O álbum Rescue, lançado pela banda Shaman em 2022, foi escolhido por Magician para análise dos Metalcólatras.
Faixas: 1 - Tribute (Intro); 2 - Time Is Running Out; 3 – The “I” Inside; 4 – Don’t Let It Rain; 5 – Where Are You Now?; 6 – The Spirit; 7 – Gone Too Soon; 8 – The Boundaries Of Heaven; 9 – Brand New Me; 10 – What If?; 11 – The Final Rescue; 12 – Resilience
The Magician
“Auspicioso”, a palavra com certa conotação mística (ou por que não, xamânica), que evoca o sentimento de boa sorte ou bom momento, é exatamente o que define esse lançamento da nossa querida banda brazuca.
No ano de seu vigésimo aniversário, o Shaman traz à Luz o trabalho “Rescue” (resgate), praticamente 2 anos após a morte do maestro vocalista repatriado André Matos, para literalmente resgatar seus projetos com um trabalho extremamente sólido, a ponto de permitir grandes planos para a banda no futuro. As datas e a banda falam com minha história como “metaleiro” de um modo muito particular (como já mencionei várias vezes aqui no blog em resenhas relacionadas ao André (R.I.P), Angra, Viper e Shaman), mas nesse caso não somente por causa do André Matos; Esse ano completei 40 anos, entrando oficialmente no time das pessoas velhas desse mundo, e fazem 20 anos – em 2002 – que fui com 20 anos de idade (tardiamente) no meu primeiro show de Heavy Metal no Via Funchal em SP, justamente no primeiríssimo show oficial da banda Shaman no lançamento do seu debut. Ou seja, eu comemoro junto com a banda de 20 anos de existência (não contínua, fato), meus 40 anos e meus 20 anos de presença em shows de heavy metal, por isso, já providenciei a compra dos ingressos para a apresentação da banda na Audio aqui em SP, em julho..... auspicioso!
De qualquer modo esse trabalho é emancipado da sua dependência pela nostalgia dos fãs, ele “fala” por si mesmo, e que pusta trabalho grandioso do cacete! Estou realmente feliz pelo que a cena nacional produziu recentemente com o Angra (Omni), com o Edu (Veracruz), e agora com o Shaman, o que automaticamente nos sugere um promissor futuro de bons trabalhos pela primeira vez em muitos anos no power metal nacional. Auspicioso! E vale a pena citar que desses – ótimos - três trabalhos nacionais recentes, o que mais gostei, sem dúvidas foi o ‘Rescue’.
Nesse trabalho do Shaman (também como notei no Omni do Angra), a sonoridade geral tira um pé daquele estilo mais enraizado do power metal europeu (p.e. “Pride” do primeiro álbum) para entrar cada vez mais no estilo power-progressive metal americano (Dream Theater, Savatage e Queensryche), mas preservando muito, muito mesmo, de sua assinatura original de “Ritual”, ou seja, com inúmeras referências à sonoridade da cultura pré-colombiana. Independente dessa classificação de subgênero (que, na verdade, tem muito mais a ver com os cuidados da produção com as suntuosas camadas encorpadas de teclados, com as distorções mais parrudas do que o habitual nos sets de guitarras, e principalmente com a cadência contida e bem alternada da bateria) sugiro esse trabalho para qualquer um que aprecie o verdadeiro e genuíno heavy metal com aquelas melodias memoráveis, que é o que mais se encontra nesse trabalho.
A incrível (mas já costumeira) produção do alemão Sascha Paeth, reboca todas as linhas para uma única e grandiosa parede sonora, sem grandes sobressaltos, a ênfase é muito mais nas partes das composições do que em algum dos instrumentos, em outras palavras, o produtor é um verdadeiro “equilibrista”, e inibe as individualidades desses músicos monstruosos, em prol de dar vida à personalidade da banda. Isso não quer dizer que não se possa escutar o talento bruto dos autores de cada linha instrumental (e vocal); Luís e Ricardo já deviam ter uma estátua (nem que fosse na galeria do Rock) pelo que construíram, e pelo visto continuam construindo aqui em ‘Rescue’, com uma cozinha que é “só” responsável por mais uma obra prima do metal nacional; Hugo tem um protagonismo crucial na obra ao acrescentar suas estilosas criações solistas bastante condizentes com o ‘core’ das composições, enriquecendo-as com linhas super expressivas de timbres venenosos que por onde passam emocionam (aliás, sem querer comparar o seu estilo com os compatriotas-super-saiyajins das guitarras, mas já comparando, como é bom escutar uma banda e um guitarrista que se importa sim com os solos de guitarra, mas que não precisa comprimir 25 notas por segundo pra mostrar isso... dá gosto de escutar a economia na produção de uma nota sustentada na escala no fraseado, ao invés de um trinado ou um sweep de 5 notas. O som do Hugo me lembra muito os estilos de grandes lead-guitars que dão preferência aos solos mais curtos e muito mais expressivos, como Roland Grapow e Adriam Smith*); Fabio Ribeiro faz um trabalho providencial na contribuição geral da atmosfera e do conceito do álbum; e Alírio, bom, basta agradecermos a presença do cara na banda, que simplesmente fez ser possível a existência dessa joia rara que é o álbum “Rescue”.
Importante não comparar o atual vocalista com André ou com outros da cena de power metal, pois Alírio tem sim grande extensão e potência vocal, mas o que se sobressai é seu estilo próprio e único que traz mais uma generosa contribuição ao Heavy Metal como um todo (já pensou a gente perder um talento desses para o sertanejo???? Calem suas cornetações!!).
Sobre as letras, são bastante simples e abstratas normalmente fazendo reflexões ao sentimento de perda, luto e dor (como descrito no próprio site oficial da banda); de fato, tem muita relação com a despedida ao maestro – fica muito claro na faixa que o homenageia, em “Gone too Soon” - , mas existem passagens e versos com conteúdo mais “específico” como a faixa de abertura “Time is Running Out” (que ainda assim é um pouco abstrata).
Muitos destaques dignos de nota: “Time is Running Out”, “The “I” Inside” (se atentem à regressão caída da música e aos dois solos de guitarra de Hugo), “Where Are You Now”, o refrão grudento de “The Spirit”, “The Boudaries Of Heaven”, “What If?”, e “Resilience” (rapaz... me borrei todo escutando essa música... que coisa linda!).
Nota 8,8 ou \m/\m/\m/\m/.
Pirika
Essa história do estilo de Hugo parecer do Steve Rothery do Marilion pra mim é papagaiada... os "entendidos", como o Vitão Bonesso, devem afirmar essa bobagem para tentar agradar o Hugo, que também o tem como uma de suas referências... pra mim não tem nada a ver!
ResponderExcluirEu acho é que vocês dois me enganaram! Quero meu dinheiro de volta ou vou postar reclamando muito no Twitter!
ResponderExcluirVocê tem fobia a música boa, rapaz!
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