segunda-feira, 22 de junho de 2015

Almah - Fragile Equality

O álbum Fragile Equality lançado pela banda Almah em 2008, foi escolhido por The Magician para a análise dos Metalcólatras.


1- Birds of Pray; 2- Beyond Tomorrow; 3- Magic Flame; 4- All I Am; 5- You'll Understand; 6- Invisible Cage; 7- Fragile Equality; 8- Torn; 9- Shade of My Soul; 10- Meaningless World.

The Magician
Eis mais um grande trabalho do Heavy Metal brazuca.

"Fragile Equility" da banda Almah - do controverso Edu Falaschi - tem sonoridade complexa e pouco acessível, e demanda sim por uma certa paciência do ouvinte. Em outras palavras, é um disco que precisa ser digerido pelo metaleiro para sua completa apreciação.

Se isso acontecer (e cá entre nós, provavelmente só acontecerá com o cujo que gosta ou já gostou de algum trabalho do Angra), o banger será surpreendido e presenteado pelas inúmeras qualidades do ótimo trabalho da banda.

A obra, no entanto, não deixa dúvida quanto ao gênero que pertence: com certeza Metal Melódico dos mais destilados que se pode encontrar. Ostensivo ao extremo, com camadas e mais camadas uma por sobre a outra; de teclados sobre guitarras, de guitarras solo sobre vocais, de guitarras em duetos, de coros sobre lead vocal, de vocais sobre mais todo resto, e por aí vai...

Mas as melodias são coesas e seguem linhas mestras que conduzem suas estruturas principais, por causa disso elas fogem daquele conhecido arcabouço progressivo do Metal (em que às vezes o Angra se arrisca), ao tempo que oferecem aderência com partes bastante "grudentas" e bem destacadas (menção especial para a faixa "Torn", nesse sentido).

A dupla de guitarristas fez a festa nesse material. Para os aficcionados nesse instrumento, o disco se mostra como um repertório inacabável de arpegios, tappings, saltos absurdos de cordas e fritação desenfreada, isso sem contar os riffs nervosos com palhetadas alternadas. Uma observação particular sobre este tema é que o falecido Paulo Schroeber escreveu um dos solos mais impactantes que já escutei; a faixa "Magic Flame" traz um solo-petardo de aproximadamente 1 minuto que começa em 1:56, arrancando sons extremamente malucos e aparentemente inexplicáveis da guitarra aos exatos 2:16 e 2:18 da música, que eu só posso associar a alguma modulagem customizada pelo músico.

O bumbo duplo de M. Moreira e o baixo de F.Andreoli são os grandes responsáveis por dar peso às músicas, e posso afirmar com segurança que nesse quesito a banda de Edu entrega um trabalho muito mais denso do que faz o Angra, na ocasião, sua outra carametade. Por vezes (mais perceptível nas faixas "Fragile Equality" e "Torn") essa interpretação da bateria e do contra baixo criou uma parede de sons que pega carona no estilo black metal, que posteriormente foi mais aprofundado na discografia do grupo (especificamente, no CD Unfold de 2013).

Mas é claro que Edu é o protagonista na parada. A banda é dele, é o dono da bola... se não jogar, ninguém joga! Essa afirmação reflete o trabalho, e muito.
             
Havia dois anos Edu tinha gravado com o Angra o fraquissímo "Aurora Consurgens", para aqui desfilar uma bela dose de criatividade por todo o álbum. Parecia claro para aonde a cabeça do cara começava a apontar, e aonde estava também sua vontade de trabalhar. Uma outra coisa que começava a ficar claro é o desgaste de suas cordas vocais, notado claramente no segundo tom do refrão da faixa "All I Am", quando o vocalista parece falsear sua voz para alcançar a nota da melodia. Toda essa história culminaria no fiasco do Rock in Rio 2011, naquela triste performance do Angra, e no desligamento de Edu do grupo. Afinal, era natural que Edu procurasse um estilo ao qual sua voz se encaixasse melhor em tempo integral.

De qualquer modo, o que se percebe aqui é que o cara ainda tinha relação mais próxima ao "estilo Angra de ser", e que ainda podia dar conta do recado em linhas mais melódicas. Nesse contexto, entregou um bom trabalho técnico e um ótimo trabalho de composição e criatividade, a ponto de escrever um "mangá" contextualizado no conceito de "Fragile Equality" (imagino eu , que nunca lançado).

