Phantom Lord
Até uns dias atrás, se alguém dependeu deste blog para conhecer Blind Guardian, acabou achando que esta banda sempre foi cheio de firulas e com tendências ao metal progressivo. Vamos corrigir isto: estou postando um clássico álbum sóbrio da banda, o mais próximo do heavy metal “básico”, feito pelo Blind Guardian. Somewhere Far Beyond segue uma fórmula semelhante ao seu antecessor, Tales From Twilight World, com praticamente a mesma criatividade, porém com um pouco mais de variedade em suas melodias. Em outras palavras, creio que este disco contém músicas um pouco menos rústicas do que seu antecessor e estas músicas ajudaram o Blind Guardian a consolidar sua identidade. Eu digo “ajudaram” porque a banda já nasceu com um elemento que marca muito bem a identidade da banda: os vocais peculiares de Hansi.
As guitarras e a bateria são típicas do Speed Metal, mas também são marcantes e passaram por suaves mudanças ao longo da discografia da banda. Na verdade não gosto de usar os termos Speed Metal nem Power Metal, pois creio que são duas espécies do “metal” com características semelhantes. Tanto é, que ao longo de décadas, cansei de ouvir as pessoas dizendo que músicas destas duas “espécies de metal” são Metal Melódico ou simplesmente Heavy Metal.
As primeiras faixas do Somewhere Far Beyond são duas ótimas porradas e em minha opinião estão entre as melhores músicas do Blind Guardian. Outro destaque é The Bards Song (in the forest) que se tornou um hino da banda. A única faixa desnecessária deste álbum é Black Chamber, que não se encaixa em lugar algum... Mas esta música é tão breve que não interfere na qualidade do disco e nem chega a incomodar.
Time What is Time 9,2
Journey Through the Dark 10,0
Black Chamber -
Theatre of Pain 7,3
The Quest of Tanelorn 8,0
Ashes to Ashes 8,4
The Bards Song (In The Forest) 9,0
The Bards Song (The Hobbit) 7,8
Somewhere Far Beyond 7,9
Concluindo: Este disco pode não ser “épico” como o Nightfall, nem pesado como o Imaginations, nem veloz como os seus antecessores, mas é o melhor de toda discografia do Blind Guardian.
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Nota final: 8,6
The Magician
Dias de trevas se passaram nos domínios dos Metalcolatras. Foram semanas de tormentas entoadas por urros e gritos demoníacos, abafados às vezes por raros e rápidos resquícios de Heavy Metal criativo e bem tocado.
Eis que convocado novamente de outra dimensão pelos sons bardísticos emerge novamente o Guardião Cego.
Foi um alívio me deparar com este álbum, que é eleito dentre os meus favoritos nos pedestais sagrados da história do Heavy Metal mundial. Um desse nível (ou próximo a este nível) não aparecia aqui no site desde outubro de 2012...
O Blind Guardian é aliás um curioso caso de banda que se consagrou para aqueles que a conhece, lembrado pela sua qualidade e por possuir características ultra peculiares sem equivalência dentro do gênero mas que infelizmente está fadado à marginalidade provavelmente devido ao caminho lírico que a banda escolheu.
Tomando o Conselho dos Metalcólatras como uma amostra ou um micro-universo projetado dos metaleiros, podemos perceber a força e influencia dos alemães para o cenário. Aqui no blog está entre as bandas favoritas de grande parte dos membros (Eu, Phantom, Trooper, Merchant, Metal-Kilo, Barbarian e Treebeard se incluem nesse grupo) e com esta postagem, se iguala ao seleto grupo de gigantes da casa com 3 ou + obras disponibilizadas para análise: Megadeth, Metallica, Iron Maiden e Manowar. Posso pensar rapidamente em mais 4 metaleiros que conheci que se separaram do nosso grupo por motivo ou outro que idolatram o grupo de "bard-metal".
Na linha de criação de mais de 20 anos do Blind, particularmente acredito que "Somewhere Far Beyond" seja seu ponto de maior destaque. Embora o reconhecimento da mídia especializada esteja concentrado quase que totalmente no grandioso álbum "Nightfall on the Middle-Earth" de 1998 com compreensível viés extra-musical, é neste presente álbum que o produto mais essencialmente qualificado como metal bruto, medular, isento de externalidades ou anexos e ainda por cima maduro e surpreendentemente coeso, se apresenta.
Ou seja, acho que aqui o trabalho do Blind Guardian se sustenta sozinho sem a necessidade de conhecimento de background do grupo ou quaisquer outro tipo de artifício introdutório.
Por fim, re-escutar esta obra depois de anos (sim, anos) foi de arrepiar, e rodando o álbum sob o ponto de vista de análise do conteúdo acabou por valorizar ainda mais algumas passagens que já considerava irretocáveis.
