quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Bruce Dickinson - The Chemical Wedding

O álbum The Chemical Wedding, lançado em 1998 por Bruce Dickinson foi escolhido por votação aberta na disputa entre este e Mondo Bizarro.



Phantom Lord

Mais um trabalho do Bruce Dickinson no blog... Justo, afinal se o Accident of Birth apareceu por aqui, porque o Chemical Wedding não deveria aparecer?

Ouvi este disco pela primeira vez lá pelo ano de 98, quando ainda era possível escutar boas músicas como Psychoman, Psycho Circus e Chemical Wedding nas rádios. Minha opinião não mudou muito desde aquela época: este disco é praticamente tão bom quanto seu antecessor. Talvez umas músicas pareçam um pouco menos inspiradas, mas por um outro lado parecem mais pesadas.
O cd começa bem com a paulada King in Crimson, segue com a marcante faixa-título e a ótima The Tower.
Book of Thel merece uma atenção especial: poucas bandas de heavy metal conseguem fazer músicas longas realmente boas do começo ao fim (sem mudanças bruscas de ritmo, por exemplo)... Book of Thel tem mais de 8 minutos de duração, e não possuí falha alguma! As três músicas seguintes também são definitivamente boas.
Enfim, não há nada que realmente possa ser chamado de ponto-fraco em The Chemical Wedding, mas existem três músicas que eu considero menos interessantes: Killing Floor, Machine Man e Chemical Wedding Part 2.... ops, eu quis dizer The Alchemist.

Apesar dos “pormenores”, posso concluir que este ainda é um álbum equilibrado, as poucas músicas menos interessantes merecem ao menos nota 6,5, e as melhores 9,0.
Imaginar que conheci fanfarrões que afirmaram que as duas últimas faixas são as melhores músicas deste álbum. Tsc tsc, tem gosto pra tudo mesmo...
Nota 8,4.



Metal Mercante
The Chemical Wedding sempre foi um cd problemático para eu comentar. Da mesma forma que “And Justice for all” do Metallica esse CD veio depois de uma obra prima – Nesse caso o Accident of Birth – e não trouxe praticamente nada de novo para meus ouvidos. Além disso, acredito que se embaralhássemos as músicas do Accident com as do Chemical em um saco e fizéssemos 11 sorteios (12 músicas no Accident e 10 no Chemical) não seria possível notar diferenças bruscas de continuidade no CD.

Em minha opinião as grandes obras do Metal surgiram na maioria dos casos da reinvenção da própria banda buscando uma identidade e não de um trabalho de continuação de algo que a banda já havia feito. Exemplos disso, são o Accident of Birth do Bruce Dickinson, o Brave New World do Iron Maiden, o Imaginations from the other side e depois o Nightfall in Middleearth do Blind Guardian, Louder than Hell do Manowar, Rust in Peace do Megadeth, Ride the Lightning, Master e o Black Album do Metallica, os Keepers e depois de muitos anos o The Dark Ride do Helloween , Tunes of War do Grave Digger, Rebirth do Angra e por aí vai…

…A maioria desses cds já foi aclamada aqui no nosso blog e todos eles foram obras que redefiniram as bandas, agradaram e atraíram fãs pelo mundo inteiro, porém os próximos cds que seguiram geralmente não tiveram o mesmo impacto que seus predecessores.
Só de olhar para as notas dos metalcólatras no link (aqui) é possível perceber como os cds posteriores a uma obra prima geralmente não são tão bem recebibos. Os exemplos mais evidentes são o Knights of the Cross do Grave Digger, o pobre Dance of Death do Maiden, and Justice for all do Metallica, e até certo ponto o at edge of time do Blind Guardian, todos eles essencialmente uma “cópia” do seu antecessor.