Quanto às letras, é aquela velha história sobre o existencialismo - coletivo e pessoal - em quase todas as faixas, com alto grau de subjetividade e abstração. Por mim podia ter aberto mais o leque de abordagens, mas não dá pra negar a fina sintonia dessas letras com a sonoridade geral. Alias, por causa disso, o grande destaque do trabalho é a balada "Shade of My Soul", um puta som; fazia realmente muito tempo que não escutava uma balada tão contundente a ponto de ser o carro chefe de um disco, desde Dragonforce, eu acho... (essa música do Almah, inclusive seria uma bela trilha sonora de Anime!).

Para uma analise conclusiva desse disco: Consistência com competência técnica, porém a onipresente inspiração dos compositores, às vezes, é encoberta pela pretensiosa sofisticação da produção sonora.

Eu sei que é cansativo ficar comparando bandas, mas dada as condições sobre os membros do grupo, e sobre a época em que foi lançado este álbum, não dá para não fazer referência ao Angra. E dá pra dizer que depois do "Temple of Shadows", esse aqui é um dos melhores discos criados pelo reduzido contingente do Metal Nacional.

Nota 7.7 ou \m/\m/\m/\m/.

Ah sim! depois de escutar esse disco aqui, dá pra entender um pouco a revolta do Edu. Pra neguinho achar CD do "Pyramaze", "Amorphis" e outras psicodelias fajutas melhor que "Fragile Equality"... tem que ser chupa p@&¨% de gringo mesmo!       
   
Phantom Lord
Do Almah eu conhecia apenas o álbum Motion de 2011, um trabalho que se arrisca além das vertentes melódicas/power/speed, chegando a se aproximar um pouco do death. 

Fragile Equality traz um "metal" das vertentes melódicas de qualidade, porém correndo o risco de sempre: ao explorar os gêneros surrados, este álbum do Almah traz momentos aparentemente não inovadores. Apesar destes momentos, a virtuosa banda consegue criar músicas boas que ocasionalmente chamam a atenção de quem gosta das vertentes "metálicas" que citei anteriormente. 
Existem algumas grandes mudanças de ritmos em determinadas músicas, mas muito bem feitas e/ou sutis. Isto é mais um ponto positivo, pois não faz com que a música pareça um monte de retalhos mal costurados. 
 Os destaques (como indico abaixo) ficam por conta das porradas Beyond Tomorrow e You`ll Understand. 
Enfim, Fragile Equality é um bom álbum que não deve quase nada para a maioria dos trabalhos do Angra. 

Observação: Não podia faltar um maracatu Holy Landense no álbum né? Ainda assim, Invisible Cage não é mais fraca deste disco.

 "Birds of Prey" 7,4 
"Beyond Tomorrow" 8,0 
"Magic Flame" 7,0 
 "All I Am" 7,1 
"You'll Understand" 8,3 
"Invisible Cage" 7,2 
"Fragile Equality" 7,0 
"Torn" 7,4 
 "Shade of My Soul" 6,9 
"Meaningless World" 7,5 

 Média final: 7,4


The Trooper
3
Eu cheguei a pensar em xingar o Edu Falaschi por quebrar minha regra de máximo de baladas em um álbum, mas não pude porque o cara fez um trabalho EXCELENTE em Fragile Equality.
Esse é aquele tipo de álbum que você ouve pela primeira vez e pensa "opa, esse é bacana, hein?", e lá pela sexta ou sétima vez eu já to quase chorando "caralho, que álbum foda!".
Se você não gosta de metal melódico/power metal, provavelmente não vai gostar deste trabalho, mas se você é fã de prog metal talvez goste, Fragile Equality está no limiar das duas esferas, muito bom para mim, que gosto exatamente desse limiar.
Criatividade aparece por todo o trabalho, os instrumentistas são MUITO bons, destaque para os guitarristas e seus solos que parecem uma mistura de Dragonforce com Megaman X. Eu nunca critiquei o Falaschi por seus trabalhos de estúdio, muito pelo contrário, acho o cara muito bom (embora na velha discussão polêmica EduxAndré eu prefira o segundo), e aqui ele desfila sua criatividade, voz e habilidade de intérprete, a maioria das letras não chega a me chamar a atenção, mas o encaixe delas com a melodia é perfeito.
Algumas faixas puxam mais para o metal melódico/power metal, como Magic Flame e Meaningless World, mas a maioria se encontra naquele limiar que citei antes. A faixa título é a mais 'perdida' do álbum, lembrando muito nu metal, mas mesmo assim é muito boa. As baladas são muito boas, lembrando que eu ando de saco cheio de ouvir balada, hein?
Enfim, vale a pena ter esse álbum na sua coleção ... não sai mais do meu hd! Valeu Falaschi \m/

Destaque: Muito difícil, eu teria que escolher umas 5 faixas ou mais.

