O álbum Nevermind, lançado pelo Nirvana em 1991, foi escolhido por Trooper para análise.
01-Smells Like Teen Spirit; 02-In Bloom; 03-Come As you Are; 04-Breed; 05-Lithium; 06-Polly; 07-Territorial Pissings; 08-Drain You; 09-Lounge Act; 10-Stay Away; 11-On A Plain; 12-Something In The Way; 13-Endless, Nameless.
The Trooper
All our pretty songs and he
Likes to sing along and he
Likes to shoot his gun but he
Don't know what it means
Don't know what it means
Don't know what it means
Don't know what it means
And I say aahh".
O indivíduo que recorre a um blog chamado ‘Metalcólatras’
atrás de uma dica de álbum da cena pode se arrepender amargamente, pois aqui
estamos novamente abordando trabalhos que segundo seus próprios compositores,
não são de maneira alguma pertencentes a esse universo.
Contudo há um porquê. Há
um porque de se abordar Nirvana, GnR, Queen, Faith No More, Titãs, ou outras
bandas que não necessariamente fazem parte de forma declarada da cena do Heavy
Metal, uma vez que esse gênero se molda não somente por referências oriundas de
artistas do próprio meio em si, mas também de ideias plantadas em segmentos
distintos. Portanto, nós, os membros do blog, volta e meia voltamos a visitar os
trabalhos que entendemos que de um modo ou de outro, influenciou ou foi
influenciado – e se tornaram expressivos - direta ou indiretamente pela música
classificada como “pesada” (ou Heavy).
Eu particularmente
acredito que o Nirvana esbarra na história do Heavy Metal e da música pesada
como um todo, pegando carona nos estudos de Sam Dunn (produtor de ‘Global Metal’
e ‘Metal Evolution’) que dedica um espaço para o Grunge na grande genealogia do
Heavy Metal, e no próprio comentário de Kurt Cobain que Nevermind deveria soar
como um trabalho punk-pop miscigenado com Black Sabbath. O produtor Andy
Wallace de Seasons In The Abyss contribuiu também para que Nevermind absorvesse
um estilo de peso mais sintetizado, afastando (um pouco) o trabalho do punk
almejado pela banda, e o levando para algo mais perto de “Motley Crue”
(conforme as palavras ditas, também, pelo próprio Kurt).
Um outro ponto
importante é que tudo que importa ou que deve ser abordado sobre o Nirvana em
um panorama de impacto sobre a música pesada, está em Nevermind. Foi aqui no
segundo trabalho que houve o terremoto definitivo na indústria do rock.
Antes do tsunami de
destruição que o segundo álbum do Nirvana causou, o Heavy Metal monopolizava o
estereotipo do Rockstar: havia os ‘machões’ come-come, os drogadassos que
cheiravam formiga, e também os satanistas ritualísticos, os
destruidores-de-hotéis e quebradores de pernas em botecos... estavam todos lá, em
torno do ídolo de ouro, sem perceber o que estava por chegar. Se esses caras
eram ou não ‘Metal’, não importava, a atitude geral desse tipo de rockstar era
muito semelhante, a testosterona podia descambar para o sexo ou para violência,
e o resultado era o mesmo; muito dinheiro e rotulação onipresente da mídia como
“Heavy Metal”.
Eis que Nevermind foi
lançado pelos 3 fitas de Seatle. O Grunge já existia, mas era devidamente
ignorado.
A história de como
essa ‘bolha’ do Nirvana cresceu você pode procurar em qualquer um dos inúmeros documentários
e textos disponíveis na internet. Em suma, o estilo suicida, auto destrutivo
sem nenhuma auto estima, que expirava insanidade nas letras e na incongruência
sonora, transformou o renegado musical que residia no Metal, em um
neo-punk-hippie que agora morava no Grunge. E por mais paradoxal que possa
parecer o som depre-revoltado-bipolar do Nirvana proporcionou shows lotados com
tanta, ou mais energia do que existia nos eventos de Heavy Metal em geral.
Não é nem preciso
dizer que o estilo virou moda, abriu as portas da mídia para bandas como Sound
Garden, Pearl Jam, Stone Temple Pilots, Alice in Chains, Uggly Kid Joe, entre
outras; e em aproximadamente 6 anos
destruiu o tal do Heavy Metal... o espaço sob o sol era habitado pelas bandas
Grunge e pós Grunge. Olhando agora de uma posição bem mais distante em 2022,
esse movimento inaugurado pelo Nevermind foi muito parecido com o que o punk
fez com o rock técnico da contra cultura setentista... a música complexa e
abstrata sendo trocada pelos moldes simples e concretos.
À despeito dos
impactos desse trabalho sobre o Rock e o mainstream, vejo Nevermind como um
disco espantosamente inspirado para sair desse núcleo de três jovens com técnica
limitada e (em tese) sem pretensão de grandes composições. As melodias de cara colam
na cabeça, os riffs – simplórios – são extremamente expressivos e diretos, os
gritos desafinados harmonizam com as distorções exageradas e com a bateria
frenética, enfim, não dá pra negar que a banda entrou em uma espécie de fluxo
de transe para entregar o resultado revolucionário obtido nessa coleção. Há de
se reforçar que as composições – basicamente todas – saíram da cabeça de
Cobain, que justifica o culto a personalidade que se criou em torno desse
figura. E por cravar essas canções na história do rock moderno, ainda que
estivesse cagando pra isso, eu também tiro meu chapéu para esse brother.
Mas por outro lado
tenho que dizer: não é o meu estilo de som, ao ouvir para analisar o trabalho
com uma postura mais neutra, tem muita coisa aqui que reconheço ter valor (a
ponto de ficar difícil destacar menos de – no mínimo – 6 músicas); daí pra
colocar o som do Nirvana pra ouvir regularmente no meu Mplayer.... beeeem
difícil viu.
Minha conclusão é que:
1-) (obviamente) não é Metal, tem muito mais a ver com uma espécie de ‘reencarnação’
do punk rock do começo dos 80; 2-) o álbum tem o peso de um axioma para a
música pesada, a ponto de debutar um gênero (o Grunge) praticamente “sozinho”,
e reformar o status quo do Rock daquela geração; 3-) o trabalho é extremamente consistente
transmitindo uma identidade muito clara, seis dos maiores hits da banda se
encontram nesse álbum; 4-) talvez, somente talvez, tenha sido um mal
necessário, desmontou o monte de merda vazia e sem significado que o Heavy
Metal estava produzindo à rodo na época (com grande foco na farofagem do
Glitter-Hard-Glam-Metal), e acabou – olhando somente para o gênero Metal –
abrindo espaço para as bandas power seguidoras do Helloween, que possuíam muito
mais conteúdo e menos testosterona gratuita.... pelo menos por um tempinho.
Nota: 7 ou \m/\m/\m/\m/,
por causa da importância histórica.
Sobre as barreiras rompidas, Pirika me lembrou de Lulu. Trata-se de um momento específico que exigiu tal atitude. É um post à parte do blog.
ResponderExcluirSem mais.
Att. Fefeu