quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Dragonheart - Underdark

O álbum Underdark lançado em 2000 pela banda Dragonheart, foi escolhido por The Magician para análise.

Faixas: 1-Intro; 2-Arcadia Gates; 3-Battlefield Requiem; 4-Dynasty And Destiny; 5-Tied In Time; 6-Night Corsaries; 7-Sir Lockdünam; 8-Underdark; 9-New Milenium; 10-Mists of Avalon; 11-Gods of Ice.

The Magician
Essa postagem foi feita obviamente para corrigir o equívoco cometido no mês passado, quando por desinformação, indiferença ou ignorância mesmo, o Trooper postou aqui no blog o segundo álbum do Dragonheart, ao invés do épico debut dos curitibanos.

Pois aqui está, o primeiro disco de Power Metal declaradamente 'espadinha' do Brasil, Nerd Metal até os ossos, sem rodeios; se o Blind Guardian era responsável por carregar a bandeira Nerd à frente das demais bandas gringas na virada do século, eles o faziam de certa forma elitizada, estavam com obras literárias respeitáveis como base lírica. Já o Dragonheart foi direto ao assunto, pulando da literatura tradicional de fantasia direto para os cenários de RPG, tanto na capa quanto no conteúdo musical (conforme citado pelo Trooper na postagem anterior).

Oras, não é preciso dizer o que isso significava para os moleques RPGístas e metaleiros daquela época (e naquela época acreditem, se não haviam tantos metaleiros que eram RPGístas assim, o oposto - RPGístas que eram metaleiros - era praticamente 50%) e eu estava nesta área de intersecção, ou seja, M∩R = (The Magician). Era como se o "curso natural das coisas" finalmente tivesse convergido na concepção deste álbum, e posso afirmar que foi um sonho realizado para esse grupo de nerds: "enfim um CD feito exclusivamente para as trilhas sonoras de nossas sessões".

Além disso, naqueles dias posso afirmar que havia uma excitante sensação de futuro promissor para o gênero espadinha, com lançamentos badalados de bandas como HammerFall e Rhapsody. Logo, o Dragonheart seria a primeira de muitas bandas brazucas nesse gênero, serão álbuns e mais álbuns, um atrás do outro! e enfim o direcionamento do Metal ao encontro das histórias de fantasia será consoli........ sqn. Como sabemos todo esse cenário promissor secou e morreu até a raiz. E a despeito da não proliferação do estilo, particularmente para mim, ficou essa boa memória daquela época: o disco Underdark.

A produção é um pouco tosca com certeza, mas a atuação da bateria com participação providencial do bumbo, mais os riffs britados das guitarras fornecem um preenchimento que esconde um pouco o trabalho demasiadamente simples de equalização e mixagem. O vocal a princípio pode ser considerado bem fraco para este gênero pretensioso, ponto percebido nos tons que são sustentados por mais de 5 segundos, quando o vocalista só consegue mantê-los por meio de seus vibratos; mas ao escutar o trabalho por diversas vezes me acostumei com essas linhas chorosas, e acho até que é uma das assinaturas necessárias para identificação peculiar da obra.

Os instrumentos no quesito criatividade estão impecáveis, a ponto de entregar partes memoráveis em "Battlefield Requiem", "Tied in Time" e principalmente em "Dynast And Destiny", com o refrão épico sendo apresentado imediatamente após o brigde através dos licks de guitarra executados em perfeita harmonia à sequência de pedais duplos da bateria: 

final do bridge: "... across the tiiime!".
entrada dos licks de guitarra no refrão: "turu-ru-ru-rurúúúú, turu-ru-ru-rurúúúú, turu-ru-ru-rú, rú-rú-rú, rú-rú-rí-lú-léuuuum"
baterias: "pr-r-r-r-r--r PÁ; pr-r-r-r-r--r Pé-Pé""pr-r-r-r-r--r PÁ; pr-r-r-r-r--r Pé-Pé"
início dos vocais no refrão: "Dynast And Destiny!"

Essa bagaça é uma das melhores coisas que já escutei na merda da história do Heavy Metal mundial!

