terça-feira, 20 de agosto de 2013

Nightmare - The Burden Of God

O álbum The Burden of God lançado em 2012 pelo NIghtmare, foi escolhido para análise por Phantom Lord.



Phantom Lord

Nightmare é uma banda francesa de heavy metal apresentada pelo senhor Mercante... Diga-se de passagem melhor do que muitas outras bandas que ele postou aqui no blog. 

The Burden of God é um álbum que apresenta uma gama considerável de espécies do gênero heavy metal com uma vaga dominância do tal power metal. 
Logo de início, após a introdução, a música Sunrise in Hell me chamou a atenção por combinar o heavy/power metal com um vocal que parece uma mescla de Dio com Zakk Wylde. 
 Das faixas 3 a 9 o álbum segue o mesmo "estilo" até começar a mostrar características suaves de Nu Metal em Final Outcome... E estas características se intensificam nitidamente na última faixa (Afterlife). 
Uma pena... Eu concederia o bônus "Solid" ao álbum se não fosse por estas duas faixas. 

 De um modo geral, The Burden of God é um bom álbum, difícil de enjoar, devido a variedade e qualidade de suas músicas. 

 Gateway to the Void/ Sunrise in Hell 8,2 
The Burden of God 8,3 
Crimson Empire 7,3 
Children of the Nation 7,5 
The Preacher 7,0 
Shattered Hearts 7,7 
The Doomsday Prediction 7,6 
The Dominion Gate (Part III) 7,0 
Final Outcome 6,8 
Afterlife 6,0 

Nota final: 7,4

The Trooper
3Sinceramente, eu não esperava encontrar franceses cantando heavy metal em inglês, tenho na minha cabeça fortemente arraigado, o "conceito-estereótipo" do francês que odeia a intrusão da cultura anglo-saxônica em seu país. Mas enfim, a banda nem é nova, é uma reencarnação da anterior criada em 1979, o baterista deve ter pensado "eu canto muito melhor que esses panguos!", e resolveu remontar a banda em 1999 deixando a bateria com seu irmão e assumindo os vocais. Fez bem o seu papel, embora pareça com uma mistura de Jorn Lande e Dio, carrega bem o rótulo de power metal, um dos problemas disso é que sua voz me remete imediatamente à presença de teclados, o que ocorre logo após a introdução dos bons riffs pesados da guitarra base em Sunrise In Hell. Sim mais uma obra permeada por tecladinhos (até que discretos, vai, mas ainda sim, tecladinhos), e não só isso, se não me engano o Phantom ouviu este álbum pela primeira vez no carro do Mercante, ferrenho opositor de discotecagens (a primeira pedra na vidraça do All Hope is Gone, lembram?), mas logo em Sunrise In Hell há uma bela discotecada lá pelos 3 minutos, mas tudo bem, não vou focar na contradição de novo, já deu no saco.
Pra variar, alguns riffs de guitarras lembram músicas de outras bandas (como os primeiros de The Preacher), mas depois de décadas de heavy metal produzido, não podemos exigir muito sobre isso, certo? Enfim, no geral é um bom trabalho, as guitarras pesadas são o destaque (sempre atrapalhadas por sonzinhos de teclados que tentam passar um clima mais melancólico), em conjunto com a produção e a capa (bonita, pintada em tela talvez?). Eu havia comparado este trabalho ao The Black Halo, em sua falta de mojo, mas este aqui do Nightmare é um pouco menos zumbi.
Ah, a melhor faixa do álbum é Crimson Empire.
Nota: \m/\m/\m/\m/

The Magician
Sim, o fato de ser uma banda francesa me surpreende, país raríssimo de se encontrar nos sumários do Heavy Metal e que é um dos berços culturais do Velho Mundo. O curioso é que geograficamente a antiga Gália teria motivação suficiente para possuir um cenário metaleiro mais competitivo, já que a Inglaterra e a Alemanha (maiores detalhes no post do Sabaton) podem ser considerados verdadeiros Headquarters do gênero.
Na verdade somente o fato de ser muito raro a França fornecer artistas da música popular (Metal, sob uma visão mais ampla, é música popular) já ressalta a característica da "souche supérieure", da convicção francesa, conforme comentado pelo Trooper no primeiro parágrafo de sua análise.

