sábado, 16 de novembro de 2019

Ozzy Osbourne - The Ultimate Sin

O álbum The Ultimate Sin, lançado em 1986 por Ozzy Osbourne, foi escolhido por Phantom Lord para análise.



Phantom Lord
Já que ninguém posta há quase 3 meses, decidi trazer a este blog um álbum que considero subestimado: The Ultimate Sin de Jake E. Lee... Ops! Eu quis dizer de Ozzy Osbourne. Embora minha música favorita da carreira "solo" deste cara, seja a "Bark at the Moon", o álbum homônimo é medíocre e indigno de resenha como um todo, pois se resume a faixa título. 

Pois bem, lembro-me de ter lido algumas resenhas sobre álbuns do Ozzy e The Ultimate Sin parecia ser taxado de "álbum comercial" e/ou "passável". Talvez a produção do trabalho remeta às vertentes mais populares do rock / metal dos anos 80, mas grande parte das músicas são de alta qualidade. O destaque vai para o guitarrista Jake E Lee, com seus riffs interessantes e (ao menos alguns) solos virtuosos, é claro. 
 Porque é claro? 
Porquê o Ozzy sempre se cercou de bons músicos, mais precisamente bons guitarristas. Convenhamos, o Ozzy em si, é um vocalista medíocre, embora tenha um estilo marcante de cantar. 

O conteúdo das letras parecem interessante em parte ao menos: Críticas válidas aos poderes corruptos da humanidade aparecem na faixa título, em Killer of Giants e talvez (?) em Thank God for the Bomb e outras. Musicalmente, os pontos fortes ficam por conta de Shot in the Dark e Secret Loser e o ponto fraco fica em Thank God for the Bomb, onde Ozzy mostra todo seu desafino. 

01-The Ultimate Sin 7,8
02-Secret Loser 8,5 
03-Never Know Why 7,5 
04- Thank God for the Bomb 5,2 
05-Never 7,2 
06-Lightning Strikes 7,4 
07-Killer of Giants 7,9 
08-Fool Like You 7,5
09-Shot in the Dark 9,3 

Nota: 7,6 

P.S.: As letras críticas que eu citei parecem diminuir nos álbuns seguintes. Um efeito causado por Sharon ou por Zakk Wylde? Bom... a esposa do madman parece não entender bodega alguma sobre música para substituir o guitarrista. E... Zakk Wylde é um bom guitarrista, com características nitidamente únicas, MAS nunca conseguiu, não consegue e nunca conseguirá reproduzir decentemente a obra prima de Jake E Lee: Bark at the Moon. 

The Magician
Quando você lê a biografia dos músicos, você acaba entendo muito do que existe  nas obras que escrevem. No caso de Ozzy Osbourne muita coisa fica esclarecida; no começo, é engraçado ler as loucuras de J. Osbourne, mas depois de um tempo mergulhado nas páginas - se você, como eu, for uma pessoa um tanto amargurada que possui o humor desgastado pelos anos - você percebe que Ozzy não passava de um debilóide que seguia a vontade das drogas e de outras pessoas com personalidade mais "forte" que a sua. O Pirikitus comentou comigo que a única parte que não gostou do filme do Motley Crue foi a parte do Ozzy, por ter sido retratado como um retardado mental... , mas a verdade é que ele agia como se fosse. Sua auto biografia descreve bem este comportamento: um cara loucão que andava por aí mostrando a bunda, mijando em locais públicos, falando besteira para os outros e se borrando nas calças por causa do excesso de drogas...

Sem julgar, afinal conheço muito idiota por aí (mais do que gostaria), que se não faz exactamente a mesma coisa, gostaria muito de fazer... e a desculpa por não agir assim, é não abusar das drogas como ele fazia. 

Citei a personalidade do Ozzy nessa época por perceber que este álbum é lançado no auge dessa crise pessoal do madman, e que a própria capa retrata um Ozzy grotesco, quase irreconhecível, afundado em uma poça tóxica, e claramente, a ser dominado por um 'demônio' feminino de calças agarradas e olhos ameaçadores, famintos por poder e controle (Sharon?). Inclusive o videoclipe da faixa título é uma clara referência ao sogro, importante empresário da música que travava uma guerra com o casal, segundo o próprio Ozzy.

Nisso tudo, é óbvio que a música sempre fica em um último plano; primeiro vêm as drogas, o dinheiro, o poder, a fama... e depois a música, um detalhe nessa altura do campeonato, para Mr. Ozzy. Por isso, a obra é quase uma criação solo do talentoso guitarrista Jake E. Lee, junto aos demais membros da banda contratada. 

Da mesma forma que um artista póstumo, J.Lee ganhou fama ao longo dos anos por causa de sua singular criação em "Bark at The Moon" (em minha opinião, o solo desta música está entre os dez maiores da história, e seu riff principal é influência direta na criação do speed metal), mas em minha opinião, são poucas composições dignas de nota se somarmos os dois álbúns em que contribuiu na carreira de Ozzy: "Bark at The Moon", "You're no Different", "Killer of Giants", "Shot in the Dark" e "Waiting for Darkness". Não é pouca coisa... mas podia ter sido muito mais. 

Por isso acho "The Ultimate Sin" um disco bem fraquinho, com o troféu de limite da falta de criatividade para a faixa "Tks God for the Bomb", uma cópia baratíssima de EVH (Ain't talk about love).

Podia fazer uma análise só dos guitarristas do Ozzy para esmiuçar as reviravoltas na carreira do O.O., mas nem o blog e nem você que está lendo, merecem isso.


Nota 6, ou \m/\m/\m/.

The Trooper
3
O Pharofa Lord não gostou muito da resenha do mago de araque do blog, com alguma razão. Uma vez que ela foca pouco no trabalho em questão, ela não presta para muita coisa, mas ela presta para algumas coisas.

Ela serviu para me incentivar a finalmente assistir The Dirt, o filme-biografia do Mötley Crüe. É um filme legalzinho, com uma narrativa meio forçada, algumas tomadas bem artificiais e um fim completamente 'lição de moral' que na verdade não faz juz à realidade (na vida real o baterista saiu da banda não muito depois daquela cena).

Serviu também para que eu ouvisse o primeiro álbum da banda, 'Too Fast For Love'. Pra quem desprezava totalmente essa banda lado B, até que achei umas músicas bem legais lá. Mas tá cheio de faixas meia-boca para completar o trabalho, claro que, no filme só aparecem as melhores.

Mas a resenha não é sobre 'Too Fast For Love', é sobre 'The Ultimate Sin', lançado por Ozzy Osbourne ... pera aí, seguindo a lógica do Magician, é melhor mudar essa apresentação.

O álbum The Ultimate Sin, lançado em 1986 por Jake E. Lee, foi escolhido por Pharofa Lord para análise.



Agora que nosso maguinho foi satisfeito, vamos continuar a resenha.

A capa realmente pode querer expressar isso que nosso querido Magician escreveu. Dado o conteúdo das letras do Madman, que é bem pessoal, isso é muito provável, mas se ele foi lá buzinar na orelha do artista sobre como queria a capa, ele devia estar com a ideia de expressar algumas outras letras, já que há uma bomba atômica sendo detonada ao fundo, e dado o histórico de Ozzy e suas letras e a quantidade de 'God' que aparece nelas, a aparência dada à sua representação pode também ter a intenção de dar um toque de Apocalipse na capa.

Eu nunca achei o Ozzy um compositor primoroso, cantor então, nem se fala. O forte dele, como o próprio Magician escreveu em algum resenha que não me lembro, é se cercar de músicos muito competentes.

E ao contrário do que o maguinho afirma em sua mais recente resenha, o padrão se repete em T.U.S.

Sim, 'Thank God For The Bomb' é a mais fraca do álbum. Principalmente com uma letra dessas, se Ozzy quis dar sua opinião sobre a bomba nuclear, ele poderia ter ficado calado ... se ele quis fazer alguma crítica como se a música fosse a visão de outra pessoa, não deu muito certo...