Além disso "Sir. Lochdänam" é uma excelente balada no melhor estilo bardo medieval, e de todas as faixas, é a mais imersiva e competente no sentido de criatividade na composição da melodia.

Em suma, o álbum da primeira à oitava faixa (a faixa título) é muito mais que agradável, mas após esse ponto começa a ficar um pouco cansativo, tanto pela voz meio desafinada quanto pela repetição de riffs metralhadora, e por isso Underdark poderia ser um pouco mais breve. 

Após 17 anos , minha memória foi reativada pela postagem errada do Trooper, o que me fez procurar o já encostado Underdark e me lembrar não somente das boas músicas, mas das incontáveis tardes e noites de jogo sob tal trilha sonora tocada no som da sala de Tadovsky, de forma vibrante e nostálgica....  

to ficando velho mesmo... ¬¬'.

Nota 7,7 ou \m/\m/\m/\m/.

p.s: Trooper, os caras do Dragonheart concordam com você sobre os vocais guturais; eles devem ser utilizados para interpretar criaturas grotescas (conforme início da faixa "Underdark").
         
Phantom Lord
Não tem jeito. Opinião e/ou gosto é viés... por inúmeros motivos. Duas postagens seguidas abordando a banda brazuca Dragonheart já é um sinal disto. O que temos aqui é um trabalho de potencial significante dos gêneros melódicos e/ou power metal. E o meu "viés" diz que é potencial porque o trabalho apresenta certa criatividade, mas tem algumas limitações nítidas. Além da produção simples (é claro, este é o debut dos caras), o vocal principal se arrisca neste gênero (ou sub?) do metal, e na minha opinião não alcança o mínimo necessário para se destacar. Não estou dizendo que é horrível, mas eu esperava mais de quem se propõe a este tipo de música. Não notei uma grande variação de "agudo - grave", nem alguma característica que me chamasse atenção, pelo contrário: Ao longo prazo os vocais me causaram momentos de distração e sonolência. A parte instrumental num geral é bem competente e criativa, melhor do que muitos manowars da vida, com certeza. No fim das contas,apesar do potencial, a banda fica um tanto limitada pelos vocais simplórios, e o álbum acaba se tornando cansativo.

Bom... Não há mais o que citar deste cd, então vamos abordar possíveis preferências musicais e vieses: O que fez nossos colegas metalcólatras debaterem sobre qual é o melhor cd da banda Dragonheart? Vamos começar pelo fato de que a maioria destes indivíduos eram nerds, jogadores de Role Playing Game. E que a maioria gostava de heavy metal e alguns de seus "sub gêneros". Só aí já temos 2 motivos iniciais: A maioria já estava inclinada a gostar do heavy metal que aborda temas nerds (fantasia medieval etc). Além disto alguns destes metalcólatras já gostavam de bandas que possivelmente serviram de inspiração para o Dragonheart, como Blind Guardian e Grave Digger... É preciso dizer mais? Era momento de formação de gosto musical e de repertório / personalidade para a maioria destes jovens (na época) nerds. Tais discos e/ou suas músicas agora fazem parte de seus repertórios e de suas personalidades, pois foram um "marco" dos bons momentos da juventude destas criaturas. Não adianta abordar "feeling" ou relevância do trabalho... "Mimimi, mas essa banda é true, aquele álbum é melhor, este nem tanto". É tudo blábláblá, puro besteirol existente em praticamente todos grupos, sejam de nerds, de playboys, de funkeiros ou de caralho à quatro.
Intro/Arcadia Gates 6,7
Battlefield Requiem 6,2
Dynasty And Destiny 6,9
Tied In Time 7,1
Night Corsaries 7
Sir Lockdünam 7
Underdark 6,8
New Millenium 6,8
Mists of Avalon 6,9
Gods of Ice 6,1
Nota Final: 6,7


The Trooper
3




O primeiro álbum do Dragonheart tinha uma dose considerável de amadorismo, é possível notar aquela pegada de banda iniciante que fazia covers e ainda não se desvinculou completamente disso, então sua criatividade fica diluída no caldo de empolgação com suas influências musicais.

Eles também ainda tinham algum problema com o inglês, tanto para escrever como para cantar. As letras abordam fantasia, o que é a verdadeira novidade em terras brasileiras, mas eram um tanto dispersas na maior parte do conteúdo.