De qualquer modo, diferente de alguns grupos que passaram por aqui, a origem étnica da banda não é o ponto de maior interesse da postagem.

"The Burden of God" é um bom trabalho, forte e bem definido, que se apóia no som robusto das guitarras  
que interagem com as nuanças amplas sugeridas pelos teclados, em momentos oportunos. Sobre esta combinação super densa desfila o vocal rasgado do vocalista Jo Amore (João Amor?), dá um ótimo contraste na sonoridade geral, ao mesmo tempo que fornece um perfil próprio para a musicalidade do Nightmare.

Numa análise sobre a sintaxe do álbum, ou seja, sobre a coesão da disposição das músicas e do desenvolvimento completo do trabalho ao escutar o disco de ponta a ponta, acredito que no inicio o álbum é mais direto e impactante; uma espécie de cartão de visitas. Em seguida com atribuição de fatores mais suntuosos e elaborados como a adoção das camadas dos teclados e de riffs oitavados (tom+oitava) mergulhados em distorções super cheias, a banda cria um super preenchimento das bases com ótimas levadas na bateria e oferece o verdadeiro material proposto no trabalho. Estes moldes são utilizados da quarta até a nona faixa, quando então a banda migra de vez para os estilos de metal moderno.

O estilo adotado na maior parte do tempo aqui neste trabalho no entanto, é o de música pesada "sofisticada" que se baseia em fórmulas do Heavy Metal que foram testadas e retestadas até chegar em um nível de refino que fosse aderente e praticamente irretratável. 

É importante ressaltar que as bandas que contribuíram para maturação deste modelo são inúmeras e que seus resultados podem ser percebidos em amostras de trabalhos do Metal a cada 5 anos ou 7 anos aproximadamente.., essa história começa sim lá no Sabbath de 1970, mas gostaria de citar dois trabalhos muito mais recentes que são "milestones" fundamentais desse caminho percorrido e que abriram as portas de forma significativa para seus sucessores: "The Chemmical Wedding" e "The Metal Opera". Um trabalho exímio que utilizou essa receita de bolo e deu super certo é "The Black Halo".

Sinceramente, quando esta fórmula é aplicada, acho difícil o material entregue decepcionar

Os pontos mais baixos do CD do Nightmare ficam à cargo das duas ultimas músicas, e do fato da voz do João Amor cansar o ouvinte depois de um certo tempo.

Nota 7 ou \m/\m/\m/\m/.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cavalera Conspiracy - Blunt Force Trauma

O álbum "Blunt Force Trauma", lançado em 2011 pelo Cavalera Conspiracy, foi escolhido por The Magician para análise dos Metalcolatras.


1-Warlord 3:05; 2-Torture 1:51; 3-Lynch Mob 2:31; 4-Killing Inside 3:28; 5-Trasher 2:49; 6-I Speak Hate 3:10; 7-Target 2:36; 8-Genghis Khan 4:23; 9-Burn Waco 2:52; 10-Rasputin 3:22; 11-Blunt Force Trauma 3:58.