Segundo a lógica idiota apresentada, a pessoa que argumenta nela diz que prefere agradecer a Deus pela bomba nuclear porque o medo que ela incita inibe guerras ... isso é uma balela, guerras e barbarismo continuam a acontecer em tudo quanto é lugar. Mesmo que fosse verdade, a tal bomba está na mão de alguém... esse alguém a aponta como se fosse uma arma na cabeça para estuprar a vítima congelada pelo medo... enfim, não é uma letra que valha a pena discutir.

Musicalmente falando, a música também não é grande coisa, embora acusar de plágio é um pouquinho exagerado por parte do Magician. Os backing vocals cantando 'Nuke ya Nuke ya' certamente contribuem para 'merdear' a música.

Mas enfim, uma música sozinha não estraga um álbum. O restante é de mediana/boa para cima. Até nas mais medianas, como 'Never' e 'Fool Like You', Jake Lee tira uns coelhos da cartola no meio da música que te fazem prestar atenção no que está rolando na vitrola.

O baterista, Randy Castillo, (que foi avisado por um dos caras do Mötley Crüe que Ozzy estava contratando ... tá vendo? Li isso por culpa da resenha do Magician) também tem umas sacadas bem bacanas escondidas no meio das músicas.

O baixista, Phil Soussan, é o responsável por 'Shot in the Dark', uma das melhores do álbum.

Até os teclados de Mike Moran tiveram um bom papel no trabalho.

Enfim, trata-se de um bom álbum, com 'Killer of Giants' sendo a pérola dentro da ostra. Quando a música começa você pensa que é Blind Guardian, ou que você está jogando Diablo I, mas não, tá num álbum solo do Ozzy, com uma letra boa até, enfim, quem não ouviu, precisa conferir. Quem ouviu tem que guardar ... ouviu Magician?

Destaque para Killer of Giants (uma obra-prima) e Shot in the Dark.

Nota: \m/\m/\m/\m/

P.S.: Sobre ser retardado - é meio triste ver alguém lambendo o mijo do outro mesmo.

P.P.S.: Ótimo álbum de Jake E. Lee.

P.P.P.S.: Esqueci de colocar na resenha - o ponto fraco do álbum é a produção. O próprio Ozzy afirma que este é o álbum que ele menos gosta por causa da produção.

“[Producer] Ron Nevison didn’t really do a great production job,” he says. “The songs weren’t bad; they were just put down weird. Everything felt and sounded the fucking same. There was no imagination. If there was ever an album I’d like to remix and do better, it would be The Ultimate Sin.”

- Ozzy

Pirika

The Ultimate Sin, vulgo quarto álbum do Ozzy saiu em um momento onde o metal farofa imperava e esse álbum mostra que as tendências devem ser serão seguidas, mesmo que o seu resultado seja bem merreca. Na minha modesta opinião, após o Diary of a Madman, a qualidade dos álbuns sofrem uma notável queda até a aparição do No More Tears (depois cai de novo, mas tudo bem...).

O Ozzy sempre seguiu com maestria a receita de sucesso daquele cara novo que se destaca em sua banda e resolve voar para a carreira solo que é achar uma cozinha sólida e um guitarrista pika, só pegar o retrospecto de pessoas que passaram pela sua banda: Rhoads, Lee, Wylde, Gus G., Soussan, Trujillo, Newsted, Castillo, Bordin, Clufetos, etc.., isso ajuda muito a segurar a peteca quando uma coisa não vai tão bem quanto poderia e esse cd é uma prova disso. Ele não chega a ser um cd de destaque, porém a boa qualidade dos músicos segura de forma ok principalmente na parte musical, Lee é o maior exemplo disso. Lee, ao lado da Shot in the Dark, são os grandes pontos positivos desse álbum.

O lado 1 é o lado mais passável com destaque para Secret Loser e só, o lado 2 tem mais vergonha na cara com todas as melhores músicas do cd incluindo a fodelona Shot in the Dark. Um cd passável que eu não ouvia faziam anos e provavelmente vai continuar seguindo dessa forma.

Top 3: Shot in the Dark, Lightning StrikesKiller of Giants. Shame Pit: Thank God for the Bomb.

"Mother Nature, people state your case without it's worth 
Your seas run dry your sleepless eyes are turning red alert"

Nota: 6,5

PS: Tivemos nesse cd Lightning Strikes e no Virtual XI, duas postagens atrás, Lightning Strikes Twice...Uma curiosidade à altura do álbum.

sábado, 24 de agosto de 2019

Ed Guy - Mandrake

O álbum Mandrake, lançado pela banda Edguy em 2001, foi escolhido para análise por Phantom Lord.



Phantom Lord
 
Anos e anos se passaram desde a criação dos metalcólatras e finalmente chegamos num momento ideal de comentar o álbum Mandrake. 
Existem álbuns que falam de clichês de estilo musical, álbuns que falam de fantasia, que criticam a religião, que falam sobre os rumos da humanidade, que fazem críticas sociais, que criticam o sistema... e existe o Mandrake. 
Embora existam temas básicos como questões em torno do destino (Wash Away My Poison e All the Clowns) e fanfarronice sem nexo (Save Us Now) o cerne de Mandrake parece girar em torno de críticas à corrupção da humanidade, seja com teor mais religioso (como em The Golden Dawn) ou com um teor (semi) histórico / econômico (Tears of a Mandrake). Estas críticas feitas de maneira aparentemente peculiar, se deve ao fato da banda (ou algum integrante dela) possuir um repertório esotérico/ mítico/ religioso, o que também explica o fato do vocalista Tobias Sammet ter trabalhado o projeto Avantasia mais ou menos na mesma época em que lançava o Mandrake. Acredito que este conjunto de características seja raro de se achar em um só álbum, o que acaba dando um grande potencial ao Mandrake... 
Musicalmente falando, é um álbum de "power" ou "melódico" competente, mas que em minha opinião, vai deixando de chamar atenção entre o meio e o final (faixas 7 a 10). 
Talvez a banda contesse (ou ainda contém?) um membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada, ou da Rosa-cruz. Só espero que não seja da ordem dos amiguinhos do Treebeard. 

01-Tears of a Mandrake 8,5
02-The Golden Dawn 7,8
03-Jerusalem 10,0
04- All the Clowns 7,4
05-Nailed to the Wheel 8,0
06-Pharaon 7,7
07-Wash Away My Poison 7,2
08-Fallen Angels 6,7 
09-Painting on the Wall 7,0 
10-Save Us Now 6,7 
11-The Devil and the Savant 7,2 

Nota: 7,6

Apesar do Mandrake mostrar um grande potencial, o projeto paralelo de Tobias deve ter ofuscado este álbum do Edguy... Convenhamos, The Metal Opera foi gravado por uma "super banda", e acabou se tornando uma obra prima dos gêneros mais espadinha-piripimpim do metal (nosso blog confirma: Avantasia - The Metal Opera deve ser o álbum mais bem avaliado desde 2010 até este momento). 


The Magician
Este álbum é de um nicho e de uma época em que, na opinião deste modesto metalcólatra, tudo que era produzido era bom.

As bandas europeias de Speed e Power Metal estavam extremamente inspiradas, no auge de suas carreiras e dando contornos a um movimento que, embora não fosse novo (existente desde o início dos anos 80), ainda conseguia mostrar qualidade sonora sem soar datado ou repetitivo em demasia. Dentro dessa ilustre turma figuravam bandas como Sonata Arctica, Raphsody, Blind Guardian, Angra, Stratovarius, Hammerfall e Edguy.

Esta última banda não nega nem sua origem e nem suas referências, calcadas directamente do grupo metaleiro "sênior", o Helloween - os mestres do gênero Power Metal germânico. O Edguy, que o nosso amigo fantasmagórico escolheu para resenharmos nessa postagem, segue a linha exata definida e construída pelos cabeça de abóbora: cantos super melódicos em tempo integral, bastante uso dos famosos agudos vocais e de backing vocals em coros, músicas longas progressivas e com alternâncias rítmicas em excesso..., ou seja, toda aquela choradeira gostosa que nós fãs de Metal Melódico adoramos... 