O álbum começa com uma intro que não tem como não lembrar Grave Digger, e a primeira faixa, Arcadia Gates não tem como não parecer que a banda está fazendo um cover de Blind Guardian. Outro problema, é que a banda se arrisca a fazer mudanças de ritmo mirabolantes durante toda a extensão do álbum, e sem ser o verdadeiro Blind Guardian, isso é bem perigoso. Nem mesmo o Kai Hansen conseguiu fazer isso sem fazer meus ouvidos sentirem, como afirmei lá na resenha de Power Plant.

Mas até que os caras conseguem se safar nessa balbúrdia. A segunda faixa, Battlefield Requiem é relativamente simples, mas os caras estão com mais pegada própria, e daí você já consegue pensar que talvez eles sejam bons.

A terceira faixa chega, e com ela vem a trinca de músicas que é o ponto alto deste trabalho. Dynasty and Destiny começa com pedradas na bateria e encaixa um refrão extremamente grudento que é muito legal.

Tied In Time tem uma intro própria, e parece uma mistura de Viper (que parece ter influenciado em mais algumas faixas) com Blind Guardian. Uma mistura que deu certo! É mais uma música empolgante dos caras. O refrão cola bem, e o solinho de guitarra é bem legal (embora a segunda parte lembre Viper novamente).

E para fechar a trinca-destaque vem Night Corsaries, em que os caras estão com uma pegada própria, com uns riffs de guitarra base bem legais e uma letra que se não é um primor, é pelo menos bem bacana pra quem tem seu próprio grupo de aventureiros. E por fim a música ainda tem uma melodia bem legal um pouco antes do final (na parte dos seven seas e blábláblá).

Eu disse fechar o destaque, mas o impacto que a próxima música traz é maior do que meramente extinguir um destaque. Sir Lockdunam é uma balada. Eu fiquei tentando lembrar de onde esse nome é familiar, até que finalmente descobri: Lachdanan, personagem de Diablo. Até aí, tudo bem, usar um nome parecido, grande merda. Mas a música começa parecendo uma balada do Blind ... até aí, tudo bem de novo, foda-se. Mas aí chega chega aos 2:14 da música, e vem isso aqui:

How can I feel thousand battles I saw

Strong like a storm listening the called of war

My spirit is a drum that conclamed the warriors

Death is redemption to goes to Valhalla

Não, não é sobre a letra. É sobre a melodia. Bota aí, nos 2:14, e ouve ... eu espero.

Puta que pariu! Que clone é esse? Para quem conhece Blind Guardian, não tem como desvincular este trecho, de Bard's Song. Não precisava fazer isso, tava até indo bem. Não sei como o Phantom conseguiu dar 7 para esta música.

Enfim, essa brecha desanima um pouco de ouvir o resto. Se é pra ouvir cover eu vou num boteco e ainda encho a cara de cerveja. E os caras não se recuperaram muito dessa magia clone que usaram. A necromancia corrompeu o resto das almas até o fim do cd.

Ainda dá para dar um destaque para a faixa título, Underdark, que é sobre Forgotten Realms mesmo. Os caras citam Toril, o planeta do cenário de campanha onde existe esse mundo subterrâneo populado por drows, que também são citados, bem como sua deusa Lolth. E o vocal a la Grave Digger, é pra mim, o ponto forte dos vocais da discografia dos caras.

E o álbum termina com algumas músicas razoáveis, mas nada além disso. Portanto o fanatismo de Julião e Magician com este álbum, dois membros que gostam de expor suas mentes caóticas, só pode ser justificado por pura perda da razão. O que, com música, é totalmente apropriado, fico feliz que foram movidos de seus estados mentais medíocres com Underdark. Para mim, no entanto, quem errou na postagem foi o Magician, e não eu. Vengeance In Black é muito, mais muito melhor.

Destaque para a trinca que citei antes: Dynasty and Destiny, Tied In Time e Night Corsaries. As três faixas que puxam Underdark para a quarta mãozinha na minha humilde avaliação.

Por hora é só ... obrigado pela atenção ... ou não.

Nota: \m/\m/\m/\m/