The Magician
Ao digitar "Blunt Force Trauma" no Google Translate terão a melhor resenha possível do álbum: "Porretada", ... é o que responde o tradutor.
O Cavalera Conspiracy em seu segundo álbum realmente apresenta uma tremenda cacetada, 300kg de Metal Bruto na orelha com certeza, mas em um composto de músicas que foi muito bem lustrado no final das contas.
Desde que fui apresentado à este trabalho, em meados do ano passado, fiquei impressionado com vários aspectos trazidos na sonoridade de "BFT", e admito que a cada vez que escuto novamente o álbum, ele ganha pontos comigo.
Acho sobretudo que o mais impressionante, já que se ainda se trata de um disco de Trash Metal com roupagem de Death moderno, foi com certeza a compilação do material sonoro, que filtrou muito bem as impurezas dos instrumentos de cordas sem amenizar a contundência das distorções pesadas, mesmo que para isso tenha assassinado o baixo e o transformado em uma verdadeira guitarra dos infernos. 
O segundo ponto é o tino metaleiro dos irmãos Cavalera, com especial menção ao Max: obviamente não é e nunca foi um virtuose nas guitarras, mas além de levar consigo na bagagem a alma criativa do Sepultura, prova neste álbum que ao lado de um bom guitarrista coloca a casa abaixo com suas bases monstruosas. Com ele, embora menos brilhante e espalhafatoso do que o de costume, o dono das baquetas - você sabe quem - continua mandando pedrada e não dá nenhum motivo para reclamação, colocando a porradaria em linha com sincronismo matemático.
Com isso quem deita e rola nessa "cama de aço" é o lead guitar Marc Rizzo, com seus solos exibicionistas e muitas vezes embolantes. Mas o cara tem talento e se dá muito bem com as bases densas do gênero, não se limita aos teeths dissonantes e aos caprichos repetitivos dos guitarristas comuns de Death Metal, encaixa  em todas as faixas linhas e frases super peculiares que eu chamaria de "vitais", pois se decapitarmos suas interpretações solistas percebe-se com clareza que os caminhos das músicas tomariam outras direções. Por fim, Marc quando tem oportunidade com bases mais cadenciadas, se arrisca em interpretações mais melódicas, que acabaram por ser os pontos mais criativos e inusitados da obra.
Confesso sim, que nem todos os momentos me agradam, já que Max faz questão de inserir suas experiências que esbarram nas dimensões do Nu Metal e do NWOAHM (principalmente na faixa "Lynch Mob" e "Trasher"), bastante experimentadas em sua fase com o Soulfly. Além disso arrisca também nos vocais Death Metal com seus guturais agudos e médios (principalmente na faixa "Burn Waco"). Mas a banda tira de letra e encaixa com desenvoltura essas passagens, em meio de riffs e sequencias demolidoras de Trash/Death Metal.
Na resenha do CD Iron Blessings, em dezembro de 2010, comentei da necessidade nos sons mais pesados das pausas e quebra rítmicas, que geram inversões nas guitarras e nas músicas propriamente ditas. Pois bem, Max e sua trupe aplica a teoria a dar com pau em BFT, oferecendo inúmeros momentos de agradáveis surpresas e inversões que além de puxar o ouvinte de volta sustentam a evolução do álbum como um todo; percebe-se essas interferências nas faixas "Burn Waco" (1:07 e 2:05), "Rasputin" (00:50), "Killing Inside" (1:43) e na faixa título (1:08 a música da uma guinada inusitada com direito a um show a parte com protagonização das guitarras).
Destaque para a regularidade do álbum e para as ótimas músicas "Killing Inside", "Blunt Force Trauma" (fodastiquíssima à partir dos 1:08, fazer aquele verso de tappings/trinados suportando os vocais e depois os solos foi fora do comum...putaquipariu de foda essa merda!!) e a melhor de todas sem resquício de dúvidas, "I Speak Hate" (favor, prestar atenção). Essas partes destacadas + os fatores de produção colocam esse álbum como o melhor disco de música realmente (realmente mesmo) pesada dos últimos 10 anos.

Nota 7,9 ou \m/\m/\m/\m/.

Já que não consegui me conter no quinto parágrafo, vou concluir o pensamento esboçado... 
Após a saída do Max do Sepultura a banda lançou álbuns atrás de álbuns que, independente da qualidade e capacidade de Derrik Green, não vingaram como os clássicos imortalizados do grupo criados na década de 80/90. 
O Andreas (a quem eu particularmente admiro muito, como guitarrista e músico) diz pra todo mundo em alto e bom som que a banda preferiu modificar seu estilo e progredir sua sonoridade....só que não sei não.... 
Li em uma entrevista recente na qual ele foi questionado sobre o trabalho dos irmãos no Blunt Force Trauma e o cara-de-pau não perdeu tempo ao lembrar (com um tom muito sóbrio, inclusive) do trabalho paralelo de música eletrônica "Mixhell" do Igor: "os olhos deles brilham quando ele faz isso, ele está em outra agora ...". Pra mim se tratou de uma alfinetada inteligente do sr. Kisser. 
Fato é que escutar o Blunt Force Trauma me trouxe muito mais satisfação e sentimento nostálgico do auge do Metal pesado nacional, do que por exemplo, escutar Kairos (que é longe de ser ruim); ou seja, fica muito claro pra mim que as raízes da criatividade do Sepultura foram arrancadas pelo Max, que traduz muito bem as antigas características do Sepultura nos seus vocais guturais em consonância com suas base de guitarra.
Se os olhos de Igor "brilham" enquanto faz música eletrônica, o verdadeiro Metal vive em Max Cavalera.