Tem muita coisa boa pra destacar nesse álbum, e eu diria que somente com o que foi composto da primeira à sétima faixa, esse é um disco poderia entrar facilmente para o seleto rol de trabalhos clássicos do acervo permanente do Heavy Metal melódico. Só que em compensação fico um pouco reticente de avaliar o resto do Cd (faixas 8 a 12). As últimas faixas são longas e definitivamente não apresentam exatamente algo novo - com exceção talvez de "Painting On the Wall", não porque eu tenha gostado muito desse som, mas sim porque ele preenche a cota de Hard Rock farofa desse trabalho do Edguy.

Sobre as primeiras faixas, alguns pontos que acredito ser dignos de destaque positivo da obra: A atmosfera  imersiva moldada com excelência na primeira faixa do álbum - peso recorrente durante os versos e bridges para desembocar em um refrão apoteótico e super marcante - adicionalmente com a letra super pesada e 'pra baixo', que preenche muito bem as pautas do som (acredito inclusive que nosso coleguinha Metalcólatra Mercante tirou sua alcunha dessa música... poderia fazer o mínimo de vez em quando, e dar as caras aqui para resenhar esse disco); os licks melódicos solfejados pelas guitarras em consonância aos riffs pesados executados em "Golden Dawn" - essa é a nata desse subgênero metaleiro; o interlúdio épico cantado em "The Pharaoh" ("Don't you see that it's coming...") por um coro que interage e serve de base para uma camada solista da voz de T.Sammet - molde que forjou o "The Metal Ópera" do Avantasia; e por fim o trabalho de composição muito bem feito como um todo em "Jerusalem" e "Wash Away The Poison". Apesar desses destaques, tem muito mais o que escutar nas sete primeiras - excelentes - faixas desse álbum.

Uma coisa que gostaria de adicionar à esta resenha é um comentário sobre a personalidade de T. Sammet, que deixei passar em resenhas passadas aqui do blog. Ele é um cara extremamente engajado e antenado sobre os trabalhos e o movimento de Heavy Metal, e não digo isso somente por ter sido o autor do pretensioso projeto Avantasia; em entrevistas e em outras oportunidades ele demonstrou saber o que está exatamente acontecendo nesse meio (me lembro em um show que fui em que ele disse em bom português [brincando] para os fãs presentes: "Bon Jovi do Metal... vão se foder". Dada esta fina sintonia de Tobias Sammet com o movimento Heavy Metal, facilmente posso ver referências e homenagens nesse trabalho a outros grandes artistas do gênero; p.e. a faixa Jerusalém com o seu começo consistindo em acordes arranhados no violão acústico, para mim é uma alusão clara à música homônima de Bruce Dickinson (vocalista, que sem sombra de dúvidas guardas semelhanças quanto ao seu timbre de voz) lançada no disco "The Chemmical Wedding" - assim como existe uma referência clara e explícita no quarto verso de "The Devil and the Savant" ("Getting sight of a revelation forced: the chemical wedding day....."); entendo também que pelas características do canto e pelo próprio batismo da faixa "Nailed To The Wheel", não tem como não ser uma homenagem ao Halford... 

Bom trabalho, de uma época em que este gênero estava extremamente inspirado, pena que à partir da oitava faixa o álbum perde o fôlego. De qualquer modo, muito bom de relembrar.

Nota 7,5, ou \m/\m/\m/\m/. 
   

Pirika
O ano era 2000 e alguma coisa, a descoberta de músicas novas na internet ainda estava tentando se estabelecer e cada um se virava como podia para ampliar os horizontes dentro do metal. Na época eu assinava a Rock Brigade para isso e comecei a me deparar com um cd que mês após mês aparecia nas imagens de anúncio das várias lojas da galeria do rock que anunciavam na revista na época e este cd era nada mais nada menos do que Mandrake do Edguy, aquela banda do cara do Avantasia. Justiça seja feita, o Edguy já vinha fazendo cds consistentes desde o Vain Glory Opera porém foi com o Mandrake que eles atingiram um novo patamar encabeçando pela primeira vez turnê, gravando cd ao vivo e aproveitando o fim do contrato para assinar com uma gravadora maior (Nuclear Blast).

O cd começa com Tears of a Mandrake, possivelmente a melhor música do cd. Golden Dawn, Jerusalem (ótima) e All the Clowns mantém o nível alto do cd até chegar na Halfordiana Nailed to the Wheel. Para mim, ela e Wash Away the Poison são duas músicas que ficam meio deslocadas do resto do cd, o que não significa que são músicas ruins. The Pharaoh merece um senhor ponto de destaque pois isso aqui é de gigantesca semelhança com Avantasia. Fallen Angels é com certeza a música que eu mais ouvi desse cd e a minha favorita, transborda aquela melancolia do tempo que o metal ainda era um gigante universo a ser explorado.

Painting on the Wall é o ponto falho desse cd, seguida pela mediana Save Us Now. The Devil and the Savant é um alívio que não deixa o cd se encerrar de forma negativa, não entra no meu top 3 devido a qualidade das outras músicas mas ganha minha menção honrosa. Um álbum sólido de uma banda sólida que possui seus momentos de genialidade.

Top 3: Tears of a Mandrake, The Pharaoh e Fallen Angels. Shame Pit: Painting on the Wall.

"When they say you're a fossil
When their eyes nail you to the cross
Take their curse and join our way
Welcome my friend on the ship of the damned".

Nota: 7,5.




The Trooper
3
Confesso que ouvi este álbum com um alto grau de preconceito devido à grande quantidade de propaganda positiva que foi feita para o mesmo, principalmente pelo Mercante.

Mas o safado nunca postou o maldito fantástico álbum aqui, nem mesmo o colocou entre os seus dez álbuns favoritos, daí minha desconfiança e preconceito.

Nas primeiras audições até que meu preconceito estava prevalecendo, mas quando parei para prestar atenção não deu mais para negar que este é um ótimo trabalho do Bon Jovi do Metal.

Não vou me ater muito às faixas porque o pássaro infernal recém surgido do Tártaro resumiu bem o álbum, só discordo de achar que Painting on the Wall mereça um shame pit, ela até que é boa.

Então resumindo, concordo com os posts anteriores, o álbum é muito bom mesmo no lado A, e o lado B, embora caia um pouco o ritmo, ainda sim é bom. Mesmo o momento Helloween pastelão dos caras, Save Us Now, até que dá numa boa música, poderiam fazer um anime do Coelho Baterista e botar a música na entrada.

P.S.: Joe, the Barbarian, foi daí que você tirou inspiração para aquelas suas interpretações de personagem de desenho animado?

Nota: \m/\m/\m/\m/


terça-feira, 30 de julho de 2019

Iron Maiden - Virtual XI

O álbum Virtual XI lançado pelo Iron Maiden em 1998 foi escolhido por The Trooper para análise.

Faixas: 01-Futureal; 02-The Angel And The Gambler; 03-Lightning Strikes Twice; 04-The Clansman; 05-When Two Worlds Collide; 06-The Educated Fool; 07-Don't Look To The Eyes Of A Stranger; 08-Como Estais Amigo



The Trooper
3
Neste mês de julho completei 4 décadas neste plano, entre acontecimentos irrelevantes, desmotivantes, humilhantes, etc... Houve algo que o destino me reservou. Minha amiga havia consertado o toca cds de seu carro antes de me vender e num belo dia de julho em que liguei o carro para a bateria não arriar e fui com ele para a desagradável zona oeste trabalhar, coloquei um cd que havia sumido do meu hd para tocar: Virtual XI.

Que acontecimento agradável, um mergulho nostálgico sem memórias específicas, levado apenas pela qualidade do som. 'Qualidade do som?' Alguns palhaços devem estar se perguntando.
Sim! Qualidade do som! Melhor do que você, palhaço, nunca irá fazer!

