domingo, 31 de maio de 2020

Rage Against the Machine - Rage Against the Machine

O álbum Rage Against the Machine, lançado pela banda homônima em 1992, foi escolhido por The Trooper para análise.

Faixas: 01-Bombtrack; 02-Killing in the Name; 03-Take the Power Back; 04-Settle for Nothing; 05-Bullet in the Head; 06-Know Your Enemy; 07-Wake Up; 08-Fistful of Steel; 09-Township Rebellion; 10-Freedom.


The Trooper
3
Estamos aqui de novo, dessa vez com talvez o post mais polêmico do blog, nada parecido com a baboseira do Sacred Steel, talvez mais parecido com o post dos Titãs, já que o som desvia bastante do padrão do blog, mas não só por isso é polêmico.

Você pode fingir que está fora de tudo o que está acontecendo por aí, mas não está, ninguém está. Toda essa merda voando pelo ventilador global está caindo em nossas faces, ela te cega quando você tenta enxergar, você sente o metano quando inspira e sente o gosto podre quando tenta falar. O cérebro queima, a fúria não tem por onde sair, foda-se! O post hoje é Rage Against.

Dei uma vasculhada na discografia dos caras bem por cima e acabei escolhendo o debut porque é o álbum com a musicalidade que desce menos quadrado pela minha garganta. Mas o que desce quadrado mesmo são as letras, e essas tem que descer rasgando na garganta de todo mundo. O álbum é sobre isso, a banda é sobre isso. As porções de rap do álbum tem muito a dizer. Nos trabalhos posteriores o rap e o funk ficam ainda mais fortes.

Não importa as notas que o álbum receba aqui pela musicalidade, ele está aqui pela mensagem. Uma última dica: entender a letra aqui é essencial e a mensagem do Phantom "vá ler um livro", só é válida se você for ler o livro depois de ouvir. Parte dois da última dica: ouça a porra do álbum no maior volume que conseguir.

O resto da minha minha resenha é isso aqui:

Nota: \m/\m/\m/\m/ (Infinita na atitude)

P.S.: em minha ignorância eu nem mesmo sabia que Killing in the Name era sobre a Ku Klux Klan.
P.P.S.: se quiser vir aqui falar merda, injete desinfetante, enfie a cloroquina no cu e vaze!




Phantom Lord

Peculiar... Não o álbum em si, mas sua aparição neste blog: Talvez fosse inaceitável anos atrás entre tantos conservadores seja no quesito musical ou no quesito político. Conservadores não quer dizer que busquem integridade de alguma coisa (tipo conservar algo útil), os conservadores aos quais me refiro aqui são caras que apenas querem deixar as coisas como estão, seja o mesmo punhado de artistas / mesmo estilo em determinado(s) cenário(s) musical ou os mesmos multimilionários no poder socioeconômico. 


 No quesito musical (rítmico, melódico etc), as coisas mais próximas que passaram por este blog foram Faith no More e Suicidal Tendencies. E mesmo assim não estão tão próximo assim: O debut do Rage Against é tomado pelo vocal rapper e ritmo instrumental cadenciado ou cheio de pausas não à moda do rock ou heavy metal e sim mais voltado ao funk e ao rap (ou hip-hop, sei lá...). Ainda assim é claro que as guitarras somadas a bateria caracterizam as músicas como algum tipo de rock. 

Sempre pensei que o baixo foi um instrumento mal utilizado nas vertentes "pesadas" ou "pauleiras" do rock / metal e o Rage Against é uma das raras bandas que consegue combinar tais elementos (as outras são Faith no More e Suicidal): Bullet in the Head é o maior exemplo, ainda que o baixo seja notório em outras músicas como Know Your Enemy, ali ele parece mais "funkeado". Embora eu nunca fui fã dos estilos do eixo funk - rap, é inegável a genialidade como o Rage Against mistura estes elementos em várias faixas. 

 1. "Bombtrack" 7,0
 2. "Killing in the Name" 7,7 
3. "Take the Power Back" 7,2
 4. "Settle for Nothing" 6,6 
5. "Bullet in the Head" 7,4 
6. "Know Your Enemy" 7,0 
7. "Wake Up" 7,2 
8. "Fistful of Steel" 6,8 
9. "Township Rebellion" 6,0 
10. "Freedom" 7,0 

 Em relação ao(s) tema(s) do álbum: O ano era 1992. Fazia 1 ano que o capitalismo vencera a guerra fria para a alegria dos seguidores da doutrina truman, criada um ano após o fim da 2ª mundial nos EUA, como propaganda "anti comunista". A URSS, agora a Rússia separada dos demais países do extinto bloco socialista, abre seus portões ao sistema sócio-político tão reforçado pelos EUA mundo a fora como o ideal de liberdade e prosperidade. 
Então tudo era flores nos EUA? O 'sistema do bem" venceu o "sistema do mau"? 

O Rage Against the Machine, dá a resposta mostrando problemas e necessidades dos EUA: 

Crítica à venda de propriedades aos mais ricos e às desapropriações de terra dos mais pobres; 
Crítica aos movimentos racistas pró supremacia branca (a escória KKK); 
Crítica à mídia corporativa, à influência das igrejas "cristãs" e ao imperalismo estadunidense. 
Atenção às vítimas de violência (doméstica etc) e menores infratores; 
Auto reconhecimento como ativistas; 
Crítica às propagandas corporativas e a inércia do povo diante anúncios e programas de entretenimento; 
Crítica à ação policial brutal, à impunidade, à ignorância e ao sistema capitalista / neo liberal; 
Auto reconhecimento como revolucionário; 
Crítica à intervenção estadunidense no Vietnã (Guerra do Vietnã); 
Crítica aos Fascistas e seu nacionalismo sensacionalista, racista e brutal-repressor; 
Crítica à culpabilização do Islamismo; 
Crítica aos ataques covardes às comunidades / reservas indígenas.

