sábado, 21 de março de 2015

Tarot - Crows Fly Black

O álbum Crows Fly Black lançado pela banda Tarot em 2006 foi escolhido por Phantom Lord para análise.

Phantom Lord
Eu acredito que existe uma capacidade limitada de repertório na mente de cada ser humano e isto vale para praticamente todo assunto, incluindo música. Obviamente a capacidade varia muito entre cada indivíduo mas eu estou "re alcançando" meu limite no quesito música. Existem períodos de expansão da capacidade de absorver conteúdo (musical neste caso), mas após o fim de cada um desses períodos... Voltamos a escutar álbuns velhos! 

"X" meses atrás, Metal Mercante afirmou algo sobre a preferência das pessoas ouvir sons/músicas repetidas... E também disse algo sobre estações de rádio induzirem tal comportamento nas pessoas... Talvez o limite de absorção de informação (cultural, musical etc) esteja interligado com a acomodação... ou a inércia de comportamento. 

 Eu tive 3 períodos principais de expansão de meu "repertório roqueiro-metaleiro": No final dos anos 90, fui bombardeado por colegas (principalmente pelo Mercante) com diversos cds emprestados, em sua maioria dos gêneros melódicos/power metal. Entre 2002 e 2005 expandi meus horizontes em direção às origens do metal, abastecido por programações de rádio e "bares de rock". De 2006 a 2012 foi a vez de caçar discos pela internet, ainda relativamente preso ao tal mainstream do rock/metal... E por fim incrementei um pouco meu repertório com páginas de suposto "metal independente" apresentadas a mim pelo Hellraiser em 2014. 
 Porque toda esta enrolação? Ora bolas, porque estou voltando ao passado e encontrando bons discos dos quais eu mal me lembrava: Se não me engano conheci Crows Fly Black do Tarot, via Julião, há muitos anos atrás em um "programa de índio" no estacionamento de um hiper mercado. "Re-encontrei" este álbum num site indicado pelo Hellraiser há uns meses atrás, então decidi escutá-lo novamente... E achei bom... Melhor do que eu imaginava. 
Aparentemente Crows Fly Black conseguiu se desvincular da maioria dos gêneros do heavy metal conhecidos sendo nitidamente inovador com características próprias marcantes (vocais, teclados, distorções das guitarras, produção, praticamente tudo soa único) Poucas bandas conseguiram forjar uma identidade forte como O Tarot conseguiu neste álbum... É claro talvez eu não conheça o suficiente, talvez existam algumas bandas com características bem similares ao Tarot em seu álbum CFB... Mas o fato é que se passaram quase 10 anos desde que ouvi este álbum pela primeira vez e eu continuo percebendo suas características únicas. 
A qualidade dos vocais e instrumentos são boas e embora eu não tenha encontrado um grande destaque em CFB, também não encontrei pontos fracos. 

1. Crows Fly Back 7 
2. Traitor 7,3 
3. Ashes to the Stars 7,6 
4. Messenger of Gods 7,8 
5. Before the Skies Come Down 7 
6. Tides 6,9 
7. Bleeding Dust 7,8 
8. You 7,8 
9. Howl 6,8 
10. Grey 7,5 

 Nota Final: 7,4


The Magician
Quando olhei para esta capa bibinha e constatei o local de origem da banda (Finlândia) confesso que torci o nariz e fiquei meio preocupado (me veio a mente coisas como Avatar e Wintersun), mas depois disso sabendo que o âncora da banda era Marco Hietala - o mesmo da dupla caipira Marco e Tarja - minha impressão já começava a mudar mesmo sabendo que a banda Tarot já vinha de antes dos anos 90.

Porém quando começou a rolar o som no meu Mídia Player todas as especulações e impressões iniciais ficaram para trás... ainda bem. 