O Iron Maiden usou a fórmula batida de sempre para fazer este álbum, com algumas pitadas de foda-se ('Foda-se, vou colocar um teclado nessa música sim'). Para mim, um álbum profundo, com a alma dos instrumentistas colocada nua no trabalho. Principalmente a de Bayley. E que interpretação! Quem falar mal do Bayley cantando The Clansman na minha frente vai levar um tapa na cara!

The Clansman e Lightning Strikes Twice são duas músicas que encaixam muito bem com sua voz. Aliás, acho que este álbum é o que foi melhor composto em sintonia com o vocalista. Bayley arrasta um pouco o Iron Maiden para uma pegada mais Black Sabbath e eu achei que o trabalho em geral lembra um pouco Classic Rock.

Murray e Gers estão afiadíssimos, Nicko com a pegada de sempre e Harris, Harris estava inspirado. Enfim, falem o que quiser, Virtual XI é um dos meus álbuns favoritos e quando Venâncio afirma que este é o melhor álbum do Iron Maiden eu quase não sinto vontade de discordar ... quase.

Destaque para o álbum inteiro, dos trechos acelerados de Don't Look To The Eyes Of A Stranger, da perfeição de The Clansman, até a melancolia de Como Estais Amigo (é engraçado pensar sobre essa música, o quanto nós não apitamos nada nessas guerras ridículas e nas decisões de nossos governantes nojentos).

P.S.: Obrigado, destino, pelo presente. (Você não, diretor).

Imitando Pirikitus:

"Time will flow
And I will follow
Time will go
But I will follow"

Nota: \m/\m/\m/\m/

The Magician
Qualidade do som, Trooper?.......... Não sei.... vamos lá.. 

O Iron Maiden é provavelmente a maior (em staff, material, marca, grana, etc..) e melhor banda de Heavy Metal que já existiu, então sob esta perspectiva o Trooper tem razão quanto a desafiar o questionamento da qualidade de qualquer obra feita pelos caras da banda (talvez seria melhor usar o termo "da empresa"). Nesse sentido, Virtual XI é mais um bom trabalho da super banda britânica, e de fato supera muitos dos álbuns do gênero nas últimas décadas se analisarmos somente a qualidade de produção; ou seja, qualquer trabalho do Maiden sempre vai chamar muita atenção, e a interpretação de que um álbum inédito da banda seja algo totalmente supérfluo ou sem nenhuma qualidade só pode ser o parecer final de um pusta de um mongolóide mesmo.

Dito isso, podemos aumentar o zoom da lente para analisar o segundo e ultimo trabalho de Blaze como vocalista do Maiden (acho que isso diz algo, não?), e levando em consideração o que o grupo, como uma banda de mainstream do gênero, poderia ou não produzir em 1998. 

O disco anterior - "X Factor" -, como o próprio Blaze afirmou, resistiu (ele usou "sobreviveu") à ferocidade da crítica e dos fãs, que já haviam até acendido a fogueira para lançar o pobre vocalista em seu interior, clamando pelo retorno do lendário Bruce Dickinson; logo, acredito que "Virtual XI" na verdade denota alguns erros de estratégia do líder da banda, Mr. Harris, uma vez que foi esse trabalho (e nada mais que isso) que desmantelou essa formação do Iron e comprometeu a carreira posterior de Blaze Bayley. Duas decisões em específico, podem ter contribuído bastante para o "fracasso" do álbum perante o público: 1 - O aumento da extensão das músicas conforme admitido por Harris numa entrevista de 2010, e; 2 - A inserção dos teclados gerando uma relativa mudança na sonoridade dos ingleses.

Steve Harris chamou essa nova abordagem da duração dos álbuns à partir de V.XI como "mais progressiva", mas não é de fato o que acontecia nessa época. Talvez com exceção de "Clansman", as músicas mais longas - como "The Angel and Gambler" e "Don't Look to the Eye of A Stranger", que somam juntas quase 20 miutos! - traziam os mesmos riffs e refrãos por repetidas vezes, de modo descabido e desnecessário. Isso foi uma bomba nos ouvidos dos fãs e críticos mais conservadores, que não tinham muita tolerância aos vocais fanhosos de Blaze; uma coisa é você escutar uma hora de Bruce Dickinson, outra bem diferente, é escutar Blaze por uma hora inteira repetindo os refrãos 700 vezes..... pqp, haja!!! Blaze, pelas suas características, se dava melhor com hits de curta duração (como "Man on The Edge" ou "Lord of the Flies"), ou pelo menos com as músicas longas em que ele não tenha que repetir a mesma frase por mais de 4x seguidas (cabe citar a boa parcimônia de "Clansman" que ao invés da infinita repetição -não passa de 4x a mesma frase- apela para o "Ôôo", já no refrão de "Angel and Gambler" Harris só pode estar de sacanagem com todo mundo).

Quanto aos teclados, acho até que são toleráveis e em alguns casos até muito bem fixados no contexto (novamente o bom exemplo cabe à "Clansman"). Porém o uso na desgastante "The Angel and Gambler" (novamente, representando o lado ruim do álbum), deixa a sonoridade mais alinhada com um estilo hard rock pesado quase-dançante, desfocando o estilo clássico do Iron Maiden. Esse erro de estratégia foi potencializado pelo descontrolado orgulho de Steve Harris, que brigou com o produtor para fazer de sua composição ("Angel and Gambler") a principal música de divulgação de Virtual XI (em substituição da composição de Blaze - "Futureal" - que em minha opinião, se sairia bem melhor nessa atribuição).

Tudo isso que escrevi, foi julgado ao longo dos anos pelos metaleiros, pelo mercado musical, pelos críticos.... enfim, pelo próprio tempo. O resultado já conhecemos, com a rotulação de Virtual XI como um dos mais esquecíveis e fracassados CD da banda na sua longa história, porém, esse não é o meu julgamento...

Para mim, o disco em questão é um trabalho bem razoável (no bom sentido) do Maiden, e embora suas músicas mais conceituadas se encontrem no começo do trabalho, eu acho que as melhores composições começam à partir de "Clansman". Embora passem de 6 minutos cada - sem necessidade - "When Two Worlds Colide", "The Educated Fool" e "Don't Look to the Eye of A Stranger" seguram muito bem a bronca como composições consistentes no melhor estilo Iron Maiden, com graduações convincentes de linhas mais leves para mais pesadas e de pautas mais cadenciadas para mais aceleradas. Janick mais uma vez imprime nuanças providenciais sobre as partituras, colocando sua guitarra para "cantarolar" as melodias em cada faixa do CD. Janick Gers rocks, once again!

E por fim a faixa de encerramento "Como Estais Amigos" é a jóia de Virtual Eleven; uma canção competente e emocionante com começo meio e fim, onde - embora longe de ser brilhantes - enfim os vocais sinceros de Blaze fazem um trabalho bastante seguro, e os (polêmicos) teclados corroboram com a sensível atmosfera criada pela composição.

Os destaques do álbum são "Clansman" (virou clássico, e Bruce posteriormente imortalizou o som em suas apresentações) e a maravilhosa e irretocável "Como Estais Amigos", que até hoje só pode ser escutada nos vocais de Blaze (é... talvez não seja tão irretocável assim...).

Nota 6,9 ou \m/\m/\m/. 




Phantom Lord


Este é um daqueles álbuns que fez parte da vida de alguns dos metalcólatras: Um daqueles cds comprados com grande esforço, porque parte significante dos metalcolatras eram "moleques sem grana". 


