segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Whitesnake - 1987

O álbum "1987" lançado pelo Whitesnake em 1987 foi escolhido para análise por Phantom Lord.



Phantom Lord
Ao meu ver o Heavy Metal é um gênero musical pertencente ao estilo musical do Rock, que dentro de uma "árvore filogenética" poderia ser chamado de família do Rock, porém o termo Rock possuí diversos outros gêneros e por isso é muito amplo para classificar músicas. Isto explica a criação de "zilhões" de gêneros e sub gêneros (que eu chamaria de espécies) musicais dentro desta "família" musical. Se formos aplicar o termo Rock para classificar as músicas das bandas The Beatles, The Rolling Stones, Cream, Deep Purple, Nazareth, Creedence, Queen, Kiss etc... Já poderemos ver diferenças enormes entre os trabalhos classificados em um mesmo estilo. Imagina classificar Sepultura, The Beatles, Angra e Ramones num mesmo grupo (ou rótulo) musical... Não dá. 

 Digamos que o Rock já era dividido em gêneros antes do surgimento do Heavy Metal: Rock and Roll, Psychedelic rock, Punk Rock, Progressive Rock, Hard Rock etc... Um dos estilos mais influentes no Heavy Metal foi o Hard Rock, (vide Def Leppard, Saxon, Armored Saint, entre outras bandas) e talvez isto explique porque em meados dos anos 80, o Hard se popularizou tanto, se tornando um turbilhão cintilante denominado de Glam Rock que tragou diversas supostas bandas de Heavy Metal! Nos anos 80 podemos ver diversas bandas de Hard Rock e de Heavy Metal, que se afundaram no movimento Glam em busca de sucesso e grana, como: Saxon, Virgin Steele, Def Leppard, Van Halen etc. Mas o que define os gêneros musicais e seus respectivos sub-gêneros? 

Bom, estamos falando de música, então primariamente temos que considerar elementos musicais: No caso do Glam, podemos notar estruturas musicais simples, com momentos de complexidade reservados aos solos de guitarra, produção dos discos (mais comerciais / pop?), os sintetizadores / teclados, bateria que soa "eletrônica" etc. (Creio que tal levantamento de dados seja tarefa para supostos músicos do blog). Secundariamente podemos considerar os temas, letras de música e talvez o visual das bandas. No glam dos anos 80, os temas eram óbvios: Amor / romance / chifradas / sexo / putaria etc etc. 

Finalmente chegando ao álbum, pergunto, se várias bandas de Hard e Heavy se afundavam neste novo gênero um tanto momentâneo (o Glam foi mera moda de um modo geral), porque alguma banda faria um caminho praticamente invertido? Netsa época o Whitesnake lançou o álbum 1987, escolhendo se aproximar do Heavy Metal no que se diz respeito aos elementos muicais: estruturas musicais mais complexas, solos virtuosos e distorção pesada, (comparando com seus trabalhos anteriores e com outras bandas de Hard Rock). Porém o tema de suas músicas continuaram o mesmo de sempre: "Love". 

 Críticos de música da época (como Allmusic etc) classificaram o álbum 1987 como um híbrido de Hard Rock e Heavy Metal. E para o Whitesnake este álbum foi um sucesso comercial absurdo, superando até mesmo seus dois discos antecessores (Saint n Sinners e Slide it In que continham vários clássicos da banda) mesmo cedendo um pouco do estilo Hard Rock da banda ao Heavy Metal! 

Particularmente, demorei vários anos para apreciar a sonoridade de algumas músicas do Whitesnake, isto porque eu devia ser um moleque metaleiro metido a "true" como o Mercante é até os dias de hoje, mesmo sem saber o que está ouvindo. Mas falando do meu colega Mercante, uma vez quando ouvimos uma música do Whitesnake numa estação de rádio entre 2002 e 2004 ele me disse uma verdade: o Whitesnake poderia substituir mais da metade das palavras Love de suas músicas por Kill ou Hate. Daí talvez o Whitesnake passasse a ser uma "baita banda de Heavy Metal"... Vai saber né, o Whitesnake já até lançou capa de disco com arte de mulher nua a lá Manowar, talvez com uns pequenos ajustes este álbum ficaria melhor do que muitos outros de bandas "troozonas":