Phantom Lord
  Talvez eu já tenha citado tais assuntos mas lá vamos nós de novo... 
Não sou estudioso de música alguma, mas imagino que todo tipo de música é constituído de elementos e/ou características como melodia, rítmo, timbre etc... Existe um gama, ou possibilidade de variação gigantesca destes elementos e cada um é livre para escolher o que usar e como usar. 

 Um estilo ou gênero musical é um determinado grupo de músicas, limitado pelos tais " elementos" e por instrumentos musicais específicos. Desta maneira podemos concluir que dentro do Rock temos algumas limitações e dentro de suas ramificações ou gêneros temos mais limitações que definem o tipo de música. 

 Quando uma banda de um gênero já limitado por suas escolhas de instrumentos e "elementos" musicais (vulgarmente conhecido como Heavy Metal) escolhe limitar uma das linhas sonoras que mais se destacam para a maioria dos ouvintes (o VOCAL), ela está limitando uma das principais "linhas" que permitiria uma boa variação melódica e/ou rítmica. O vocal urrado é ideal para passar sensações/sentimentos do tipo ira, fúria e talvez se for utilizado num tom mais sombrio ou ritmo mais lento, pode passar a "idéia" de temas de terror e afins... e só. 

A idéia em Blunt Force Trauma me parece clara: Fúria. E o vocal NÃO está em segundo plano, mesmo porque o aparente líder do grupo deve ser o próprio vocalista. Daí temos uma limitação imposta sobre todas as demais linhas sonoras e suas respectivas gamas de variações rítmicas e melódicas. Quase tudo gira em torno da "fúria vocal", forçando milagres acontecerem para que exista uma boa variedade de músicas dentro deste gênero (Thrash/Death Metal) onde o Cavalera Conspiracy se encontra. O problema de linhas instrumentais girar em torno de vocais limitados existe em diversos outros álbuns de outras bandas de rock/metal e Blunt Force Trauma é só mais um trabalho com esta característica negativa. 
Enfim, não importa o quão limitado é o tipo de música de uma banda, sempre podem existir admiradores e fãs, porém existem pouquíssimos trabalhos das categorias Groove / Death Metal que eu consigo "gostar"...

 Warlord 6,0 
Torture 5,2 
Lynch Mob 5,0 
Killing Inside 7,0 
Thrasher 5,7 
I Speak Hate 6,2 
Target 6,6 
Genghis Khan 5,8 
Burn Waco 5,4 
Rasputin 5,6 
Blunt Force Trauma 6,0 

 Nota final: 5,8

The Trooper
3Muito diferente de Sepultura e ao mesmo tempo muito parecido. Os trechos que lembram Sepultura lembram o Arise, dos trechos diferentes, alguns lembram nu metal ou mesmo death metal, e alguns trechos não lembram absolutamente nada mas são muito bons. Os destaques são alguns riffs de guitarra muito bons e os vocais destruidores de Max Cavalera, mesmo quando ele sai do estilo que usava no Sepultura, o resultado é no mínimo aceitável. É um trabalho estranho, da primeira vez que você ouve ele não é totalmente digerido, aqui é melhor usar a técnica dos ruminantes, como uma verdadeira vaca, fui degustando as músicas várias vezes regurgitadas até me acostumar com o gosto e por que não, apreciar. Algumas quebras de ritmo e paradas enfraquecem algumas faixas boas (como I Speak Hate), ao mesmo tempo que fortalecem outras (Burn Waco).
Outro efeito estranho é que eu aproveitei mais o álbum como um todo do que por faixas separadas, a somatória de todas as faixas dá um sentido de conclusão que talvez não seja preenchido se apenas uma faixa for escutada. Enfim, é bom ter este álbum na coleção, é certeza de sair da mesmice e com boa qualidade.
Por fim, méritos para a faixa Killing Inside, a mais diferente e a mais legal do álbum.

Nota: \m/\m/\m/\m/