Nota: \m/\m/\m/\m/


sábado, 6 de junho de 2015

Rage - Trapped!

O álbum Trapped! lançado pela banda Rage em 1992, foi escolhido para análise por Phantom Lord.




Phantom Lord
Há muito tempo atrás, provavelmente na época em que postei o disco Blood of the Nations do Accept aqui no blog, eu encontrei (na internet) e ouvi um álbum chamado Perfect Man da banda Rage... Ouvi uma vez e tentei ouvir mais depois... porém não consegui; Assim como fiquei deslumbrado pela criatividade e poder do trabalho instrumental eu estava nauseado com os vocais. Já faz muito tempo e por isso não lembro com precisão, mas creio que eu tenha achado o vocal extremamente desafinado e perdido. 
 Mais ou menos 4 anos depois, criei coragem e busquei mais trabalhos desta banda na internet... Comecei com o Execution Guaranteed de 1987, um disco com boa criatividade e idéias, mas que soa muito rústico, provavelmente devido a produção simplória e aos vocais medianos que esboçava pouca agressividade e pouquíssima "melodia".
 Então, buscando algo mais trabalhado, encontrei o álbum Trapped! que segue com parte do grande trabalho instrumental de discos anteriores como o Perfect Man, e apresenta vocais um pouco diferenciados em relação a este álbum. Ainda que pareça que Peavy Wagner não determinou um estilo fixo para "cantar em "Trapped!", ele já soa mais maduro e/ou mais afinado dentro do estilo musical proposto pela banda.
 Apesar de existir uma certa dose de experimentalismo em Trapped!, eu chamaria a sonoridade deste álbum simplesmente de Heavy Metal, mas para os mais xaropes (exigentes) podemos dizer que alterna do power ao speed, passando pelo heavy tradicional com uma insignificante pitada do hard rock. Mesmo com o experimentalismo presente em algumas músicas, inevitavelmente o álbum apresenta seus momentos de "instrumentais/vocais simples" e tropeça no arroz-feijão do metal. Afinal como eu já citei anteriormente, o difícil é inovar dentro de gêneros musicais que já estão surrados há anos.
 Após ouvir o Rage e tomar conhecimento de sua "idade", mesmo conhecendo pouco sobre a banda, eu já imagino que suas músicas tenham servido como uma fonte valiosa de inspiração para diversas bandas de heavy metal (e seus subgêneros) da Alemanha. 

 "Shame on You" 7,4 
"Solitary Man" 7,0 
"Enough Is Enough" 7,7 
"Medicine" 7,2 
"Questions" 7,1 
"Take Me to the Water" 6,8 
"Power and Greed" 7,4 
"The Body Talks" 7,3 
"Not Forever" 6,9 
"Beyond the Wall of Sleep" 6,9 

 Nota Final: 7,2 

The Magician
Que sonzeira!

Não há profusão de camadas, não tem agudos penetrantes, muito menos progressão ou elementos suntuosos com timbres transparentes; falta (?) esmero para criação de atmosfera e trabalho sobre profundidade lírica com fidelidade à algum conceito...

E o que tem aí nesse álbum?

Nego cacetando o tambor, eletricidade cortando seus ouvidos em tempo integral, solos inspirados, voz rasgada que nem unha na lousa, porradaria transbordando as beiradas... enfim old school na veia!!!

O mais curioso é que como toda outra obra que deu certo nesse nicho, há técnica e cuidado com a melodia, independente dos caras meterem frescura no som ou não. É a criatividade de novo, sobre um estilo que tem fama de ser naturalmente um fator limitador.

E com relação a isso, a primeira coisa que veio a cabeça quando o Phantom postou esse álbum foi uma frase de uma entrevista que li do batera virtuose Mike Terrana (ex-Rage) que afirmava: "Saí do Rage porque eles queriam fazer a mesma coisa sempre, o tempo todo".

O que me faz pensar, o Metal é uma fase da carreira de músicos que evoluem musicalmente e buscam outras vertentes? Seria o Metal simples em demasia, e essa é sua verdadeira essência?

Talvez seja, toma-se por exemplo o próprio Mike Terrana que em sua busca pela pedra filosofal da música perfeita dentro do gênero tocou com Malmsteen, Tarja, Masterplan, Loureiro, e enfim, se transformou em um mercenário avulso e em looping no próprio Heavy Metal. Pode ser que existe um pico na carreira de cada banda e que é nesse momento em que os grandes trabalhos nascem, para que fatalmente os trabalhos futuros morram sob suas sombras.