O disco tem aquele tempero de sonoridade "down", quando no recheio de grande parte dos versos ele usa aquela já conhecida fórmula da camada aberta dos teclados que ficam zunindo por trás dos demais instrumentos "pintando" a atmosfera das músicas com cores soturnas. É óbvio que para isso funcionar o som das bobinas elétricas dos captadores são retroalimentados umas 500.000 vezes com distorções ultra pesadas. Além disso o conjunto sonoro conta com um contra baixo saliente e bastante presente que colabora com mais uns 50kg de peso em cada faixa.

Tive também a impressão de escutar algumas passagens com uma pegada mais moderna, motivadas seja pelas distorções sintéticas, pelos grooves rachados (bastante perceptível em "howl!") ou por alguns backing vocals mais sincopados; no fim nada que tenha desviado o álbum de suas características principais.

Duas características que em minha opinião mantém esse álbum em um alto nível são as linhas melódicas bastante criativas (sempre a criatividade...) e aderentes, e a atuação dos vocais, que embora não seja o mais técnico que se possa escutar, primam por uma interpretação firme e sem muitos falsetes. Tem um perfil um pouco fanhoso as vezes, é verdade, e acredito que até por isso acaba dando bastante espaço para as guitarras protagonizarem. Em outras palavras, bastante sóbrio o trabalho do vocalista.   

Isso resume minhas boas impressões sobre o trabalho, mas gostaria apenas de adicionar um adendo sobre os comentários de meu amiguinho Phantom que falam sobre a "inovação" e desprendimento aos genêros do Crows Fly Black. 

Isso é Power Metal, e dessa fonte que o Tarot bebeu muitas outras bandas beberam, como Kamelot, Nightmare e Pyramaze, isso só pra citar algumas que desfilaram pelo nosso blog. Particularmente até acho que a presença contínua das linhas disfarçadas dos teclados poderiam contribuir para uma outra nomenclatura desse gênero, algo como "Power Metal Hipocondríaco" talvez... mas ainda Power Metal. Ademais, quando escuto esses trabalhos eles imediatamente remetem ao pesado, nefasto e referencial "The Chemical Wedding" de 98, esse sim Heavy Metal na veia.
  
Destaques para as boas "Crow Fly Black", "Traitor" e "Messenger of Gods" e para a ótima "Ashes to the Stars".

Nota 7,5 ou \m/\m/\m/\m/.

Metal Mercante

Uma surpresa esse álbum aqui no blog, principalmente postado pelo nosso amigo Phantom...

Eu faço meus reviews desordenadamente, mas vale mencionar que (se não me engano) temos 4 bandas diferentes da Finlândia no blog: Tarot, Nightwish, Amorphis e Battle Beast. O que é um belo número considerando que a terra da Nokia tem ¼ da população de São Paulo.

Mais especificamente Tarot é a banda que só apareceu no meu radar por conta do Nightwish que se deu conta lá no começo dos anos 2000 que a galera estava ficando com o saco cheio dessas bandas carregadas com tecladinhos e uma soprano miando no microfone e resolveu dar uma misturada nas coisas lançando o Century Child em 2002 que continha alguns duetos de vozes com Marco Hietala e realmente me surpreendeu. Músicas como Phantom of the Opera estão entre as melhores já gravadas pelo Nightwish.

Aproveitando a inércia do sucesso, Marco que já tinha sua bandinha Tarot lançou em 2006 “Crows fly back” que na época me deixou bem feliz...por algum tempo...E ele foi esquecido...

...Agora, alguns anos depois com o post do Phantom voltei a escutar esse álbum e minha opinião é de que no geral é um álbum “meh!”...Ele não tem defeitos, eu gosto bastante do vocal, mas falha em empolgar...

“Ashes to the Stars” é ponto fora da curva nesse álbum, o resto meio que segue uma fórmula batida e básica demais pro meu gosto...

Nota: 6.5 

The Trooper
3
Chatão ... bem chatão ... se a voz do vocalista condiz com sua personalidade, ele também deve ser um baita de um chato, como seu trabalho.