Hansi desfrutava do auge de sua técnica e saúde vocal (ainda não estava no auge criativo do uso dos vocais, esse sim, somente atingido em NFotM), e sem a necessidade da multiplicação de inúmeras respostas de canais na voz, como nos outros trabalhos posteriores, já conseguiu um ótimo resultado no que diz respeito à interpretação. Seus colegas Marcus Siepen e Andre Olbrich conseguiram registrar com certeza seus melhores riffs e linhas solistas, só que sem tantos adereços sonoros, optando muito mais pela interação tradicional de guitarras base (esmagadora) x guitarras solos (ágeis e melódicas), e às vezes protagonizando belos duetos cantados sobre os subsídios do Contra-baixo.
Nunca o Achievement do Phantom Lord - "Fist Attack is Deadly" - foi tão bem aplicado aqui no blog como neste caso, e a cacetada na zuréba "Time What is Time" que considero a melhor e mais completa música do disco, é a grande responsável por este fato; não obstante em seguida é apresentada "Journey Through the Dark" que acaba de nocautear o ouvinte.
Conforme também comentado pelo Phantom, este álbum é incrivelmente sólido sem pontos fracos; pois após a introdução avassaladora das duas primeiras faixas e interlúdio reflexivo ("Black Chamber"), surge a atmosférica e épica "Theatre of Pain", um oásis temporário para o ouvinte que será novamente arremessado para o olho do furacão nas tempestuosas "The Quest for Tanelorn" e "Ashes to Ashes".
Somente então, depois de desfilar todo esse repertório esplendido, na sétima faixa, o material atinge sua apoteose com "The Bard's Song: The Forest e The Hobbit". Musicas pendulares não somente no disco, mas em toda discografia e carreira dos germânicos, determinantes na expressão e personificação do que a banda de fato é e foi no cenário metaleiro.
A faixa título fecha magistralmente o álbum antes dos ótimos covers "Trial by Fire" e "Spread your Wings", com quase oito minutos de requintes de sofisticação entre peso descomunal e contundência melódica.
O quarto álbum de 1992, que revelou definitivamente a banda alemã para o mundo, é na minha opinião a sua mais emérita e insigne obra prima. Após o salto que foi "Tales from the Twillight World" na qualidade do som do Blind Guardian, foi exatamente aqui neste trabalho que afiaram de forma agregadora, todo o direcionamento musical traçado nas obras precursoras, e antes que trilhassem um caminho mais progressivo (Imaginations from the Other side) ou opulento (Nightfall in the Middle-Earth), criaram um disco "autossuficiente", sem a necessidade de que para sua apreciação, tenha-se o conhecimento prévio de que o grupo faça parte ou não de um nicho ou movimento criativo, seja ele aclamado, tachado, rejeitado, respeitado, proscrito, etc...
Nota 9,6 ou \m/\m/\m/\m/\m/.
The Trooper
Blind Guardian é uma banda única, acho que já escrevi isso anteriormente, e este trabalho demonstra isso na sua estrutura musical. Há algumas quebras de ritmo em algumas músicas, lembrando metal progressivo, mas o peso das distorções, somados a complexidade dos riffs e solos de guitarra e os vocais contundentes de Hansi dão a característica única da banda, que acaba me forçando a não encaixá-los em nenhum subtipo de heavy metal.
O álbum foi o primeiro lançado pela Virgin Records, mas o segundo a seguir esse estilo especial após se distanciarem do speed/trash, e responsável por nos fornecer verdadeiras obras-primas como Journey Through the Dark, Ashes to Ashes e Somewhere Far Beyond. Os dois próximos álbuns, entretanto, produzidos pelo lendário Fleming Rasmussen, elevariam o nível do muito bom para o extremamente épico, na minha opinião.
Não há pontos fracos neste trabalho, o teclado em Theatre of Pain irrita um pouco meus ouvidos e The Bards Song - The Hobbit fica um pouco abaixo do nível máximo de excelência do restante do álbum, mas isso não impede que este álbum receba a nota \m/\m/\m/\m/\m/.
Para quem deseja saber mais sobre as sempre interessantes letras desse álbum, segue trecho copiado da wikipedia abaixo:
- "Time What is Time" is about someone who finds himself in the Blade Runner world. Very probably, a Replicant's view to the main subject in the film.
- "Journey Through the Dark" is about someone who's forgotten who he is, time travel, and, specifically, Jhary-a-Conel. Jhary a-Conel is a bard and a companion of the Eternal Champion, from the books by Michael Moorcock.
- "Black Chamber" deals with someone finding himself in the Twin Peaks world and facing a dark fate.
- "Theatre of Pain" is based on the fantasy novel The Merman's Children by Poul Anderson.
- "The Quest for Tanelorn" is also about the Eternal Champion's search for a city called Tanelorn. (Tanelorn is a fictional city in The Multiverse of Michael Moorcock's stories).
- "Ashes to Ashes" is based on reality; it has to do with the death of Hansi's father.[3]
- "The Bard's Song - In the Forest" is inspired by the computer game The Bard's Tale.[4]
- "The Bard's Song - The Hobbit" is based on J. R. R. Tolkien's The Hobbit.
- "Somewhere Far Beyond" is a retelling of Stephen King's The Dark Tower: The Gunslinger and The Drawing of the Three.
- "Trial by Fire" is about the atomic bombings of Hiroshima and Nagasaki. It's a cover of the heavy metal band Satan.