo que se constrói com o passar do tempo com base na informação escrita previamente, consolidada e organizada.  Em outras palavras, algo que você escuta hoje no cenário popular da música, é uma camada de experimentação e conjunção sobre inúmeras miscelâneas harmônicas, melódicas e rítmicas que foram compostas e testadas por outro artista qualquer em algum momento no passado desse trabalho.

Citar tal obviedade parece ser ridículo caro amigo metaleirinho que nos lê, mas não é.

Isso porque em um cenário musical ‘vitrinesco’ (inventei mesmo), e de muita exposição, como acontece com a música pop em geral (inclui-se o Heavy Metal, para quem não sabe, tá?), escolhemos os ídolos como se realmente fossem semi-deuses iluminados e tocados pelo “dom” e o talento musical. E embora ser arrogante faça parte de ser um Metalcólatra, dessa vez eu não vou vestir meu manto de senhor da verdade para cravar que esse negócio de dom é uma verdadeira balela, mas que esse álbum do Diamond Head é um ótimo material para essa análise, ah.. é sim senhor...

Lightning to the Nations, o debut do Diamond Head é o resultado de uma soma de escolhas desastradas dos seus autores, quanto à decisão sobre a gravadora, tempo de gravação, duração do álbum e qualidade de produção, mas ainda assim com algumas composições de rara criatividade conseguiram chamar a atenção de personagens do meio que jogaram um merecido holofote para a banda inglesa naquela ocasião. Nascida em meados dos anos 70 e debutando em 1980 (assim como o Iron Maiden fez) o Diamond Head era mais um player do NWOBHM, e como tal, influenciou as bandas da Bay Area de São Francisco. 

E aqui entramos no cerne dessa história; quando o Metallica, banda apontada como uma das primeiras do movimento “thrash metal” norte americano, e uma máquina de $$$ dos dias atuais, gravou quatro covers da banda inglesa para distribuir entre suas demos e EP’s de divulgação. Não é exagero dizer que a influência do Diamond Head moldou boa parte do embrião do Metallica em sua fase pré ‘Kill’em All’, com contribuições que iam além dos covers de “Am I Evil”, “The Prince” e “Helpless”; “Shoot Out the Lights” e “Sucking My Love” (regravada também em bootlegs dos californianos) podem ser identificadas facilmente nas composições selfmade “Seek and Destroy” e “Hit the Lights”, verdadeiras estampas da “marca” Metallica. 

Quando desmembramos o histórico desses movimentos com o distanciamento dos anos e com a leitura correta dos dados, vemos que o julgamento comum de uma “verdadeira jóia” do Heavy Metal, como o Kill’em All, pode ser nada mais do que uma supervalorização de um trabalho criado sob influências bem específicas da banda naquela época.  Portanto, aqui enfatizo o meu discurso que cada parte desse todo que analisamos, e que chamamos de Heavy Metal, deve ser valorizado de acordo com sua respectiva contribuição, e Lightning to the Nations foi definitivamente uma grande contribuição para o segmento da música pesada. 

Sobre o álbum, vale destacar as criações e a interação das guitarras nos riffs e solos (ainda que sob uma impressão de timbres bastante toscos) e a condução rítmica da maioria das faixas que flerta em alguns momentos com um estilo punk (acontecia com certa frequência no NWOBHM) e dá liberdade ao uso do vocal “sem pautas” que o Diamond Head escolheu na maioria das canções. A criatividade fica muito clara nas faixas já citadas acima e reutilizadas pelo Metallica, tal como na faixa “It’s Eletric” (gravada posteriormente no Garage Inc., dos norte americanos), o que mostra que havia qualidade de composição no grupo britânico. Os pontos baixos vão para os vocais enjoativos e super limitados que nessa disposição de longa duração apresentada no álbum, ficaram extremamente irritantes.

Nota 6,5 ou \m/\m/\m/.


P.S: Eu vou entender e até quem sabe, concordar com você, caso use um argumento contrário do tom do meu texto do tipo: “quando o cara pega algo que ninguém dá valor e coloca seu talento sobre isso transformando em um material referencial e bombástico, isso também demonstra que possui um dom artístico..”, nesse caso, só não vem me falar merda sobre a “verdadeira música sai do coração”.



Pirika
Todo mundo sabe que o Diamond Head ficou famoso por causa do Metallica, não tirando os vários méritos que eles tiveram no cd de 1980 (o que tem o cover postado abaixo, não essa versão nefasta que o Trooper nos presenteou), porém it is what it is então não me irei me atentar a como o Metallica por tabela influenciou Diamond Head para todos seus seguidores e coisas do tipo e vamos nos atentar ao álbum.



O álbum pode ser facilmente dividido em duas partes, a primeira que vai até Helpless e a segunda que poderia ser facilmente esquecida, não que ela seja de todo ruim mas simplesmente não está no mesmo patamar da primeira.

Apesar de termos nos vocais desafinados de Sean Harris a parte mais fraca musicalmente falando, o lado A é de ótima qualidade com quase todas as músicas tendo seus covers feitos pelo Metallica e com razão. Aqui temos de longe os pontos altos do cd como The Prince, Am I Evil? e Helpless.

O lado B do álbum possui em excesso o maior defeito do lado A: O arrastado e desafinado vocal (LTTN, It's Eletric). Aqui temos isso acontecendo em praticamente todas as músicas com exceção de Waited Too Long, que é a música mais intrigante deste álbum, praticamente deslocada do resto porém uma boa música. De resto nesse lado B podemos citar uma influência muito mais voltada para o rock, os destaques positivos para Shoot Out the Lights, Steets of Gold e Play it Loud. Por último porém não menos importante precisamos citar a desafinação ímpar em Diamond Lights, coisa horrorosa.


Top 3: Am I Evil?, The Prince e Helpless. Shame Pit: We Won't be Back.

Nota: 6,9

PS: Ainda bem que quem saiu do banda foi o Harris e não o Tatler, dessa forma o Diamond Head ainda respira.