Dizer que é ruim é forçar a barra, o álbum até engana no começo, você pensa 'ei, riffs pesados e bacanas com uma linha de baixo muito legal, o teclado tá bem discreto, não deve estragar o álbum'. É, ele não chega a estragar, mas o excesso de trechos lentos (e até faixas lentas) estragam.

O vocalista também não ajuda, quando ele canta gritando até que escapa, mas nos trechos lentos ele é quase tão chato quanto o vocalista do Sonata.

Eu ia comparar este trabalho com o Black Halo, mas a verdade é que Crows Fly Black está um pouco abaixo, pois além da falta de mojo do vocalista, tem mais trechos lentos e maçantes.

Meu destaque vai para Traitor, a única música realmente legal.

Nota: \m/\m/\m/


sábado, 7 de março de 2015

Angelus Apatrida - The Call

O álbum The Call lançado em 2012 pela banda Angelus Apatrida foi escolhido por Hellraiser para análise.


Track list :
1. You Are Next
2. At the Gates of Hell
3. Violent Dawn
4. It's Rising!
5. Blood on the Snow
6. Killer Instinct
7. The Hope Is Gone
8. Fresh Pleasure
9. Still Corrupt
10. Reborn  

Hellraiser
3E olha eu de volta aqui ! 
E pra importunar novamente os ouvidos mais sensíveis de alguns amigos metalcolatras !! 
E dessa vez o que trago, depois de vários pedidos da oposição ?? 
Thrash Metal !!!!! 
Porem, ATUAL, NOVO, DA NOVA SAFRA, MODERNO, DOS ANOS 2000 !! 
E logo com uma banda que vem de um país até muito pouco tempo atraz sem muita expressão no mundo do Metal, a Espanha ! 
A banda em si, o Angelus Apatrida, é uma das que mais gosto atualmente. 
A banda destila um Thrash Metal com pegada oitentista, mas com uma certa cara moderna, ...com uma ótima produção e uma qualidade musical incontestavel. 
Um Thrash muito bem trabalhado, alternando velocidade com cadência, e sempre com muito peso. 
Fora os músicos extremamente afiadíssimos, e com destaque para o incansável batera da banda. 
O álbum abre como um álbum de Thrash deve abrir, porrada na orelha, uma verdadeira paulada com You Are Next, uma pancadaria digna de abertura, já mostrando a competência da banda ! 
Segue as pancadas com At the Gates of Hell e Violent Dawn ! 
It´s Rising, a proxima, é um dos destaques do album. 
Mais pancadaria muito bem trabalhada na orelha com Blood on the Snow e Killer Instinct. 
A faixa – The Hope is Gone é uma de minhas favoritas do album, um trabalho maravilhoso de alternância de velocidade e cadência ( o refrão desta musica é maravilhoso ), e da-lhe bumbos !!!! 
Flesh Pleasure na sequência, mantendo o mesmo nivel até agora, talvez a musica que menos chama a atenção, mas sem ser fraca. 
Still Corrupt é outra pancada, ...porem ela é mais legal na versão do disco anterior, o Give Em War. 
Não sei informar porque tinha esta versão neste álbum também, e ainda com outra letra. 
No outro álbum ela se chama Corruption ! 
E pra fechar esse álbum, na minha opinião, talvez a musica mais trabalhada deste álbum. Reborn é uma faixa e tanto, pesada, com linhas de guitarra muito boas, e mais um refrão animal ! 
Meus destaques deste álbum são as faixas The Hope is Gone e Reborn, porem o álbum todo é uma pancadaria com muita qualidade e criatividade. 
Nota 8,5 


Phantom Lord
Conheci o trabalho da banda Angelus Apatrida numa página da net apresentada por Hellraiser, meses atrás. Embora o trabalho seja predominantemente dominado pelo thrash metal "sobre-acelerado", a banda espanhola criou uma sonoridade "suja" mas de alta qualidade. 
Repleto de pedradas e com algumas doses de virtuosidade, The Call traz poucos momentos para o ouvinte "respirar"... talvez apenas breves momentos desacelarados em Reborn... 
O problema da maioria dos álbuns que se prendem ao sub gênero thrash é que dificilmente eles apresentam inovações nítidas e ainda possuem algumas características limitadas como os vocais, melodia etc. Mas estas características jamais incomodariam fãs do thrash metal e sub gêneros similares... Como meu gênero musical favorito é o heavy metal (tradicional, original, oldschool ou qualquer outra definição inútil), em minha opinião o álbum The Call é muito bom... dentro das limitações criadas ou escolhidas pela própria banda... 