 Ainda aproveitando a sessão de alfinetadas, relembro os leitores aqui, que se o Mercante se recusar a entender a "metalização" deste disco do Whitesnake, provavelmente o Magician, um músico frustrado condenado ao mundo corporativo e viciado em produção musical e distorções de guitarra pós oitentistas, deve concordar que o 1987, ao menos, é bem mais heavy metal do que o Fighting the World do Manowar lançado no mesmo ano. Na verdade, creio que o Magician afirmará que o 1987 é "mais heavy metal" do que o Stained Class do Judas Priest, afinal ele nem deve ter escutado os álbuns do "truzíssimo" Manowar gravados entre 83 e 88. 

 Finalizando a resenha, destaco a porrada na orelha Children of the Night, a regravação metalizada da Crying in the Rain e a virtuosa Still of the Night. Os pontos fracos ficam a cargo das nada "metalizadas", mais lentas / pops e/ou "Glamourizadas": Is This Love e Dont Turn Away. 

 "Crying in the Rain '87" 8,1 
"Bad Boys" 8,0 
"Still of the Night" 8,8 
"Here I Go Again '87" 8,0 (ainda bem que o teclado fica ofuscado depois dos 1:00...) 
"Give Me All Your Love" 7,8 
 "Is This Love" 6,8 (hit de consultório, via estações de rádio como a Alfa FM...) 
"Children of the Night" 8,2 
"Straight for the Heart" 7,6 
"Don't Turn Away" 6,0 

 Nota Final: 7,7

The Trooper
3Vai ser difícil avaliar este álbum, por ser temático, e por ser uma temática que se encaixa em momentos específicos, pior, este álbum é de uma BANDA temática. Mas vamos lá, abordando primeiramente a temática: amor, o Whitesnake foca totalmente nessa temática, e eu acabei de afirmar que essa temática se encaixa em momentos específicos. Até aí, tudo bem, como citei em outras resenhas, como a de Chaos AD ou a do Demons & Wizards, às vezes você quer ouvir um som apropriado para aquele momento. Para mim entretanto tenho que afirmar que eu já ouvi mais Whitesnake, mas foi uma banda que eu fui ouvindo menos, menos e menos, e hoje se encontra quase no ostracismo das minhas seleções.

E o motivo não é só a temática com letras melosas, ao contrário do que o Phantom afirma, eu não vejo essa ligação óbvia com o heavy metal, ainda mais o flerte propriamente dito. Sim, o guitarrista esmerilha nos solos de guitarra, muitas das músicas aceleram bastante o ritmo, mas não é o bastante. Parece que as distorções escolhidas e mais ainda, a produção do álbum, foi voltada para focar nos vocais (e portanto letras), vocais aliás, de boa qualidade, mas mesmo assim, para mim, este é um trabalho totalmente hard rock, e não um hard rock de farra e putaria como Guns ou AC/DC, mas um hard rock meloso. 

Enfim, não há como negar a qualidade do trabalho em questão, mas você tem que estar no pique para ouvir. Estando no pique, meu destaque vai para Still Of The Night, Here I Go Again e Is This Love, músicas realmente grudentas e de qualidade superior ao restante do cd (que não é ruim, mas fica um pouco abaixo). 

Nota: \m/\m/\m/\m/ 

p.s.: Para mim, Whitesnake sempre terá uma enorme semelhança com Van Halen, então, se você curte muito um desses, já recomendo automaticamente o outro.