Virtual XI é o 2º disco do Maiden com o peculiar Blaze no vocal. Ouvi dizer que o cara é super gente boa, humilde e pelo que vi, algumas músicas onde ele teve participação na criação, parece mostrar consciência social. 
O problema é que o Maiden foi (e é) uma banda de heavy metal marcada por vocais um tanto "melódicos" e o Blaze... É o Blaze, aquele cara meio fanho, sem agudo nenhum. 
Isto faz do Virtual XI um álbum sem qualidade alguma? Não exatamente, mas é um álbum excêntrico na carreira da donzela de ferro. Algumas músicas são boas se você não é uma brucete nem um "troozão", mas tem umas que dão umas rameladas monstruosas como (é claro) a longa, repetitiva e cafonizada The Angel and the Gambler. Na verdade, se ignorarmos o tecladinho cafona, ela engana até seus 7 minutos. Daí o Harris vira e fala para os demais integrantes da banda: "Puta, tive uma puta ideia caras, vou repetir o refrão 14 vezes seguidas dã-hã-hã." 
Fazer o que né... Como Haris é o dono da banda, prevaleceu o dãhãhã dele. 
De resto, o Maiden continuou mudando sua sonoridade em relação aos álbuns anteriores (principalmente da fase "Bruce") o que casou bem com os vocais de Blaze em uns momentos e em outros momentos como em The Educated Fool ficou um tanto tosco. 
Interessante também é notar as tendências sonoras já rumando para um estilo que domina no próximo álbum (Brave New World), como os trechos de Don`t Look to the Eyes of a Stranger. 

01-Futureal 7,3 
02-The Angel and the Gambler 6,4 
03-Lightining Strikes Twice 7,2 
04-The Clansman 7,2 
05-When Two Worlds Colide 7,1 
06-The Educated Fool 6,7 
07-Don`t Look to the Eyes of a Stranger 7,0 
08-Como estais Amigo 7,0 

Nota: 7,0 (arredondado de 6,98) 

P.S.: Este álbum deve figurar a 8ª posição dos melhores discos do Maiden, disputando com o debut Iron Maiden e pouco à frente de Killers. Álbuns pós Brave New World, No Prayer for the Dead e o X-Factor são os mais esquecíveis da banda.



Pirika

Mais um cd da donzela. É engraçado que fazendo uma resenha em pleno 2020, nota-se que esse cd teve seu destino selado por vários fatores externos e internos. Primeiro que à época já era difícil a banda sobreviver o período pós Bruce, não que o The X Factor tenha sido ruim, mas não chega nem perto do auge oitentista da banda. Segundo que ele precede o mítico Brave New World. Até aí fatores externos totalmente compreensíveis, mas quando você pega pra ouvir você vê que a banda mereceu toda a crítica em cima do Virtual XI com repetições exageradamente sem sentidos que tornam um certo tormento ouvir o cd inteiro. E ainda decidem fazer disso a propaganda do cd, então não tem defesa.

Repetições exageradas sem sentido, isso é o que ficou gravado na minha cabeça pensando no cd como um todo. Acho que nem o diabo sabe onde Harris tava com a cabeça quando decidiu que The Angel and the Gambler precisava ter FUCKING 23 VEZES o seu refrão repetido, sendo que poderia ter ficado apenas na versão de rádio ignorando o no sense da versão do cd. O pior é que isso se repete, de forma menos absurda é verdade, em Don't Look to the Eyes of a Stranger mas até aí o estrago já tava feito.



Além das repetições exageradas sem sentido, sobram as outras repetições. O álbum me soou repetitivo. Obviamente é perceptível a pegada do Maiden e o instrumental segura muito bem bronca, mas mesmo assim deixa uma sensação carregada de repetição nas músicas já citadas e Educated Fool.

Futureal dá uma empolgada mas não tem a qualidade necessária pra abrir o álbum, música ok. Lighting Strikes Twice e When Two Worlds Collide fogem das mesmice do álbum e merecem elogio. O que realmente merece destaque aqui é a já consagrada The Clansman e Como Estais Amigos, essa última para mim sendo a verdadeira jóia escondida do álbum.

Nada contra o Blaze, mas ainda bem que o Bruce voltou pra fazer o Brave New World e todos os cds ruins que vieram depois.

Top 3: Lighting Strikes Twice, The Clansman e Como estais Amigo. Shame Pit: The Angel and the Gambler.



Nota 6

"Don't you think I'm a saviour 
Don't you think I could save you  
Don't you think I could save your life (23X!!!!!!)"

segunda-feira, 10 de junho de 2019

R.I.P. Andre Matos

The Magician

Sou de uma geração de Metaleiros que teve sua formação e seus gostos musicais moldados entre os anos de 1997 a 2002, quando estava entre meus 15 e 20 anos de idade (digamos que os 5 anos iniciais de imersão no rock são mais "profundos" do que os conseguintes, devido ao volume e à frequência em que acessamos novos conteúdos do gênero nesse período). Nesse intervalo de tempo lá estavam os heróis desbravadores do panteão Rock/Metal para me guiar nessa jornada, assim como fizeram com tantos outros garotos dessa geração (e também, de outras gerações): Metallica, Iron Maiden, Bruce Dickinson (na época, fora do Maiden), Ozzy, DIO, Sepultura, Megadeth e Helloween.

O som desses caras me fez procurar por mais coisas do tipo, coisas que obviamente, me lembrassem a sonoridade desses heróis do panteão do Metal. Naquela época, eu - como muitos - não tinha acesso irrestrito à Internet, que devido às tarifas telefônicas (conexão discada) era realizado somente quando possível em PC's de amigos durante as madrugadas, já que o PC da minha casa nesse horário, era monopolizado pelo irmão mais velho do ninho (o Trooper). Aliás, pode-se dizer que nem mesmo a Internet tinha 'acesso à Internet', já que os buscadores ainda não possuíam a capacidade espantosa que possuem hoje.

Por causa disso, de longe, a melhor fonte de conhecimento e pesquisa para o acervo do Metal até então, eram os amigos "mais experientes" propagando os trabalhos por meio do processo de divulgação "boca a boca", e também usando as raras visitas à galeria do Rock na Rua 24 de Maio em São Paulo (que também dependiam de dinheiro para condução até o centro da cidade). 

Essas vias estreitas de acesso ao material de Heavy Metal me conduziram na ocasião à uma rádio pirata da região da Zona Leste paulista, que 'funcionava' entre 1997 e 1998 - a Rádio Expresso FM - com seu conteúdo exclusivamente direcionado para o gênero Rock/Heavy Metal. Em um de seus programas - "Os Brutos Também Amam" - onde algumas baladas do gênero eram diariamente selecionadas entre uma lista não tão extensa de sons, escutava-se bandas como Scorpions, Whitesnake e Led Zeppelin, e de repente entre essas, surgiu a banda Angra, com seu "mais novo hit" 'Make Believe'. Tenho que dizer que aquilo elevava as baladas para outro nível: As marteladas no piano na introdução, os violões sincronizados no solo, as guitarras pesadas nos refrãos, e é claro.... sobre tudo o que podia se escutar na música, se derramava aquela voz quase feminina de Andre Matos com seus tons altos "descabelantes", e com sua interpretação que emociona à cada palavra cantada.

A partir desse momento pode-se dizer que minha estante de repertório musical foi alterada para sempre. Eu poderia simplesmente escutar aquela balada, gostar do som, e colocar os caras em um radar que eu revisitaria durante os anos seguintes de forma gradual, assim como fiz com o Stratovarius, Manowar, Savatage e Grave Digger, por exemplo, que são grupos de Power Metal aos quais tive contato antes do Angra; mas definitivamente não foi o que aconteceu. Como descrevi na postagem do Pentelho em Holy Land, saí correndo pelos sebos do bairro para encontrar um disco dos caras onde estaria a tal balada...  e depois de me deparar com o CD "Angels Cry" e com "Freedom Call" (que ainda não estavam na minha mira), lá estava ele - por 12 reais - Holy Land, com o hit do momento "Make Believe".

Tudo desde esta simples aquisição se desenrolou como uma avalanche para mim, que ao longo do tempo ofereceu cada pedra que utilizei para construção de minha formação musical baseada no Angra. É claro que em paralelo conheci muitas outras coisas boas do gênero Heavy Metal, mas nenhuma foi tão próxima quanto à essa experiência com a minha banda favorita, brasileira.

