O álbum The Godmachine, lançado pelo Blind Guardian em 2022, foi escolhido por The Trooper para análise.
Faixas: 01-Deliver Us From Evil; 02-Damnation; 03-Secrets Of The American Gods; 04-Violent Shadows; 05-Life Beyond The Spheres; 06-Architets of Doom; 07-Let It Be No More; 08-Blood Of The Elves; 09-Destiny
The Trooper
The Magician
Um grande álbum de retorno para o
guardião cegueta, incontestavelmente com a assinatura genuína da banda que conquistou
ao longo de sua longa carreira um posto muito específico e único no power metal
progressivo.
A trupe germânica nos apresenta
novamente as velhas qualidades sonoras de consistência e intensidade da já
longínqua época de “Somewhere far Beyond”, com foco grande parte do tempo nos
grooves britados das guitarras e nos pedais duplos incessantes da bateria. Esse
é o tipo de “reboco” que as pautas precisam para sustentar um álbum, que mesmo
sendo bastante (bastante mesmo!) criativo nas viradas de verso-bridge-refrão, de
forma positiva não são exageradamente mirabolantes como em contribuições super criativas
da banda nos álbuns anteriores mais recentes. Em outras palavras, é um trabalho
que entrega as progressões e imersões já esperadas pelos fãs, mas não abusa
desses métodos, e deixa as viagens para os solos de guitarras quando esses são
mais longos; opção bastante justa para a coerência geral e para manter o
interesse do ouvinte.
Existe bastante uso de camadas
atmosféricas de teclado, mas esse é um fator que definitivamente não impede que
o resultado final ainda seja uma tremenda paulada nos ouvidos, e, portanto, o
bom senso foi usado aqui na dosagem de elementos eletrônicos (o teclado, caso
você não tenha associado...), usando as linhas orquestrais como importantes
componentes acessórios, mas raramente como protagonista. O protagonismo está
com certeza nas guitarras, que além das sequências de grooves já citadas,
interagem o tempo todo com diferentes riffs brutos que dão vida às composições,
e às vezes de forma surpreendente ainda encontram meios de performar licks melódicos
solfejados (essa abordagem dinâmica e polivalente pode ser bastante percebida
em “Violent Shadows”). Reparem que às vezes, tamanho foi o espaço dado aos
guitarristas nesse trabalho, podemos confundir os sets de guitarra com timbres emulados
por teclados, como é o caso de grande parte de “Life Beyond the Spheres”, que
progride integralmente sobre os fraseados melódicos e super distorcidos das guitarras.
Muito consistente no composto
geral, “The God Machine” nas primeiras cinco audições se negou a me revelar
destaques isolados, mas acurando as audições pude por fim garimpar as jóias
ocultas, que estou beirando chamar de verdadeiras obras primas da banda. Aliás
a banda foi muito generosa com seus fãs mais ‘raiz’, ao retornar para as fórmulas
mais clássicas de músicas agressivas, que estão com certeza nas pautas de “Damnation”,
Blood of Elves”, “Violent Shadows” e “Architets of Doom”, mas sinceramente o
que mais agradou foram os momentos “mais diferentes” (mas ainda muito Blind
Guardian way of life) de desaceleração das cadências com muita qualidade nas já
memoráveis e icônicas (pra não ter que usar ‘épicas’) “The Secret of American
Gods” e principalmente em “Life Beyond the Spheres”.
Menção honrosa também para a
meio-balada “Let it Be No More”, e para partes de pura excitação descabelante
como os ritmos contagiantes das pautas 2/4 bate-estacas de “Destiny”, no solo exuberante
de guitarra em “Architets of Doom”, e principalmente no fraseado insano do solo
de guitarra de “The Secret of American Gods” que começa aos 4:00 minutos da
música mas que explodiu meu cérebro aos exatos 4:28 da faixa.
Mesmo sem expectativas reais de
novidades nesse mundo aos meus 400 anos de idade o Heavy Metal ainda continua
me aprontando dessas.... obrigado de coração ao Blind Guardian, e um
obrigadinho fajuto ao Trooper que postou o álbum aqui.