Bem, o Rage fez o que tinha que fazer, fiéis ou não a um tipo de som clichêzão, defasado, ultrapassado, maçante ou sei lá o quê mais.

Conclusão: Dez músicas, dez pedradas, sem baladas, sem frescuras, direto ao ponto, de cara limpa e peito aberto. Qué Metal? Tó Metal, carái! 

Destaque para "Shame On You" e "Take Me to The Water".

Nota 7,3 ou \m/\m/\m/\m/.

p.s.: resenha simples pra Cd simples. Simples e bom.





Hellraiser
3Ola Metalcolatras ! 

Desculpem minha demora, mas as coisas estão meio complicadas por aqui, rsrsrs 
Mas ainda assim estou por aqui pra falar um pouco desse album simples, porem MARAVILHOSO ! 

Na verdade vou entrar no mesmo argumento do meu amigo Magician, um texto simples para um album simples, e, ainda concordando com ele, um album simples, porem muito bom, sem frescuras, sem baladinhas e uma banda se preocupando apenas com otimas melodias. 
Melodias essas, que grudam na sua cabeça e que faz você lembrar dos refrões por todo o resto da sua vida. 

Na verdade não conheço todos os albuns do Rage, mas dos que eu conheço, esse Trapped! sempre foi o que mais gostei. 

Faixas como Shame on You, Solitary Man, Medicine, Questions e mais TODAS as outras faixas, são excelentes, porem não podemos esquecer do (fiel) cover do MAIOR hino do Accept, uma das musicas mais rapidas da sua época, a épica Fast as a Shark, que ficou simplesmente perfeita. 

Taí um dos grandes acertos da banda, e um dos grandes acertos do Phantom Lord aqui desde a minha chegada aqui, pois acredito que esse album será unanimidade quanto aos elogios. 

Nota 7,7
 
The Trooper
3
Temos aqui, novamente, uma banda cujo dono é baixista, mas dessa vez não consegui adivinhar isso pelo som da banda, o que pode indicar que Peavy Wagner não é estrelinha, pelo menos não com o baixo, ou pelo menos não nessa fase da carreira. É aqui que a primeira dificuldade de resenhar este álbum aparece: como escrever algo de uma banda que lançou 22 álbuns e você não conhecia nem um até o momento?

Por isso tenho que focar no trabalho em questão: Trapped abre muito bem com 'Shame on You', e fecha muito bem com 'Beyond the Wall of Sleep', mas o ponto forte do trabalho está em uma tríade de faixas bem no meio do álbum: 'Questions', 'Take me to the Water' (a melhor) e 'Power and Greed'. Essas faixas combinam a criatividade instrumental da banda com o peso do heavy metal e uma capacidade de 'fechar' bem uma música com riffs, batidas e letras bacanas.

Isso não acontece o tempo todo no álbum, principalmente nas 2 faixas mais fracas: 'Enough is Enough' e 'Medicine', cujo principal defeito eu atribuo ao dono da banda: ele não soube encaixar bem os vocais com os instrumentos ou encaixar a temática com as notas 'felizes' utilizadas.

Eu costumo atrelar esses erros à bandas de características progressivas, e daí é importante perguntar: Rage é prog metal? Não, acho que não, aliás é difícil engolir um desses rótulos atribuídos à banda, principalmente conhecendo apenas esse trabalho. Aqui o Rage apresentou criatividade instrumental compartimentalizada, ou seja alguns riffs e solos de guitarra muito bem elaborados, mas sem emendar uma sequência monstruosa em uma música ou viajar loucamente e sem compromisso como algumas bandas prog fazem, e apresentou também peso suficiente para ser chamado de heavy metal.

Resumindo: Trapped me lembrou Queensryche ou Dr. Sin, mas mais pesado que ambos. Tenho que dar o braço a torcer ao Mercante aqui, ele me disse em 'off' que a melhor música do cd era 'Take me to the Water' e também me disse que 'Carved in Stone' era um álbum melhor do que 'Trapped', e ele estava certo em ambas as afirmações.

P.S.: Não sei se este álbum foi escrito em uma fase que o Peavy Wagner foi tomar Santo Daime ou fumar o cachimbo da paz com alguma tribo, mas o álbum parece ter alguma influência indígena tanto instrumentalmente como liricamente. Aliás, não são todas as letras, mas boa parte delas são bem bacanas.

Nota: \m/\m/\m/\m/