Hellraiser
3Eu acredito que sempre que escutamos pela primeira vez um álbum de uma certa banda, esse álbum ganha uma certa posição de destaque na sua vida, …...comigo foi assim com varias bandas, …...e com o Whitesnake não foi diferente. Minha primeira audição inteira de um disco deles foi com o Saints and Sinners, o que pra mim é um otimo disco de puro Hard Rock, ...cru, simples, direto, mas com as melodias e os LOVES sempre presentes nos discos deles. Isso aconteceu por volta de 1985, quando tinha conhecido a banda pelo Rock in Rio e estourou aqui o maravilhoso álbum Slid it In de 1984, o qual realmente trouxe a banda ao verdadeiro mainstream, repleto de sucessos, e que pra mim, são os dois melhores discos da Cobra Branca, esse ultimo com um pouco mais de peso, distorção e boas melodias do grande John Sykes, …. ai temos um disco sequente ( que vou pular por enquanto ), e vem o terceiro ( pra mim ) melhor disco da banda, o altamente trabalhado Slip of the Tongue, que conta com nada mais nada menos que Steve Vai na guitarra e ainda o tambem talentoso Adrian Vandenberg, sem contar os mestres Rudy Sarzo e Tommy Aldridge ( que time hein ), o que se transformou num álbum ( alem de comercial tambem ) muitissimo trabalhado e com boas doses de peso ( vide faixa titulo, por exemplo e a maravilhosa Judgment Day ), ...ai voltamos ao trabalho de 87, ….o ( tambem ) altamente comercial Whitesnake 87 ou apenas Serpens Albun, que tem algumas coisas boas e pesadas como Still of the Night, Children of the Night, Bad Boys, a super conhecida Give Me all your Love Tonight, presente nas ( ainda liberadas ) propagandas de cigarros pra esportistas. Ai temos os pontos fracos ( e bem fracos ), …..as super mega extrema hyper mela cuecas Is this Love e Dont Turn Away, e as duas pessimas versões para as classicas do Saints and Sinners, Crying in the Rain e Here I go Again, totalmente sem graça, o que pra mim, já não aconteceu com a versão de Fool for your Loving do Slip. Nota 6,3

The Magician
Para mim o Whitesnake é uma daquelas bandas detentoras de um assento acima do bem e do mal, seus diversos trabalhos geraram muito mais do que 4 ou 5 clássicos para uma geração. A banda de Mr. Coverdale na verdade ajudou a dar contorno à uma época inteira do rock'n roll, e se tornou uma das protagonistas do verdadeiro Hard Rock, que durante os anos 80 foi elevado em níveis absurdos de popularidade.

Essa peça em exposição - o disco Whitesnake 1987 - é uma das generosas contribuições para a década oitentista e sua voluptuosa (melhor palavra que encontrei para ilustrar a musicalidade libidinosa e contagiante daquele movimento e época) manifestação do Hard Rock, sendo que não é exagero dizer que diversas de suas músicas foram tocadas exaustivamente nas rádios de todo planeta. 

Neste trabalho residem clássicos impagáveis como "Bad Boys", "Give me All Your Love", "Children of the Night", a progressiva e pesada "Still of the Night" (dedo de Blackmore) e a mais emocionante canção do eixo rock/metal de todos os tempos "Is This Love"... tá bom pra você? 

Não tem muito o que adicionar, as músicas são espetaculares com Sykes distribuindo partes inspiradas de composições de guitarras por todo o álbum enquanto Coverdale desfrutava de seu melhor momento como vocalista. O ponto fraco é que os teclados podem ser encarados, ao escutarmos o disco nos dias de hoje como datados e meramente ornamentais, sem contribuição real às melodias, mas era uma imposição da época.

Obviamente dentro de um panorama super comercial o Whitesnake não poderia deixar de ser parte da estratégia da indústria milionária da música, e isso se reflete nas revisões das já mega populares "Here I Go Again" e "Crying in the Rain", pra mim desnecessárias no álbum, embora eu não ache que aqui sejam versões desastrosas das originais. O fato é, que embora os produtores da época tenham despejado muita porcaria no público geral durante os anos 80, no caso do WS havia muita gente competente envolvida com a banda. O maior motivo talvez, seja o fato da envergadura de Coverdale como ex-Deep Purple, o que lhe rendeu ótimas formações de bandas ao longo da sua carreira capaz de causar inveja em qualquer super seleção musical do rock (Steve Vai, Doug Audrich, Rudy Sarzo, Ian Paice, Cozy Powell, Tommy Aldridge, John Lord foram membros do WS.... , só pra citar alguns nomes).  