Como observação final... Tive a impressão que este é um daqueles álbuns que ficam mais interessantes quando ouvimos em um volume bem alto e com um pouco de alcóol no sangue... Isto também acontece com várias músicas de bandas que apresentam sonoridade mais simples: Motorhead, Saxon, AC DC etc... 

1. You Are Next 6,1 
2. At the Gates of Hell 7 
3. Violent Dawn 6,6 
4. It's Rising! 7,5 
5. Blood on the Snow 7,3 
6. Killer Instinct 7 
7. The Hope Is Gone 7,1 
8. Fresh Pleasure 6,8 
9. Still Corrupt 7,5 
10. Reborn 7,8 

 Nota Final: 7,1


The Magician
A vibe desse CD é realmente incrível, tem um nível de intensidade muito alto com consistência, o que é surpreendente nos dias atuais.

A proposta é clara, cacetada atrás de cacetada e sem sossego para a criançada. As sequências nervosas destacam principalmente as partes gravadas nas baquetas (e pedais... e que pedais!) e o ótimo entrosamento das guitarras com essa condução maluca. 

Além disso pode-se dizer que os guitarristas trabalharam bem nos duetos e nos riffs de conexão, que chamam bastante atenção nas inversões das músicas, porém os solos não conseguiram me surpreender; são competentes e apresentam algumas características clássicas nas composições de trash (como interpretação em diferentes andamentos e apresentação de compassos "convulsivos") mas se mostram insistentes em atuar numa tessitura limitada.

A produção que compila todo o trabalho é ótima, nada ficou pra trás e acima de tudo ela garantiu as linhas equalizadas de forma coerente em todas as faixas (talvez o baixista tenha sido um pouco ofuscado, mas é normal até certo ponto, principalmente se considerarmos que as guitarras atuam com frases gêmeas quase em tempo integral e com boas doses de distorções pesadas).

O conjunto todo de composições é aderente e firme, normalmente te levam para o clima de um violento moshpit, mas durante toda a execução me deram esperança de encontrar uma sonzeira acima da média, o que infelizmente não aconteceu... 

Os caras estão de parabéns, pois dentro da proposta dada de porradaria consistente eles atingiram o objetivo, pena que no terreno trash seja realmente muito difícil imortalizar um clássico!

Destaque para Blood on the Snow. Não tem música ruim, mas "Reborn" é muito moderninha para o meu gosto.

Nota 7,1 ou \m/\m/\m/\m/.





   
The Trooper
3
Os espanhóis do Angelus Apatrida fizeram um trabalho competente dentro do estilo thrash metal neste álbum, mas nada além disso. O álbum está recheado de riffs com distorção apropriada e até certo grau de criatividade, solos de guitarra bem trabalhados e uma batida bem monstrinha do baterista, entretanto ele falha em entregar uma música marcante. 

Não há uma evolução de riffs que impressione, que marque uma música com uma característica própria, no fim o álbum inteiro parece uma faixa só. Enfim, com este trabalho o Angelus Apatrida aparenta ser uma banda pra se banguear bêbado no show.

A música mais diferente acaba sendo 'Reborn' (a última faixa), e é por causa da sua pegada System of a Down.

É um álbum para deixar fazendo uma barulheira legalzinha enquanto você faz outra coisa. É difícil destacar uma faixa, talvez 'The Hope Is Gone'.

Nota: \m/\m/\m/