The Chemical Wedding acaba caindo na mesma linha de cds que tentam se aproveitar do sucesso do anterior e isso geralmente tende a atrapalhar o processo criativo, pois o medo de não conseguir criar nada a par com a obra anterior limita as opções do artista.
Como minha nota para o Accident foi 9...

PS: Como reclamei bastante no post do Slipknot, não pensem que eu não ouvi a discotecagem no final da música “Machine Man”...


...nota: 8,0

The Trooper
3Ótimo trabalho, o ponto mais marcante deste álbum está nas guitarras e baixo, composições excepcionais de cabo a rabo levam o ouvinte durante toda a viagem das letras, heavy metal indiscutível, mas ainda acho que Accident of Birth tem uma pegada mais pesada e suas baladas são mais marcantes.


De qualquer maneira, não há como remover esse álbum de sua coleção, sempre ficará aquela sensação que falta algo. Destaque para King In Crimson, The Tower, Trumpets of Jericho e Machine Men.
Nota: 8,4



The Magician


Se alguém aí souber como exprimir em um post a essência de uma Obra-Prima me avisem, por favor.

Para explicar uma obra desta magnitude, um simples texto em um blog de uns metaleiros malucos pouco ajuda. Qualquer subsidio vocabular aqui utilizado se torna limitado ou pobre ao tentar traduzir a qualidade dessa raríssima e singular peça do Heavy Metal. No entanto, farei minha parte.

De tudo aquilo que o Heavy Metal gerou em sua história, o disco “The Chemical Wedding” (TCW) está entre as produções mais essenciais e qualificadas da cena como um todo. O projeto inteiro – da capa ao contexto, de sua estrutura à sonoridade – é uma das mais plausíveis criações deste universo.


Acredito que Bruce Dickinson com seu segundo trabalho dentro do Metal despontava como um grande nome para uma promissora carreira solo, mas infelizmente se viu obrigado a voltar ao IronMaiden durante o período que os especialistas (Metalcólatras) chamam de “A grande depressão do Heavy Metal” em meados da virada do século, justamente para fortalecer este mercado (e até certo ponto conseguiram, mas isso é história para um outro post...).


Ainda assim sua curta discografia foi capaz de se imortalizar.


No álbum anterior – Accident of Birth (AoB) - o compositor-vocalista apresentou o trabalho consolidado sobre temas muito mais obscuros do que o Maiden fazia (há de se dizer que os ingleses eram freqüentemente mais generalistas, levando em consideração sua projeção e pré-repercussão dos seus trabalhos na mídia geral) e essa proposta-solo ligada ao ocultismo no entanto, não se apega ao ‘mitológico’ ou ao ‘fantasioso’ - já desgastados pela prática metaleira -, e sim à uma fonte literária histórica de viés profético. A criação desta atmosfera misteriosa/cabalística em suas músicas teve sua continuidade aprofundada em um contexto soturno registrado aqui em TCW.


Buscando uma maneira de se desvencilhar da imagem de sua antiga banda sem ter que partir para um caminho mais “pop”como já tinha feito antes, esses temas formaram a base que Bruce adotou para seus trabalhos próprios, criando com primazia uma inconfundível identidade musical.


Para materializar as idéias do excêntrico Dickinson estava novamente ao seu lado Roy Z. Com a competência de sempre produziu com esplendor o material sonoro e visual do encarte, totalmente condizente com a proposta dramática do álbum. O acabamento do material gráfico nos remete à baixa idade das trevas por causa de sua simbologia mística, grafias arcaicas e principalmente devido às estranhas ilustrações retiradas da coleção do poeta/artista britânico William Blake (cortesia do Tate Gallery -Londres). Ao tempo que você lê as letras e visualiza as pinturas do encarte enquanto escuta suas canções, automaticamente é enviado para o insólito e nefasto mundo proposto por Dickinson. Tudo parece convergir em apenas uma única proposta.


Mas é claro que a parte mais valiosa desta obra é contida em seu magnífico material sonoro.