Aliás toda essa admiração de fã parte dessas duas células:  do fato de ser uma banda nacional e devido a presença do Matos no grupo. Um turbilhão me vem à mente ao tentar analisar minha relação com o Angra à partir desse ponto...

Quando comprei Holy Land, a primeira coisa que me recordo é que não sabia nem que a banda era brasileira, descobri lendo o espalhafatoso encarte do CD, que inclusive ao ser desdobrado traz o mapa mundi renascentista (o que foi bastante empolgante para um garoto RPGista, como eu era). A segunda coisa que me recordo é que o visual do Andre Matos na única foto do encarte me lembrava bastante o visual do Bruce Dickinson, ídolo máximo da minha geração metaleira (tínhamos um "Bruce brasileiro" que cantava demais! \o/). Ao saber em seguida, conversando com amigos que esse mesmo Andre Matos "quase tinha substituído" o próprio Bruce anos antes, "pirei"... o Brasil poderia mesmo gerar um dos áses do Metal mundial??? e ainda por intermédio do Angra?? (Putz! que pusta CD comprei! de uma pusta banda de Metal, que ainda tinha repercussão internacional!!!).

Em seguida assistindo regularmente a MTV naqueles meses descobri que naquele ano de 1997 o Angra disputava o prêmio da "escolha da audiência" no VMB Brasil, justamente com o videoclipe de "Make Believe"; perdeu, mas levava o Metal para um nível de popularidade e exposição (ao lado do Sepultura, na época) que fazia com que no mínimo, eu conseguisse conversar com os colegas do colégio sobre uma de minhas bandas favoritas. Descobri também pela MTV, que o Angra já tinha dividido o palco com gigantes como o OZZY em grandes festivais como o Monster of Rock de 1994. 

Foi nessa mesma época tive um sonho que até hoje me lembro claramente: eu fazia um dueto super agudo com Andre Matos cantando o refrão de "Nothing To Say" no palco de meu colégio, e finalizava com um super mosh insano sobre a galera.

Nessa minha jornada de imersão no som do Angra, parte de minha escassa economia começou então a ser direcionada para aquisição de seu material, comprei os CD's "Angel's Cry" e "Fireworks", na mesma época em que comecei a tocar e estudar violão, e quando também começava a consumir material musical relacionado à este instrumento. Na medida em que tocava violão com novas pessoas o interesse pelo Angra só aumentava, dado que foi estudando guitarra e violão que percebi que o Angra era muito mais do que a potência vocal de Andre Matos - os 3 primeiros álbuns da banda são verdadeiras enciclopédias sobre riffs e solos de guitarra; não consigo desvincular a imagem de minha primeira guitarra - uma Washburn de série - com meus dedos sofrendo para executar o riff introdutório de Carry On (aliás adquirir uma 'Washburn' de meu amigo Maurock, foi influência direta de Kiko Loureiro).

Depois disso, por volta de 2000 passei a frequentar anualmente os ExpoMusics de São Paulo, local onde tive meu primeiro contato visual próximo com os caras do Angra - Mariutti, Kiko, Confessori, Rafael e Matos - devido aos Workshops que faziam nessas feiras. Foi surreal, mas como os caras eram super assediados, era realmente difícil se aproximar deles na época. Foi nessa época também que subi a pirâmide do fluxograma do Angra para chegar no VIPER, particularmente nos dois primeiros CD's que Matos gravou - Soldiers of Sunrise e Theater of Fate -, e por força maior, também fui obrigado a descer essa mesma pirâmide das ramificações do Viper/Angra; pois o Angra se desmantelava em 2001, criando o subproduto "Shaman", com Andre nos vocais. 

Fiquei feliz. Duas super bandas nacionais!!!

Mas o Shaman e o Andre continuaram sendo parte essencial na minha relação especial com o Heavy Metal, já que o primeiro show de Metal em que estive em minha vida foi uma apresentação dos caras, em 2002. A emoção de um primeiro show é inesquecível, Via Funchal, casa cheia, qualidade de som exímia, meu amigo Mercante ao meu lado...., até abri uma roda em "Nothing To Say"!

Há de se dizer que nesse meio tempo, Andre Matos havia sido também convidado para o Metal Ópera do Avantasia, um baita motivo de orgulho na época (sim, EU sentia orgulho), é como se tudo se convergisse em uma carreira ascendente, na medida em que o próprio Heavy Metal crescia como um movimento musical na Europa e no Brasil, com a proliferação de inúmeras bandas de Power Metal nos dois lados do Atlântico. Escutar o primeiro verso de "Inside" cantado pelo Andre, até hoje me tira de sintonia... . Eu achava que muito disso estava na minha cabeça por causa da relação próxima que eu tinha como fã do Angra, mas quem como eu esteve no primeiro show do Avantasia no Brasil, e viu o Andre discursar por 10 minutos com uma bandeira gigante do Brasil sobre como foi importante para ele chegar ali naquele ponto da carreira, sabe que o cara brigava incansavelmente para colocar o rock nacional em uma posição de música digna e emancipada, livre de qualquer preconceito conservador, coisa que até hoje, convenhamos, não aconteceu efetivamente em um nível de mainstream aqui no país.

E os anos se passaram rapidamente como tinha que ser..... continuei um fã "próximo" do Andre e do Angra, na medida que essa minha vida "super produtiva" de trabalho me permitiu, é lógico; ao longo desses quase 23 anos como fã, vi ao vivo o Angra comemorando seus 20 anos em um show conturbado cheio de convidados, vi o Andre Matos começar e terminar com o Shaman, o vi em seu primeiro show de retorno tão esperado com o Viper (maravilhoso!), também junto ao Tobias Sammet em Avantasia, encontrei pessoalmente o Rafael Bittencourt em uma conversa rápida sobre criatividade com minha turma do IG&T, acompanhei uma espécie de "decadência" desse núcleo musical com o Andre no Symfonia e com o Edu naquele fatídico show do Rock n Rio, depois um "renascimento" com o Kiko Loureiro chegando a um patamar nunca alcançado por nenhum outro guitarrista nacional, e com o ressurgimento do Angra e do Shaman, com Lione e Matos respectivamente nos vocais (e os bons trabalhos do Almah também com o Edu), até chegar no fatídico ultimo final de semana do dia 8/6/2019.

Foi quando Andre Matos morreu.

Eu já tinha comprado os ingressos para o show do Angra, que à noite se apresentaria no 'Templo', aqui na Mooca em São Paulo, mas também já esperava que a banda cancelasse o show devido ao falecimento do co-fundador. E então os caras anunciaram uma homenagem ao invés do show... .  

Em clima de velório, o Paulo Baron, o Rafael Bittencourt e o Fabio Lione disseram algumas palavras, para em seguida rodar um vídeo de homenagem ao Andre, e ao final desse vídeo, surpreendentemente o Rafael e a banda desceram no meio da galera para fazermos uma "roda de violão", sem microfones, cantando alguns versos de músicas do Andre Matos. Eu, o Rafael e talvez mais umas 50 pessoas (por favor, me permitam colocar com esse meu protagonismo) embalamos praticamente à capela as músicas Angels Cry, Carry On e Reaching Horizons, e quando Rafael já finalizaria com mais algumas palavras, o pessoal pediu para ele tocar..... é claro, Make Believe.

Eu não tive a oportunidade nessa vida ordinária de dar um mosh depois de cantar o refrão de Nothing to Say ao lado do Andre Matos, como vislumbrei em meu sonho.... . Mas posso falar que fui presenteado pelo destino como nunca poderia imaginar em nenhum de meus sonhos, pois depois de todos esses longos anos acompanhando e torcendo pelo Angra, tive a glória de junto com o Rafael e com outros colegas, poder cantar em uma roda de violão minha balada favorita em memória da obra de 'meu amigo' Andre Matos. 