Todo o sistema tem seus podres, assim como todo ser humano tem, mas: 
Quem se irrita com o(s) tema(s) do álbum Rage Against the Machine? 
 Phantom Lord dá a resposta: 
Quem gosta de oprimir ou quem é idiota. 










Nota Final: 7,8 

The Magician
O núcleo da banda RATM é formado literalmente por descendentes de revolucionários latinos e africanos, e acho que isso já diz bastante sobre qual é o componente principal em questão nessa resenha proposta pelo Trooper.

Mas a verdade é que o Heavy Metal sempre teve um pézinho no discurso crítico à política, e ocorre principalmente (mas não exclusivamente) devido a origem dos membros das bandas, que em grande parte nasceram nos subúrbios pobres de países ricos; portanto o Heavy Metal é um produto da divisão de classes e do déficit distributivo, e sua própria razão de ser tem um ponto de partida na teoria política. Posso rapidamente lembrar de um punhado de álbuns com forte apelo político já em seus próprios nomes  (sem precisar mencionar cada uma das canções, individualmente):  "... And Justice For All" (Metallica), "Peace Sells" (Megadeth), "Blood of the Nations" (Accept), "Chaos A.D." (Sepultura), "God Hate Us All" (Slayer), "Mob Rules" (Black Sabbath) e assim por diante. 

E a conclusão é óbvia para quem quiser enxergar: I - quer ser conformista,  vá escutar outro gênero musical; II - O Heavy Metal, por derivar de uma classe desfavorecida, tem seu discurso natural vinculado ao pensamento de ESQUERDA (left-wing).

Se você não percebeu isso ainda, é um puta de um zé ruela, e se você nega este fato, é retardado mesmo. Mas normal... fique tranquilo, estamos em uma época onde os retardados chegaram ao poder, então você está no time que está vencendo (weeeeeeeeeeeeee!).

O problema, no entanto, com o idealismo oposicionista do Heavy Metal (e aqui falo diretamente do posicionamento declarado dos compositores e músicos) é o negacionismo com relação à solução política; ou seja, após desconstruir o capitalismo neoliberal que foi no mínimo ineficiente em proteger a sociedade da profusão de periferias econômicas carentes, violentas e ignorantes, os headbangers querem que se fodam todos os sistemas. Neste ponto, o gênero que acaba não se relacionando com as propostas de reforma, transforma o Heavy Metal em uma espécie de movimento pseudo anarquista. 

A grande diferença da retórica do Rage Against é sobre este ponto, a banda de Morello, De La Rosa & Cia. está declaradamente posicionada na esquerda vermelha e revolucionária. Talvez isso seja resultado de um dos membros da banda ser um cientista político formado em Harvard.

Sobre o aspecto musical do trabalho, é sem dúvidas diferente do que o Heavy Metal conservador costuma apresentar; tem bastante conteúdo hip-hop inserido entre as guitarras e a bateria HC/Heavy Metal do RATM, que faz o trabalho se assemelhar um pouco aos crossovers feitos pelo Anthrax e Suicidal, mas ainda assim bem diferente. O som é mais arraigado nas bases do rap mas sem negar o protagonismo do "Locking in", que somado ao estilo totalmente único das guitarras de T.Morello ofereceu um tipo de peso que não se pode escutar nem mesmo nas mais parrudas bandas de Metal raiz. 

A gritaria rasgada e enfurecida de De La Rosa e o wah/whammy de Morello fazem do Rage Against uma daquelas raríssimas bandas que você saca com apenas uma nota (tipo ACDC, Sepultura ou Megadeth).

Fora isso, tem umas pedradas aí nesse álbum que são dignas de entrar em qualquer top list de Heavy Metal, independente de qual for a retórica, política ou não: "Killing in the Name", "Take the Power Back" e "Wake Up" são minhas favoritas.

Nota: 7,5 ou \m/\m/\m/\m/.

p.s: chegamos ao fundo do poço (na verdade ainda vai piorar) por sua culpa, imbecil, que escuta Roger Waters mas vai no show do cara reclamar que ele é ativista. Que nunca prestou atenção nas letras de Eye of the Beholder ou Peace Sells e que votou em caras que vão tirar o seu direito em troca do ganho de alguém que relativamente, já possuía  uma qualidade de vida melhor que a sua. Que olha uma capa como esta do Rage Against e que não vai buscar a história por trás dessa foto (que expõe o tipo de governo assassino que o modelo pró-capital americano apoiou ao longo da história e ainda apoia nos dias de hoje). Você, filha da puta, que canta RATM em showzinho de motoclube e botequim na noite de SP mas vota em marionete facistóide porque acha que está na hora de colocar "ordem" nas coisas. E por sua causa, seu ser humano detestável, que não reconhece a verdadeira situação do país, que sem política pública não tem condições de promover uma meritocracia orgânica financiada primordialmente por capital privado.


Poderia ficar aqui descrevendo sobre você pelo resto da eternidade, seu bosta. Mas faça um favor a você mesmo, e principalmente ao seus filhos quem você talvez ainda queira salvar: Vá estudar sociologia, teoria social de verdade, nos livros e faculdades, não na internet. A ciência exata e a engenharia que você tanto respeita, não são ensinadas pela internet, mas sim em faculdades. Não ter respeito à academia e aos teóricos de ciências sociais que acumularam séculos de estudos, é tão idiota quanto desmerecer a engenharia, a computação e a ciência exata acadêmica. Papo de fakenews, miniom, terraplanista, facistóide ou de uma pessoa qualquer que não merece escutar Heavy Metal.