O álbum Temple of Shadows, lançado pelo Angra em 2004, foi escolhido por Trooper para análise.
01-Deus Le Volt!; 02-Spread Your Fire; 03-Waiting Silence; 04-Wishing Well; 05-The Temple of Hate; 06-The Shadows Hunter; 07-No Pain For The Dead; 08-Winds of Destination; 09-Sprouts of Time; 10-Morning Star; 11-Late Redemption; 12-Gate XIII
The Trooper
Phantom Lord
Ora, ora, ora, o "progmetal" mais criativo e técnico que conheci chegou ao blog.
Mas agora quando pego para ouvir um révi metal, eu dedico um tempo para checar o conteúdo/ as letras... Pois é, fiquei chatão para alguns, não que eu me importe com isso.
Pois bem, no início do Temple of Shadows as letras parecem o blá blá blá surrado sobre o bem e o mau, sobre Deus e o capiroto, sobre anju e demonhu... Nas 3 primeiras faixas não parece haver muita clareza, o que faz com que o assunto se torne obscuro. É só uma crítica à fé? Uma manjada crítica à igreja cristã? Seria um álbum para posar de intelectualóide rebelde? Não desta vez... Ao menos lá na faixa "x" (4 ou 5, não lembro) fica claro que eles estão contando a história de um guerreiro cristão medieval, ou seja, de um cruzado (fictícia, mas baseada em alguns fatos reais). Isto faz das letras, uma maravilha? Uma porcaria? Nem um, nem outro, algumas são melhores, outras piores. Acho válido criticar as guerras esdrúxulas como as cruzadas, mas a questão do "além" é trazida em algumas músicas, e eu não concordo com tudo que os caras do Angra colocam nas letras. Porém não consigo nem tenho cabeça para aprofundar neste assunto usando como base o Temple of Shadows.
Winds of Destination foi minha música favorita por anos e ainda acho boa esta obra "Blind Guardada", mas é um tanto longuinha, não? Sim, os caras são musicalmente competentes e há uns trechos muito criativos e bem executados, mas ao ouvir hoje, em 2021, dou mais um pouco de valor à crítica que André Mattos fez a seus velhos companheiros: As vezes as músicas desses caras parecem vídeo aulas. Enfim, eu gostava mais de músicas pauleiras (talvez fosse uma auto-afirmação metaleira minha), mas hoje eu destaco as "baladosas" Wishing Well, Sprouts of Time e Morning Star.
Deus Le Volt!/ -Spread Your Fire; 7,0
Angels n Demons 7,7
Waiting Silence; 7,5
Wishing Well; 8,3
The Temple of Hate; 7,2
The Shadow Hunter; 7,5
No Pain For The Dead; 7,7
Winds of Destination; 8,0
Sprouts of Time; 8,3
Morning Star; 8,0
Late Redemption; 7,5
Gate XIII 7,7
Apesar de minhas críticas, Temple of Shadows era muito apreciado por mim: Acho que eu daria nota pouco maior que 8 para ele há anos atrás. Hoje, com uma nota pouco menor, ele ainda entraria num top 40 ou 50 meu... Mas eu não sei se eu faria um top 50 novamente.
Nota: 7,7
The Magician
O Angra é Power Metal, com suas principais inspirações
claramente sendo rastreadas até o Power/Speed alemão dos anos 80; mais
especificamente, e sem dar muitas voltas, vinculadas ao Helloween (como muitas
outras bandas que ascenderam “à fama” [pffff] na virada dos anos 90’s para os
anos 00’s). Embora, para os verdadeiros conhecedores, isso seja um fato
indiscutível, esse tipo de conclusão racional, baseado em um tracejamento da
linha reta entre os pontos “A” e “B”, incomoda bastante os artistas, por
colocar uma estampa restritiva em seus trabalhos. E por esse motivo o Angra,
como muitos outros, tentam – conscientemente ou não - ocultar esse fato, seja
por meio de opções líricas e semânticas, seja por enriquecimento da sonoridade através
de importação de outros gêneros às composições, ou com a incorporação de aspectos
culturais em suas músicas.
Só que não aqui. Em Temple of Shadows o Angra escancarou
suas referências primordiais, de forma mais clara do que até mesmo em seu debut
“Angel’s Cry”.
Em minha opinião as características onipresentes da bateria de
pedais incessantes e ritmo acelerado, somado às guitarras base e contrabaixo de
constante pontuação em semimínimas, carregam esse álbum ao posto de ‘o trabalho
mais power metal do Angra’ até aquele momento da carreira. Outros fatores
importantes corroboram com essa impressão...
O espetacular álbum anterior, ‘Rebirth’, que apesar de ser
sim power metal, exprimia toda a liberdade criativa cheia de exageros dos dois
guitarristas virtuoses (libertos do maestro/professor que colocava limites aos
seus ímpetos exibicionistas), e por causa disso, aquele álbum do Angra foi
redirecionado para um catálogo mais específico de metal progressivo e técnico,
com músicas lavradas em fraseados muito mais elaborados, escutados somente em,
por exemplo, trabalhos de guitarristas expoentes como J. Petrucci. Ao escutar
Rebirth, fica muito clara a existência de faixas ‘protagonistas’ independentes
uma das outras, sem o sentido de conclusão no conjunto das composições; ou
seja, a obra prima ‘Acid Rain’ não conversa de maneira alguma com ‘Heroes of
Sand’, ou muito menos com ‘Millenium Sun’. E em Temple of Shadows o trabalho da
banda foi construído na lógica inversa.
Nesta obra, as pautas se completam percorrendo a história do
cavaleiro “caçador das sombras”, logo, uma serve de prólogo para outra até a
conclusão do disco, e a sonoridade toda suporta essa ideia de álbum conceitual.
A mixagem do som equilibra guitarra, baixo e bateria, de forma quase uníssona,
e esse corpo sonoro (mais a ajuda providencial dos teclados) é coadjuvante dos
vocais na maior parte do tempo. A história e o orador são na verdade o cerne do
álbum, como ensinou Helloween nos primórdios do power metal alemão, enquanto as
partes instrumentais somente se projetam em momentos bem específicos das
composições.
Com essa essência, Temple of Shadows se apresenta como um
ótimo trabalho de nicho, com bastante técnica e qualidade, mas em claro
detrimento às grandes e memoráveis canções (talvez por isso o Trooper abriu mão
de escolher uma música ou mais como destaque). Todos os membros da banda estavam
engajados e em sintonia absoluta com o resultado final, e entregaram com
primazia suas partes, também sem nenhum destaque acima dos demais, que pode afinal
somente ser atribuído ao Edu, devido à proposta já mencionada do trabalho
(idealizado por Rafael). Ainda assim quero enfatizar a coerência na construção
de algumas composições que acredito ser dignas de atenção: “Wishing Well” (DNA
do Edu), “No Pain for the Dead” (cadência necessária no álbum) e “Winds of
Destination” (Power Metal ROOTS).
Nota 7,8 ou \m/\m/\m/\m/