.....Foi algo muito estranho, transcendente e sublime que me colocou uma perspectiva de realidade que eu não conhecia; além da recompensa pela fidelidade de fã de longa data, foi como ver um filme próprio em minha cabeça, que começa com um moleque de 16 anos empolgado lendo o encarte de Holy Land com cheiro de novo, enquanto escutava as músicas de sua banda favorita no longínquo ano de 1997. Esse mesmo filme termina 23 anos depois com o mesmo "garoto" chorando a morte de um deles, junto dessa mesma banda como se fossem irmãos...

Depois disso, sou testemunha de que o melhor de minha vida, da sua vida, e da vida do Andre Matos pode ser contado no final das contas, como bonitas obras com começo, meio e fim..., embaladas aos lindos acordes de sons como "Make Believe", "Reaching Horizons", "Carry On", "Stand Away", "Deep Blue", "Lisbon", "Fairy Tale"... pode acreditar.

Obrigado Andre Matos. Por tudo. Descansa em paz meu brother.....

Nota pra sua carreira 10, ou \m/\m/\m/\m/\m/.

Vídeos da homenagem: 




 

terça-feira, 14 de maio de 2019

Angra - Ømni

O álbum Ømni lançado pela banda Angra em 2018, foi escolhido pelo Magician para análise dos Metalcólatras.


Faixas: 1-Light of Transcendence; 2-Travelers of Time; 3-Black Widow's Web; 4-Insania; 5-The Bottom of My Soul; 6-War Horns; 7-Caveman; 8-Magic Mirror; 9-Always More; 10-Ømni Silence Inside; 11-Ømni Infinite Nothing.


The Magician
Olá amiguchos metaleirinhos do meu coração. Trago para vocês mais uma vez a principal famigerada banda de Power/Speed Metal brazuca, mas dessa vez com um trabalho mais recente, e em minha opinião, bem surpreendente.

Quem diria que o Angra um dia voltaria a nos apresentar um álbum sólido novamente hein? Pois eis que surge um trabalho intitulado "ømni" (em latim, "tudo" ou "todos") no início de 2018, após uma reformulação forçada da banda (com a saída de K. Loureiro para o Megadeth), que desbanca a crítica e principalmente o metaleiro que vos escreve, com um conjunto de sons pra lá de qualificados.

Ao iniciar a audição da coleção apresentada nesse trabalho a característica progressiva das músicas obviamente foi o cartão de visitas, o que confesso, me causou preocupação, já que em "Aurora Consurgens" (2006) e em "Aqua" (2010) a banda não conseguiu apresentar nada além desse único atributo. Mas aqui em 'Omni' no decorrer das músicas, uma espécie de veia sonora comum é desenvolvida de modo a amarrar indiretamente todas as faixas e criar uma personalidade própria ao álbum - um DNA necessário para a obra -, coisa que não existia desde o lançamento de "Temple of Shadows" (2004). E isso ficou claro para mim logo após a primeira execução do "CD", gerando uma doce e nostálgica perplexidade que já não sentia há algum tempo quando escutava a primeira vez discos de bandas prog/power como o Angra, algo do tipo: ".... pera aí..., será que esse álbum é assim, bom mesmo? Deixa eu ouvir novamente...". 

Nesse tipo de trabalho, não tenha a ilusão que a primeira audição irá satisfazê-lo, existe sempre a necessidade crescente de dar loop no Mplayer para degustar cada nuança sonora que você não percebeu anteriormente; e acreditem, existe MUITA coisa nova em cada repetição executada das músicas de 'Omni'. Ainda assim, existe espaço para aquelas faixas mais marcantes, que fizeram dos primeiros álbuns da banda as obras clássicas e inesquecíveis que são (composições como Carry On, Nothing to Say, Make Believe, Lisbon ou Speed, por exemplo).

Ao analisarmos o conteúdo musical como um todo (omni) em 'Omni' (¬¬'), percebe-se sua proximidade com o estilo mais recente da banda Dream Theater (fator explicitado inclusive, pelo próprio R. Bittencourt, atual líder do grupo), com suas multi camadas desinibidas de super-distorções sofisticadas e densas de guitarra, além de muito teclado no suporte às orquestrações; adicionalmente, os grooves modernos e rachados (os quais costumo ser bem avesso, é verdade) também aparecem com frequência como base para os vocais mega melódicos de Lione, e oferecem um contraste inovador com resultados verdadeiramente gratificantes. Toda essa "musculatura" sonora ainda é potencializada pelas ótimas linhas de baixo e bateria, que em trabalhos mais modestos, seriam por certo os principais protagonistas.

Mais uma coisa fica clara no direcionamento musical da obra: o Angra volta a navegar nas águas profundas de super-speedy-melodic-metal, um oceano que a banda começou a abandonar desde o lançamento longínquo de "Rebirth" (2001); mas dessa vez estão protegidos por patches mais "gordos" nas bases de 6 cordas, que ofuscam um pouco o excesso de protagonismo que esse estilo naturalmente oferece ao vocal melódico, e ainda promove uma abordagem mais agradável e acessível nesse tipo de composição. O chefe do Angra - Mr. Rafael B. - afirma que toda a concepção de Omni nasceu da faixa Z.I.T.O de "Holy Land", portanto nada mais natural que esse disco voltasse à esbarrar no Speed Metal de forma mais íntima, uma vez que esse é o gênero da faixa original supracitada.

Ao fazer uma leitura sobre a atuação dos membros da banda nas composições do álbum, muito me surpreende como foi saudável para o Angra a saída do "prodígio" Kiko Loureiro - ainda que esse participe de forma direta numa composição desse disco, na excelente faixa "War Horns". Seja direta ou indiretamente, sua substituição parece ter oferecido uma injeção de ânimo ao conteúdo musical do Angra; talvez pela alteração do processo criativo, que devido à "forças maiores" (a força maior é David Mustaine, nesse caso), deixou de ser focado apenas nos dois guitarristas para trazer todo o time para a linha de frente como membros iguais (também, cfe. explicitado por Sr. Rafael De Paula B.). Com essa autonomia o novo guitarrista Marcelo Barbosa desenvolveu ótimos arranjos e solos, e não é demais afirmar que suas referências de trabalhos junto ao Almah (p.e. Fragile Equality) já ecoam em aqui em 'Omni'. Sobre os (as) músicos convidados - Sandy (co-vocalista de Sandy & Júnior) e Alissa White-Gluz (vocalista do Arch Enemy), estão de parabéns: fazem um trabalho providencial em "Black Widows Web", mas acho que foi o suficiente; mais do que isso arriscaria descaracterizar o foco do álbum.

Para fechar, há de se fazer uma menção especial para o trabalho do vocalista italiano tão criticado ao chegar no Angra, e tão criticado pelos "especialistas" ao gravar o seu álbum debut Secret Garden (2014); Sua performance em Omni é perfeita, não ao ponto de apresentar perspectivas verdadeiramente novas para o Angra, mas principalmente ao devolver a dignidade às linhas vocais da banda, que fora judiada por muitos anos em trabalhos anteriores. Sua ótima fluência e sua inequívoca interpretação fica evidente pela primeira vez no Angra, e lhe devolve o título de grande vocalista do gênero que estava trancafiado em algum lugar na Itália. Aproveito para somar à esta menção, a emocionante participação de Rafael Bittencourt em "The Bottom of My Soul", como lead vocal.... se o cara estivesse disposto poderia até pensar em "cortes" na folha de pagamento....

Destaques: "Black Widows Web", "The Bottom of My Soul", "War Horn", "Magic Mirror" e "Always More".

Ótimo trabalho! Grande retomada! Nada como recuperar alguns fãs das antigas, não é mesmo Mr. Bittencourt?

Nota 8,0 ou \m/\m/\m/\m/.


Phantom Lord

Aqui está uma nova categoria de metal: O ufo metal do novo Angra, trazido pelo entusiasta de extra terrestres, Magician. 

Brincadeira. Isto jamais deveria ser considerado um novo gênero de música. 