Fora o Curriculum, David C. foi (e ainda hoje é surpreendentemente capaz) um dos melhores vocalistas da história do Rock'n Roll, na minha lista particular ocupa um lugar entre os cinco melhores de todos os tempos. 

Nunca escondi de ninguém meu gosto pelo Hard Rock, e já repeti diversas vezes nesse blog que o Hard Rock é o "coração do Rock Roll" se manifestando da forma mais expressiva possível, ou seja, Rock espremido até sua última gota. Digo isso porquê vejo no Hard Rock a interpretação do rock clássico com menos blues e muito mais distorções, swing e técnica (vocal e instrumental), ao tempo que o estilo não chegou a modificar a estrutura rítmica de forma traumática como o Heavy Metal fez.

Você pode até achar que o Whitesnake não tem nada a ver com Heavy Metal, mas não foram poucos Metaleiros que se inspiraram em Coverdale, Sykes ou Vanderberg quando gravaram suas próprias obras, e sob um certo ponto de vista o Trash e o Death Metal nasceu como um contra-movimento do Hard Rock comercial daqueles anos...  sem HR sem Metal Extremo (?).

Nota 8,2 ou \m/\m/\m/\m/.

P.S1: Certa vez fui ver o WS em uma casa de shows extremamente lotada em SP. No momento apoteótico da apresentação, dentro da casa completamente apagada e iluminada apenas pelas luzes dos isqueiros e celulares do público, David Coverdale irrompe o silêncio com sua doce voz aveludada, com a frase inesquecível:

" - São Paulo....................................................... Amor!"

E então despertam os primeiros acordes de "Is This Love". 

O público obviamente foi a loucura, e presenciei muito tiozão motoqueiro e barbudo soltar a franga.

P.S.2: Momento inesquecível, mas como um bom Metalcólatra observei tudo isso isento à qualquer emoção...

P.S.3: Ainda bem que usamos os alter-egos no blog.......  

8 comentários:

  1. Você virou um "balde" de verdades nesse post, Phantom....

    CD ABSURDAMENTE BOM no blog, e eu achava que nunca mais daria notas acima de 8,5 (ou 9) aqui no blog... vamos ver.

    Você esqueceu de citar bandas "super true" de Metal que também vestiram cintas-ligas e passaram batom nos anos 80-90, como Pantera e Grave Digger...

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  2. Vou explicar o por que da minha pressa em resenhar este disco, ......é apenas pelo fato de eu conhecer esta obra de traz pra frente, escutei muito esse album, e tenho ele na cabeça, ....infelizmente alem de gostar pouco, não achei necessario re-ouvi-lo para resenha-lo !!!
    Magician, ...nota 9 ??????
    Putz......kkkkk

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  3. Para quem está em dúvida: A imagem da resenha é uma mescla das artes dos ábuns Love Hunter (Whitesnake) e Triumph of Steel (Manowar). Qual seria um nome para esse álbum? Love Thunder?

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  4. Tem um efeito aí na caixa da bateria não? Parece uma piscina, splashhhhhhhh, splashhhhhhh. splashhhhhhhhhhhh

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    1. Parece que tem algum efeito sim, mas acho que o ápice da bateria cafona oitentista pode ser notado no álbum Turbo do Judas, principalmente na música Turbo Lover...

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  5. As baterias mais bizarras são a deste trabalho como citou o Trooper, ...a do Turbo como citou o Phantom e eu incluo mais uma na citação, .... a do Fighting the World do Manowar, ....os efeitos são tão bizarros que chegam a parecer bateria eletrônica !!!!!

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  6. Esqueci de comentar: meu primeiro contato com o WS foi aos 15 anos escutando a rádio pirata de Heavy Metal da região chamada Expresso FM, que em sua programação normal podia se escutar coisas como Power Slave, Make Believe ou Soul Surviver...

    Tinha um programa deles que se chamava "Os Brutos Também Amam", onde bandas como o Scorpions, Led, e o WS eram as mais tocadas, rsrsrsrs

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