As composições e melodias são perfeitas e somente esses fatores já seriam suficientes para manter este ótimo trabalho no nível de AoB. No melhor estilo Bruce as composições não falham em nenhum momento do álbum, mas sempre providenciam arranjos que moldam temas melancólicos ou sombrios. Para ilustrar esta ambientação, algumas músicas foram gravadas com afinação de D# (meio tom abaixo).


Entretanto, o que de fato difere este álbum é sua proposta de embutir peso às canções, se AoB progride sobre os interlúdios, TCW é extremamente direto e contundente diminuindo o ritmo apenas nas ótimas baladas “Gates of Urizen” e “Jerusalem”. Para isso apresenta características surpreendentes, como:


- o comportamento vocal menos virtuoso e mais grave, às vezes dissimulados para preencher a temática aterradora;


- a ênfase instrumental, pois diferente de sua obra precursora os instrumentistas se destacam nas suas partes, sejam nas pujantes bases ou nos melodiosos e afiados solos grande parte do tempo das músicas é dedicada às apresentações instrumentais, onde o grande exemplo está na destruidora é inesquecível faixa “Book of Thel” (provavelmente a melhor de todas criações de Bruce);


- texturas e efeitos sonoros complementares enriquecem as composições como se pode perceber principalmente na faixa “Chemical Wedding” e por todo o decorrer do álbum, considerando que a maioria destes sons foram reproduzidos por sintetizadores de guitarras colocados por Roy, sendo que apenas na faixa “Killing Floor” é utilizado o auxilio de teclados;


- e por fim o experimentalismo acertado nas faixas “Machine Men” e “Trumpets of Jericho” onde a banda flerta com o rock moderno, sendo pela escolha das distorções ou pelo ritmo quebrado das guitarras.


O resultado final foi a concepção de um dos principais lançamentos do gênero nos anos 90, que imprimia a personalidade não de apenas um vocalista virtuoso em sua jornada solista, mas sim de uma verdadeira banda com personalidade e proposta bastante claras.


Para os verdadeiros apreciadores do gênero, The Chemical Wedding é uma obra genial de conteúdo grandioso e complexo, mas se eu pudesse resumi-lo em poucas palavras diria que é um dos mais marcantes, sombrios e sofisticados discos de Heavy Metal de todos os tempos.


Épico por excelência.


Nota: 9,7 ou \m/\m/\m/\m/\m/.

Pirikitus Infernalis

The Chemical Wedding é o sucessor de Accident of Birth e, provavelmente, o cd mais adorado e conhecido do Bruce. Eu enxergo nele muitas características que foram retiradas dos álbuns anteriores do Iron Maiden, e isso é um ponto de muita qualidade.

A formação continua a mesma do seu antecessor AOB, com Adrian Smith e Roy Z nas guitarras, Eddie Casillas no baixo e David Ingraham nas baquetas. O que muda são os já conhecidos artistas convidados, bastante utilizados pelo mestre Bruce. Apesar de o grupo mostrar uma originalidade menor quando comparado ao AOB, esse cd continua mantendo a sua boa qualidade tanto lírica, como musical.

Falar música a música é surfar no Tsunami, já que meus companheiros falaram o suficiente. Algumas observações podem ser ditas, como o fato de Chemical Wedding ser tocada nas rádios na época em que o gosto musical era menos sofrível (agora raramente se ouve algo na Kiss, quando a mesma não está tocando Zeppelin). Book of Thel merece um destaque na perfeição com a qual Bruce administra sua variação rítmica. Jerusalém possui uma climatização digna de ser aplaudida de pé. The Tower é algo surreal, mesmo eu odiando esperar ela começar no álbum Scream for me Brazil. E pra finalizar temos The Alchemist....Aaaahh The Alchemist, essa música me remete aos bons tempos de Diablo 2, onde ela tocava repetidamente nas várias e intermináveis madrugadas de jogatina, com certeza é especial.