Omni do Angra é um álbum que resgata um pouco do velho Angra (do Temple of Shadows e talvez um pouquinho dos álbuns anteriores), mas também se aproxima do prog metal. Interessante notar como o vocalista (Lione) alcança um timbre próximo do Falaschi em diversos momentos das músicas. Não sei se precisava ser assim, mas é. Talvez seja um lance de "identidade" da banda, sei lá. 

Apesar de muitas músicas se aproximarem do estilo inicial do Angra, em minha opinião Omni não atingiu o mesmo nível dos primeiros trabalhos da banda, mas nem por isso é um álbum ruim. 

 01-Light of Transcendence 7,3 
02-Traveller in Time 7,5 
03-Black Widow`s Web 5,5 
04-Insania 7,8 
05-The Bottom of my Soul 7,0 
06-War Horns 6,9 
07-Caveman 6,7 
08-Magic Mirror 7,0 
09-Always More 7,2 
10-Omni - Silence Inside 7,5 
11- Omni - Infinite Nothing 7,3 

Nota: 7,1 

 É isso aí, meu. A resenha acabou mesmo. Não enche o saco.


The Trooper
3
Eita resenha difícil de sair! Isso é culpa do Magician, seu amigucho predileto!

O palhaço ficou elogiando um álbum mais ou menos e reprimindo minha avaliação com seu olhar através da bola de cristal ... mas vamos lá.

Omni é um álbum bem produzido e com muita técnica, isso é indiscutível, e não é nenhuma novidade quando isso vem do Angra. O problema ocorre quando você quer ouvir um heavy metal pesado e rápido ... nem vem me dizer que isso é impossível quando o assunto é Angra, no mínimo um dos dois fatores estão presentes, não necessariamente no álbum todo, que o diga Temple of Shadows, aliás, eu deveria usar bastante esse álbum para comparação.

O pior é que existe rapidez e peso em Omni, bem espalhados, é verdade, e quase nunca juntos, mas estão lá, qual o problema então? Depois de todo esse tempo da nova formação eu estou chegando à conclusão de que o problema está nos vocais ... Quê?! Lione é ruim?!

Obviamente, a resposta é não. O problema para mim é encaixar os vocais com o estilo da banda, coisa que o Falaschi fez com facilidade ao substituir o André. Quase nada do que eu ouvi com Lione nos vocais à frente da banda parece Angra. Além das audições que fiz deste álbum, faixas aleatórias ficaram pipocando durante meu dia-a-dia desde que o Magician fez a postagem, e eu comentei com o mesmo que certa vez tocou uma faixa e eu jurava que era Masterplan até reconhecer que era Angra lá pelo meio da música (para você ver que esse Magician é uma farsa, ele não reconheceu o próprio post e me respondeu "O que é Masterplan?").

Eu não sei o que ocorre. Não sei se o timbre da voz dele obriga os caras a comporem com notas alegres, não sei se seu próprio timbre é alegre (algo bem contrastante com os vocais melancólicos do André ou os raivosos do Falaschi) ... não sei. Só sei que não parece Angra e é alegre demais para cair bem nos meus ouvidos.

Sobre o álbum em si, algumas escolhas foram feitas que com certeza não bateram com meu gosto musical. Chamar a Sandy para cantar tinha tudo para dar certo, como o dueto do Tyr que eu comentei no post dos caras aqui. Mas não, chamaram também a substituta da menina chave dos planos de Azmodeus, nossa querida Angela e sua voz infernal, a também infernal, Alissa White-Gluz. Pior, podiam tentar encaixar tudo de maneira orquestral e dar um bom uso para o contraste das vozes, mas não, preferiram cair no chavão do uso de death metal, com as alternâncias irritantes, o que estragou a música de vez, uma coisa chata, parada, um desperdício da voz da Sandy (o Magician teve a pachorra de dar destaque para esta faixa e mais duas baladas sonolentas ... pára véi...pega seus gatos e some daqui...vai se aposentar em outro plano ouvindo um bardo sonolento qualquer).

Outra escolha ruim: pegaram a Companhia Teatral Brasileira do Macaco Louco e botaram os caras pra cantar merda em Caveman. Que porra é essa meu? Vai pastar!

Pra não dizer que o álbum é ruim, Magic Mirror é boa e a faixa que o Kiko compôs (isso não é um bom sinal, a única música que o cara que saiu da banda fez, é a melhor), War Horns, é muito boa.

Enfim, o Angra mudou, senhores, o que é muito comum. Alguns podem achar que foi para melhor, evolução e tal. Not me, bitches.

P.S.: Nem comentei nada da música que é cantada pelo Rafael porque é balada. Canta um metalzão ae pra nóis conversá, truta.

Nota: \m/\m/\m/

Pirika

Eu tinha largado o Angra logo depois que saiu o Aqua, ali pra mim a banda não conseguia mais fazer um som agradável que soasse tão natural, o Aqua me pareceu tão forçado que nem ouvi o Secret Garden além de Newborn Me que é uma ótima música, mas até aí o Aqua também tinha Arising Thunder, então me mantive conservador. Até escutar a bolacha em questão...

Eu confesso que acho a voz do Lione bem versátil para o Angra, melhor até do que a do Edu (Inclusive fui covardemente ofendido por Treebeard e Pentelho por externar uma opinião inofensiva em algum churrasco no passado). Acho que ele faz muito bem as vozes mais graves do Edu ao mesmo tempo que tem muito mais qualidade para notas mais altas, mas aí é questão de opinião (que eu acho que a minha é polêmica, mas ok).

O cd começa bem com Light of Transcendence e Travelers of Time, duas das melhores músicas mais pesadas do álbum. O destaque para esse estilo de música fica para War Horns, com a participação do Kiko, um boa porrada direto na fuça. Magic Mirror também merece seu destaque. Caveman tem um começo onde eu reconheço o esforço na tentativa de fazer algo enraizado, aquela conexão BR e tudo mais porém ficou bem fraco, do meio pro final o a música melhora consideravelmente. 

Silence Inside e Insania meio que passam batido. A Insania até tem uma boa base feita pelo Andreoli que ali e acolá consegue achar um espaço para o seu baixo, coisa difícil em banda do nicho speed/power/melódico onde o baixo é fortemente nerfado. O mesmo ocorre em Always More.

O ponto que mais me chamou atenção nesse cd foi a qualidade das baladas. Tanto The Bottom of my Soul como Always More se destacam no álbum, essa última sendo uma das melhores do cd com um refrão grudento que deixou ela no repeat do spotify por vezes e mais vezes. Infinite Nothing termina o álbum com um instrumental das músicas do cd, não me recordo no momento da resenha de já ter ouvido algo semelhante, achei dahora demais. Ficaria muito melhor se fizessem com músicas antigas, quem sabe uma ideia para o próximo cd como forme de homenagem ao André? :)

Vamos ao destaque Black Widow’s Web, música com Sandy e Alissa White-Gluz. Quando a música saiu muita gente caiu em cima do Angra matando a pau pelo simples fato de a Sandy estar na música, esquecendo que na Late Redemption do ToS eles convidaram o Milton Nascimento e é uma ótima música . O mesmo vale pra essa aqui, eu achei a música muito boa desde  a primeira ouvida. De fato a Alissa tem muito mais impacto na música do que a própria Sandy, o que de nada inviabilizaria a qualidade da música visto que as 2 cantam muito bem dentro de seus respectivos estilos. (A Alissa canta muito bem sem gutural também, não saberei opinar quanto ao oposto).

Em suma: o disco me saiu melhor do que o esperado. Posso facilmente dizer que do que eu ouvi do Angra de mais recente este é o melhor desde o Temple of Shadows. Quem sabe o próximo passo é perder a preguiça e ouvir o Secret Garden? Quem viver, verá.


PS: Abaixo está a prova de que o Angra usou a Sandy de forma completamente fraca, dava pra fazer muito mais.


Top 3: Black Widow’s Web, Always More e War Horns. Shame Pit: Insania.

"And I stood upon the sand of the sea
And saw a best rise up out of the sea
Having seven heads and ten horns
And upon his horns ten crowns
And upon his head the name of Blasphemy."

Nota: 7