Bruce mostra que é uma das maiores cabeças pensantes do metal. Um cara que não se limita, não é a toa que o cara é historiador, aviador e tenor. Aliando essa sede de conhecimento a uma ótima capacidade de transformar boas histórias em música, temos esse cd que também faz parte da discografia básica de qualquer metaleiro, mesmo estando centímetros abaixo do seu ponto mais alto: Accident of Birth.

Top 3: The Tower, Boof of Thel e The Alchemist.



15 comentários:

  1. Seria este seu comentário sobre os fãs das duas últimas faixas uma referência ao “Metal-Guru”, Phantom?

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  2. Foi "referência" a alguns dos metalcólatras mais jovens.

    Provavelmente o Pirikitus se encontrava entre esses fanfarrões de que falei. Temos um exemplo: veja quais faixas o Pirikitus elogiou na postagem do Angel of Retribution... É só aguardar a resenha dele, já que os demais não estão entre os metalcólatras.

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  3. Book of Thel, Jerusalém e The Alchemist valem o álbum...o resto é só pra humilhar mesmo...

    Minha resenha no Chemical será óbvia como a de todas, diferentemente se fosse o Mondo Bizarro que aí sim ela seria fanfarrônica, ou se preferir, a la Magician

    Ah...esse é o cd mais Iron Maiden do Bruce...(ou seria os próximos do Maiden os cds mais bruce da banda?)

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  4. Novamente o sr. está equivocado Prikitus...

    o CD mais parecido com Maiden do Bruce é o Accident, obviamente...

    O Chemmical é MUITO mais pesado do qualquer coisa ja lancada pelo Iron

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  5. Realmente, músicas como Freak e Omega são bem a cara do Maiden...eu estou equivocado e o senhor certo...fanfarrão...

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  6. Pirikitus, o que você tem contra o Mondo Bizarro?

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  7. O fanfarronico foi no bom sentido. No Chemical vai ser aquela resenha básica de cds absurdamente bons de metal. No Mondo daria pra ser mais criativo e causar uma polêmica.

    Eu sou adepto do Mondo Bizarro desde que o Julião emprestou Loco Live anos atrás...ae eu fui atrás e achei o MB...

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  8. Coerente Mercante. Um de seus raros posts coerentes...

    Concordo que de fato o "CD embalo" é bem comum depois de grandes sucessos, e gostaria de incluir o Angel of Retribution e Ritual nessa sua lista de grandes reinvenções de bandas.

    Mas é que pra mim este CD foge à essa regra, dá vontade de chorar de tão foda que é...

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  9. Mercante, toda a sua teoria se esboroa ao citar "...And Justice For All".

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  10. O ...And Justice não é "essencialmente uma cópia de seu antecessor": É mais lento, mais prolongado e sem baixo.
    Teus outros exemplos devem estar corretos (Iron e Digger), Mercante, mas não sei se é exatamente o caso do The Chemical Wedding, que tem uma produção diferenciada se comparada com seu antecessor Accident of Birth.

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  11. Com certeza não foi o Trooper que escreveu esta resenha... foi o Saci!

    O Saci escreveu esta resenha!

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  12. Velho, já tive que arrumar duas vezes esse meu post... ta foda postar ultimamente, isso que dessa vez eu escrevi direto no blogger!!

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  13. Quanto mais eu ouço esse disco, mais ele parece "melhorar". Começo reparar em riffs, solos e detalhes em geral de qualidade absurdamente alta... Apesar das grandes diferenças entre os discos gravados pelas diversas bandas de heavy metal, há certos trabalhos que parecem que vão melhorando conforme ouvimos mais... Cowboys from Hell do Pantera, Born Again do Sabbath, Painkiller do Judas são mais alguns exemplos deste tipo de trabalho em minha opinião.

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  14. The Chemical Wedding. Na minha opinião, o melhor disco de heavy metal de todos os tempos.

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